Gone – Desaparecer (Lisa McMann)

Atenção: Esta resenha comenta os acontecimentos do terceiro e último volume da série Wake e pode conter spoilers, ou seja, revelar parte do enredo do livro anterior. Para ler as resenhas que fiz sobre os livros anteriores da série, clique  aqui e aqui.

Se em Fade McMann nos mostra como o dom de Jane pode ajudar à desvendar crimes e quais são as conseqüências do uso do seu dom. Em Gone, bem, no último livro da trilogia esse lado heroína que tem um poder e que ajuda a polícia é deixado de lado, o que é uma pena para os que gostam de um romance policial. Eu mesma, ao iniciar a leitura não fiquei muito contente com o rumo que a história parecia tomar. Afinal, a autora inicia a série com a dificuldade de Jane em “acostumar-se” (se é que isso um dia pode acontecer) com o seu dom, uma garota sem confiança, com poucos amigos, isolada. No segundo livro temos uma Jane bem mais confiante, alegre até e que passa a enxergar seu dom como uma forma de ajudar a sociedade, auxiliando a polícia. Em Gone, nos encontramos novamente com aquela garota insegura do primeiro livro, é verdade que saber sobre o que o futuro lhe reserva foi um baque e tanto, mas como fica o aprendizado das experiências que ela passou? Não valeram de nada? A sensação que tive era que a autora estava subestimando a personagem ao agir assim, mas depois entendi que ao deixar de lado a face criminalística da obra e se aprofundar no psicológico de Janie, McMann nos permitiu um maior contato com sua protagonista e nos deixou claro como esse dom influenciou e influenciará a vida da garota.  No fim, era disso que a trilogia tratava. A vida de uma jovem apanhadora de sonhos…

A protagonista está repleta de dilemas e preocupações: a agonia de ter que prestar depoimento no julgamento dos professores que ajudou prender, a preocupação com seu futuro duvidoso e seus problemas de relacionamento com Cabel, que está tendo pesadelos consecutivos envolvendo Jane e seu futuro como apanhadora de sonhos, sonhos que estão destruindo a garota…

“Agora que a bagunça diminuiu, as coisas estão difíceis. Voltar a seu rumo de novo e encarar a realidade de um futuro como cega e aleijada… é difícil. Ter uma mãe bêbada, isso também é difícil. Pensar na faculdade, onde as pessoas estão dormindo por toda a parte… e em um namorado, com dúvidas e medos que só vêm à tona em seus sonhos. A vida em geral… é. Tudo isso.

Realmente.

Tremendamente.

Difícil.”

Como falei, o lado psicológico do romance ganha forças e para isso McMann faz algo que senti muita falta no segundo livro, ela retoma seus personagens, dá mais voz a alguns e não se restringe apenas ao casal principal. Assim, vemos a relação de Carrie e Jane ‘renascer’, sua relação com a Capitã alçar vôos, seus problemas com a mãe ficarem mais aparentes e para coroar o aparecimento de uma pessoa inesperada em sua vida torna-se a chave para que a escolha que Jane tanto posterga seja feita. Aliás, cabe comentar que ao acompanhar o dilema de Jane acabei no dilema junto com a protagonista, em alguns momentos torcia para que ela assumisse de vez sua ‘função’ de apanhadora de sonhos, em outros para que ela deixasse tudo para trás, fiquei nesse dilema até o fim. Falando sobre a série como um todo, a história começou morna, tomou forma na metade do primeiro livro, ficou muito mais ágil e mais interessante no segundo livro e encerra-se de forma satisfatória. Recomendo para aqueles que gostam de um romance juvenil com um toque sobrenatural, mas que já estão cansados de criaturas da noite e seres alados.

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