Quando o livro Pequena Abelha foi lançado o foi com estardalhaço, mas um estardalhaço que ao mesmo tempo era barulhento e não entregava nada. Pegue o livro, leia a contracapa e suas orelhas, nada ali entrega sobre o que ele trata, tudo o que sabemos do livro é isto:
“Esta é a história de duas mulheres cujas vidas se chocam num dia fatídico. Então, uma delas precisa tomar uma decisão terrível, daquela que, esperamos, você nunca tenha de enfrentar. Dois anos mais tarde, elas se reencontram. E tudo começa…”
Quem são essas duas mulheres? O que elas fazem? Onde elas se encontram? Nada disso nos é revelado. Não vejo razão para não contar do que a história trata. Porque não falar que é a história de uma refugiada nigeriana (Abelhinha) que por um acaso do destino conheceu um casal inglês em uma praia da Nigéria e que dois anos depois se tem um reencontro? Saber isso não tira o brilho da história ou a vontade de ler o livro, além disso, também não provoca expectativas em demasia. Expectativas demais não fazem bem, esperar diamantes lapidados em vez de brutos não confere mais brilho a história, só causa frustração caso suas expectativas não sejam atendidas. É uma estratégia perigosa, um tiro que pode sair pela culatra.
Quando comecei a ler o livro já estava vacinada, já havia lido opiniões que falavam sobre essa “venda exagerada do produto”, li Pequena Abelha sem esperar diamantes lapidados, narrativas impressionantes ou êxtases literários. Não esperava ser surpreendida pela narrativa de Cleave (de fato não o fui) e talvez seja por isso que a beleza de sua narrativa (ainda que não seja surpreendente) tenha me cativado. A maneira como ele dividiu sua narrativa entre as duas personagens principais, de forma alternada, mas principalmente a parte que cabe a Abelhinha contar: a comparação entre os dois mundos, de onde ela fugiu e para onde ela foi; a luta pela sobrevivência, a busca pela adaptação…
“Desculpem-me por aprender a falar direito sua língua. Estou aqui para contar uma história verdadeira. Não vim para conversar sobre as cores vibrantes da África…”
É assim que Abelhinha começa a sua história e em sua história verdadeira há outros personagens: Sarah, a outra mulher; Andrew, seu marido; e Charlie, o filho do casal que vive fantasiado de Batman.
Cleave escreveu seu livro optando por uma narrativa sob o ponto de vista de duas mulheres e o fez muito bem. Cada parte da narrativa incorpora bem as características de cada personagem. É possível reconhecer Abelhinha e Sarah em seus relatos. Ele também não segue uma linearidade temporal, somos lançados do presente ao passado e de volta ao presente constantemente. Por fim cabe dizer que a história de Abelhinha não é um diamante lapidado, mas sim bruto como a história que nos é contada, a história de uma refugiada que só quer garantir o seu direito à vida. O tema abordado traz informações sobre o sistema de asilo político, nos faz refletir sobre a dificuldade de se “construir” uma nova vida e nos deixa na torcida para que essa “construção” seja permitida, talvez seja esta a maior contribuição da obra de Cleave.
“[…]Você sabe o que é paz, Charlie?
(…)
– Paz é quando as pessoas podem contar umas às outras seus nomes de verdade.”
Compre aqui:
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Oi!
Eu também me impressionei muito com Pequena Abelha! Chorei e ri muito com Yevette! rsrs
Beijos!
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Oi Thaís!
Ela é muito engraçada mesmo. A única coisa que não gostei foi o marketing que fizeram para divulgar o livro, muito exagerado. O livro é bom mas não é para tanto.
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Olá!
Puxa, esse livro deve ser muito bom! Ainda não tive oportunidade de tê-lo em mãos, mas pretendo fazê-lo em breve.
Abraços e sucesso!
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Ah Núbia, me senti como tu sobre este livro, ele não faz jus ao estardalhaço do lançamento, e confesso que isso influenciou e muito a minha leitura, me joguei no livro expectativas bastante baixa e isos foi ótimo porque de maneira nenhuma o livro me surpreendeu. Achei a tua resenha e a da Anica as mais honestas que li sobre esse livro.
estrelinhas coloridas…
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