Linhas (Sophia Bennett)

Quem me conhece sabe que eu não dispenso uma boa leitura juvenil e não só romances YA, mas também aqueles direcionados a um público mais jovem. Gosto da leveza e da agilidade que as histórias direcionadas a este público possuem, se a história é bem escrita e o enredo é interessante as horas de diversão durante a leitura são certas. Foi esperando isso que comecei a leitura de Linhas e fui surpreendida, pois Sophia Bennett optou por incluir em sua trama um assunto que alguns podem achar um tanto árido para os mais jovens. Mas ela o fez com muita sensibilidade, não com o objetivo de chocar, mas de conscientizar. Eis mais uma série que me cativou.

Nonie adora o mundo da moda, tem um olho crítico para o vestuário, é ótima em reconhecer o trabalho dos fotógrafos da área, sabe que nasceu para trabalhar neste mundo, mas é uma negação em desenho e suas criações não saem do plano mental.

Jenny ganhou um papel em um filme de Hollywood e os tapetes vermelhos da vida só são uma pequena parte de suas tarefas do momento.

Edie quer salvar o mundo, é a certinha, a inteligente (ou o geniozinho como Nonie gosta de falar) do trio, aquela que faz trabalhos voluntários, quer cursar Harvard e trabalhar na ONU. E é por causa de seus trabalhos voluntários que conhecemos a outra protagonista desta história, Edie está ajudando uma menina de 12 anos que é disléxica, uma menina que…

“… usa uma jardineira de algodão azul rodeada por um imenso tutu cor-de-rosa e, preso aos ombros um par de asas de fada Pink bastante surrado. Como toque final usa uma boina azul-celeste de crochê enfeitada com contas e pérolas falsas.”

A menininha é Crow e acontece que ela tem um talento nato para a moda, mas também sofre bullying na escola. Edie fica muito indignada com a situação e decide ajudá-la, e é claro que Nonie e Jenny não ficarão de fora. E se Edie é a atual responsável por ajudar Crow a desenvolver sua leitura, será Nonie a responsável por fazer desabrochar o talento da garota, afinal, com apenas 12 anos Crow seria um sucesso na melhor escola de artes de Londres. Uma história que aparentemente teria tudo para ser fútil por girar em torno do mundo fashion (não que essa seja a minha opinião) ganha profundidade com o desenrolar da trama. Em meio a náilons, cetins e algodão a realidade das “Crianças Invisíveis” é tecida e não é uma estampa bonita.

Crow foi morar em Londres com a tia para fugir da guerra civil que assola seu país, a Uganda. É uma criança invisível, crianças que perderam seu lar por causa da guerra, muitas separadas de suas famílias. Mas, mais do que isso a menina guarda uma grande dor, uma dor que será a força motriz dos esforços conjuntos das garotas para fazer do mundo um lugar melhor.

“- Em meu país, as pessoas não têm casas. Todos os dias, meu pai enterra alguém que morreu de AIDS. Não conseguem cultivar alimentos. Victoria não tem uma escola de verdade para freqüentar. Papai dá aulas a crianças sentadas em círculo no chão…”

Uma estratégia bem comum atualmente nos livros com mais de uma protagonista, é dividir entre as personagens a narração da história. Estratégia que te permite conhecê-las melhor e contribui para aumentar a empatia do leitor com as personagens. Esperava algo neste estilo quando comecei a ler linhas, mas Bennett não segue por este caminho, quem nos narra os acontecimentos de Linhas é somente Nonie. Temos a chance de conhecê-la melhor,  mas todas as outras personagens nos são apresentadas sob sua ótica. Confesso que esperava um contato maior com Edie e Jenny, mas como é uma série fico na torcida para que um revezamento de narradoras ocorra. Apesar disso, não posso negar que Nonie é uma ótima narradora e que suas observações hilárias tornam muito mais divertido o acompanhar da história. A leitura é ágil e é possível imaginar um filme lendo o livro, aliás, ele daria um ótimo filme!

Durante a leitura percebi alguns errinhos de tradução/revisão, mas nada que afete o bom andamento e a beleza da história. Beleza que não se traduz só em roupas e acessórios, mas também em gestos de amizade, consideração com o próximo e esperança.

“Coisas ruins acontecem, mas de vez em quando milagres também podem acontecer.”

Para quem ficou curioso sobre as “Crianças Invísiveis” eis o site oficial: www.invisiblechildren.com

Para saber mais sobre a série: www.serielinhas.com.br

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