Questões do Coração – Emily Giffin

De vez em quando eu gosto de me entregar a livros sem propósito, que me chamaram a atenção por motivos bobos como a capa ou o título. Este se destacou porque as personagens são “parentes”: Tessa e Nick RUSSO! Alguns primos perdidos na minha árvore genealógica.

A história de Tessa e Nick começa na noite em que comemoram sete anos de casados. Nick é um cirurgião plástico renomado e é chamado para uma emergência no meio do jantar. Tessa, uma mulher forte e acostumada às prioridades que os médicos devem dar, não liga e volta para casa, com o jantar embrulhado.

Charlie Anderson estava na casa de um amigo, em sua festa de aniversário quando, por acidente, queima seriamente seu rosto e mão em uma fogueira. É ele o paciente que Nick foi atender. A mãe de Charlie, Valerie, é uma advogada bem sucedida, que luta para ser tanto mãe e pai de Charle. Desde a primeira página sabemos onde o livro vai nos levar: Valerie e Nick se apaixonam.

A história de como os dois se rendem à atração e o que acontece depois é, simultaneamente, absurda e incrível. Quem já viveu a situação de sentir atração por alguém e ver este sentimento evoluir para algo mais poderá imaginar o que a autora descreveu. É absurdo em parte por ser previsível demais e em parte porque odiamos Nick por ser fraco e se deixar levar por este caminho (e porque a maior parte das pessoas, eu incluida, odeiam traição). E é incrível pela maneira com que os fatos foram descritos, pela narrativa, que impressiona por ser tão fiel à vida real.

O livro é narrado sob o ponto de vista de Tessa e Valerie, que alternam a narrativa a cada capítulo. Isso torna a narrativa mais completa, uma vez que vemos como as ações de uma afetam a vida da outra, e compreendemos melhor o que acontece “por trás das câmeras”, já que nenhuma narradora é oniciente.

Ainda estou para ler um livro em que as pessoas descritas são tão reais. As falhas e virtudes descritas, assim como os pensamentos e ações, são mais do que verossímeis (pré-requisito psicológico para acharmos qualquer história envolvente). Se me dissessem que Emily Giffin viveu esta história, eu não duvidaria, de tão fiel. A autora não escreveu os sentimentos vividos pelas personagens: ela os dissecou. Foi o que mais me pegou de surpresa neste livro.

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