Uma história de fadas ao avesso, se bem que fadas e Alice são palavras que não combinam na mesma frase. É difícil acreditar em finais felizes quando a crueldade e a indiferença humana são esfregadas na sua cara. O que Elizabeth Scott nos apresenta é uma história que provoca incômodo, que nos deixa com um gosto amargo na boca e com medo. Medo de que a indiferença esteja ajudando a criar muitas Alices por aí.
Em Menina Morta-Viva conhecemos a história de Alice, uma garota de 15 anos que foi seqüestrada há cinco por Ray e que desde então sofre abusos intermináveis. Esse homem (que não merece ser denominado assim) faz todo tipo de terror psicológico, é asqueroso, é nojento e é impossível não sentir repulsa por suas ações. Aliás, prepare-se para este sentimento, ele será seu companheiro ao longo da leitura deste livro.
A crueldade de que se é capaz é escancarada, destrinchada, mastigada e tudo que você pode fazer é torcer para que ela tenha um fim. Assim, como Alice, você torce para chegar ao fim da narrativa e ser livre, de um jeito ou de outro. Será que o sofrimento é desculpa para impingir o mesmo a outra pessoa? Sofrer te dá passe livre para fazer outrem sofrer? Essas são questões que sempre estão presentes quando alguma tragédia nos é mostrada nos noticiários. E são questões que Scott deixa nas entrelinhas para refletirmos. Vivenciando a dor de Alice, à qual é proibido até o uso de seu verdadeiro nome, só podemos torcer para não nos acostumarmos. Não se acostumar com a crueldade, não se acostumar com a indiferença…
“A verdade é que a gente se acostuma a qualquer coisa. Você pode achar que não, ter vontade de morrer, mas não morre. Não consegue. Simplesmente vai levando.”
Que isso não seja sempre verdade…
PS: O texto de Scott é de uma delicadeza singular, mesmo descrevendo tanta tragédia e o ótimo trabalho de tradução de Ronaldo Passarinho manteve essa característica. Sem dúvida nenhuma Menina Morta-Viva é um dos melhores livros, dentre os já publicados pela Editora Underwolrd.
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Ei Núbia,
Nossa viajei total, sempre que vejo a capa acho que é aquele Winkie, ou algo assim, da Record rsrsrs.
Gostei muita da resenha, fiquei com vontade de ler, mas tenho medo de sofrer demais pq meu coração é uma manteiga para livros assim.
bjoo
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lol, eu não conhecia esse livro Winkie, fui atrás e parece ser bem diferente.
O livro faz a gente sofrer sim, mas a sensibilidade com que a autora escreve é tanta que de certa forma nos faz sofrer, mas trata da dor também. Mas, ainda bem que o livro é curto (menos de 200 páginas) porque não sei se aguentaria uma imersão mais prolongada na história de Alice. Se algum tomar coragem, prepare-se para sentir revolta e sofrer pela personagem.
=**
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Li em apenas um dia, uma leitura que te prende, pois, você fica torcendo o melhor para Alice a qualquer custo. Você sente empatia, tristeza, angustia, quer que acabe logo o sofrimento dela, que enfim ela possa ter seu conto de fadas. Recomendo a todos de coracao formte.
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O fato do livro ser curtinho é ótimo nesse caso, mais um pouco de imersão na história de Alice e a tristeza atingiria níveis insuportáveis.
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