Podem dizer o que quiserem, mas o papel da mãe de manter o núcleo familiar é inegável (ainda que não seja regra é bom frisar) e há vários exemplos na literatura que perpetuam a assertiva anterior. Em A Pirâmide Vermelha não é diferente, com a morte da mãe, os Kane deixaram de existir como uma família propriamente dita. Carter Kane tem 14 anos e viaja o mundo com o pai, o egiptólogo Dr. Julius Kane, o garoto não freqüenta uma escola e não tem um lugar que possa chamar de lar. Sua casa? Uma mala. Sua escola? Além dos ensinamentos do pai, os livros são seus companheiros. Sadie, sua irmã mais nova vive com os avós maternos em Londres, leva uma vida normal se é que pode ser chamada de normal uma vida longe do convívio com o pai e o irmão, uma vida em que visitas paternas estão relegadas a dois dias do ano e nada mais. Será que é possível viverem como uma “família normal” novamente? Isso parece ser os planos do Dr. Kane, mas algo dá tremendamente errado e o egiptólogo provoca um acidente no British Museum, no qual acaba desaparecendo. Ao mesmo tempo, uma criatura foi invocada. O que o Dr. Kane pretendia? Que criatura é essa? A criatura tentou atacar as crianças, mas não conseguiu o que elas tem de especial? Porque Sadie consegue ler hieróglifos sem nunca ter estudado-os antes? Quem é Amós? O que aconteceu com o Dr. Kane? Carter e Sadie conseguirão ver seu pai novamente?
É com essa imensidão de questões, que Riordan nos apresenta sua nova série. Só que dessa vez ele deixa o Olimpo e suas colunas dóricas, jônicas e coríntias de lado para se dedicar ao Duat e suas pirâmides. Somos convidados a desbravar a história egípcia e a aprender um pouco mais sobre este povo e sua mitologia.
“- Os deuses não pensam nos relacionamentos como os humanos. Seus hospedeiros são só trocas de roupa. Por isso as histórias antigas, parecem tão confusas. Às vezes, os deuses são descritos como casados, ou irmãos, ou pais e filhos, dependendo de seus hospedeiros. O próprio faraó era chamado de deus vivo. Os egiptólogos acreditam que tudo isso era só uma gigantesca propaganda, mas o fato é que era literalmente verdade. Os faraós mais importantes se tornaram hospedeiros de deuses, normalmente de Hórus. Ele conferia poder e sabedoria aos governantes e os fez transformar o Egito em um império poderoso.”
Só posso dizer que adorei a mudança, apesar de gostar de mitologia grega, sempre tive uma preferência pela mitologia egípcia e sim, se por acaso você associou essa preferência ao fato do nome de quem vos escreve ter raízes naquela região (Núbia) você associou corretamente. O fato é que adorei ler sobre Hórus, Rá e Osíris para variar, e diferentemente do que aconteceu com a série do Percy Jackson a série dos Kane já me cativou desde o primeiro livro e isto se deve em grande parte ao fato do autor não ter se restringido apenas aos EUA em sua narrativa. Não que eu não tenha gostado de acompanhar as aventuras do Percy em Nova Iorque, aliás, genial o Riordan utilizar-se de easter eggs, fez suas obras “conversarem” de uma maneira bem criativa ainda que nas entrelinhas. Mas, foi bom visitar novos países para variar e foi bom saber que a morada dos deuses é um lugar sem localidade fixa, sou só eu que acho estranho um lugar divino estar alocado em uma construção humana? Prefiro algo mais insubstancial e não localizável, pelo fato de estar presente em todos os lugares ao mesmo tempo. Riordan preencheu todos esses requisitos em sua nova série.
O autor também me conquistou com a estratégia que ele optou para narrar sua história. Nós não temos apenas um narrador, Carter e Sadie se revezam na tarefa. Essa estratégia é bem interessante, pois ao mesmo tempo em que a história nos é revelada temos a chance de conhecer cada um dos protagonistas melhor, conhecendo os pensamentos íntimos de Carter e Sadie é impossível não sermos cativados pelas personagens. Além disso, a narrativa como bem salientada por Riordan em seu aviso no início do livro é uma transcrição de um áudio gravado pelos jovens Kane, com direito à comentários e discussões em off de Carter e Sadie, o que garante momentos divertidos durante a leitura e nos permite acompanhar o desenvolvimento da relação dos dois, de inexistente, à repleta de brigas e depois regada a respeito e compreensão, ainda que com as brincadeiras e “tiradas” que só irmãos fazem entre si.
Enfim, A Pirâmide Vermelha é um livro que recomendo a todos que gostam de uma boa aventura à Indiana Jones, que gostam de história e que curtem mitologia, o livro tem tudo isso e mais um pouco. Prepare-se para viajar pela riqueza de detalhes com que Riordan nos presenteia, ele foi menos parcimonioso desta vez. O Egito nos é apresentado com todas suas cores e matizes, contudo, a narrativa não perde o ritmo frenético característico das obras do autor e as reviravoltas que ele tanto adora. Quanto ao final, digamos que a minha “conversa” com os Kane está apenas começando.
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