Os Venenos da Coroa – Maurice Druon

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Quando eu tinha uns 14 anos, meu pai me levou numa livraria e duas coisas me chamaram a atenção: A Viajante do Tempo, da Diana Gabaldon e a série Os Reis Malditos, do Maurice Druon. Já tinha lido Cornwell, então eu era bastante apaixonada por romances históricos e eu quis muito ler estes livros. Na época, meu pai não quis me dar nem um nem outro, e fiquei “chupando dedo”. Mas quatro ou cinco anos depois consegui colocar minhas mãos em 5 dos 7 livros da série (e meu pai me deu 2, vai entender) e pude finalmente ler o livro que tanto me encantou.

A série trata de quatorze anos da História da França, começando com o assassinato do grão-mestre da Ordem dos Cavaleiros do Templo, Jacques de Molay, e termina, em 1928 com a coroação de Felipe VI. Parece spoiler, mas o fato é: isso já aconteceu. Eu ou você podemos não saber de alguns detalhes, mas a História não vai mudar. O que está escrito não pode mudar, podemos torcer, mas os fatos são aqueles, é como reler um livro querido: já sabemos o final, e por mais que torçamos, ele não tem como ser diferente. Os livros são belamente escritos, cheios de detalhes e de anotações e observações a mais escritas pelo autor. Todos têm um apêndice com Notas Históricas e um Repertório Biográfico, o primeiro acrescentando alguns detalhes à narrativa e o segundo apoiando a memória quando não se lembra exatamente quem é quem, mas cuidado! o Repertório Bibliográfico conta toda a vida das personagens, inclusive o que ainda está por vir na série.

O terceiro livro, Os Venenos da Coroa, começa bem onde o segundo acabou: o Rei Luis X conseguiu, finalmente, se livrar da esposa infiel e aguarda ansiosamente pela chegada de Clemência de Hungria, sua nova rainha. No entanto, antes de sua noiva chegar, o Cabeçudo lança o país numa guerra contra Flandres, cujo governante não o reconhece como soberano. Além disso, Mahaut, condessa de Artois e seu sobrinho Robert d’Artois disputam o poder do condado de Artois. Enquanto Mahaut tem o apoio do genro, Felipe de Poitiers, irmão do rei, Robert tem o apoio de sua influência sobre o próprio rei. Há também o drama de outras personagens, tais como o banqueiro Guccio e sua amada, Maria, filha da nobreza.

O clima de suspense (para quem é leigo na História da França) começa quando um vidente prediz que Luis irá morrer antes de ver seu filho nascer. Isso nos deixa tensos o livro inteiro, pensando: como? quando? quem? E o final do livro dá um gancho perfeito para o próximo, com uma simples frase: Os destinos da França corriam por aquelas estradas. Fiquei desesperada para começar o próximo!

Acredito que a série Os Reis Malditos seja pioneira no gênero romance histórico no sentido de que o autor relata muito mais do que narra os acontecimentos. Ele não os enche de prosa desnecessária, embora os embeleze. Não é como Bernard Cornwell ou Conn Iggulden que, por mais que sejam baseados totalmente no acontecimento, sempre têm que dar um passo ou outro fora da linha para dar mais emoção à trama, e torná-la mais fluida. Nesta série, a impressão que se tem é que o autor pegou o diário de algumas personagens e contou o que eles escreveram.

O trecho abaixo me impressionou muito. É o autor dando o parecer dele sobre a atitude da personagem, é o jeito que ele torna a trama mais interessante (ao invés de mudar um detalhe ou outro, ele comenta, opina e filosofa).

Há uma espécie de homens – de homens jovens sobretudo – que se comportam instintivamente de forma a justificar o que se espera deles. Se são olhados com olhos de desprezo, existem todas as chances para que se comportem de maneira desprezível. Se, ao contrário, sentem a estima e a confiança, superam a si mesmos e, mesmo morrendo de medo, como todos os outros, são capazes de agir como heróis.

Se você gosta de romances históricos, este é um dos mais cativantes que eu já li. É meio difícil se acostumar ao linguajar rebuscado que as personagens usam, mas nada que torne a leitura insuportável, rapidamente se acostuma. Quero ler os próximos!

–> Agora eu estou lendo um livro da Philippa Gregory: O Bobo da Corte. Mas depois dele, não sei o que fazer. Help me votando na enquete:

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7 Comentários

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7 Respostas para “Os Venenos da Coroa – Maurice Druon

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  2. Fábio

    O fato de você não ter lido os dois últimos é porquê você não os tem disponíveis e existem outros livros na fila ou algum outro motivo?

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