A obra foi lançada em 1962 e rendeu umas das adaptações cinematográficas mais conhecidas da cultura pop em 1971 sob direção de Stanley Kubrick. Ganhou uma nova edição brasileira em 2004 pela Editora Aleph com tradução de Fábio Fernandes. Essa edição conta com um ótimo prefácio escrito pelo tradutor, trazendo as principais características dos textos de Burgess, suas obras e curiosidades sobre sua vida. A versão brasileira também conta com um glossário do linguajar utilizado por Alex e sua gangue, o nadsat. Mas, o tradutor avisa que há duas escolhas: ler o glossário antes de começar a história para compreender mais rápido a mecânica do texto ou ir direto para a história e experimentar a sensação de estranhamento imaginada pelo autor.
Mais que skorre segui o soviete de Burgess. Demorei para kopatar as slovos, mas quando nachinei foi horrorshow!
Entendeu a frase aí em cima? Essa foi só uma amostra da sensação de wtf que senti ao começar a leitura, sim eu decidi aproveitar a obra em seu original (e recomendo fortemente que façam isso também) e só fui me divertir com o dicionário depois de terminada a leitura. Como resultado no início a leitura seguiu aos trancos e barrancos, como à tudo que é muito novo e desconhecido demorei a me adaptar, mas depois que as palavras começaram a fazer sentido a leitura fluiu, que torno a repetir foi horrorshow. Mas, falando sobre o que é Laranja Mecânica…
Em uma Londres futurista e decadente, Alex e sua gangue de amigos Georgie, Pete e Tosko vivem praticando assaltos, espancamentos e estupros em ações ultraviolentas. Até que um dia uma ação errada ocasionou a morte de uma pessoa. Alex foi preso e para sair da prisão aceita ser cobaia de um experimento social pavloviano, a nova Técnica de Recuperação proposta pelo governo. O rapaz acha que vai ser dar bem, que conseguirá burlar o bendito tratamento e assim ganhar a tal sonhada liberdade, mas não sabe o que o espera. No fim o que temos é um Alex “robotizado” para o bem, sem a possibilidade (na verdade o direito) de fazer uma escolha ética por si próprio.
“Você pecou, suponho, mas seu castigo foi além de qualquer proporção. Eles transformaram você em alguma coisa que não um ser humano. Você não tem mais o poder de decisão. Você está comprometido com atos socialmente aceitáveis, uma maquininha capaz de fazer somente o bem.”
Burgess traz uma estrutura narrativa em primeira pessoa, com Alex (narrador onisciente) compartilhando sua história pregressa. Seu protagonista é um paradoxo ambulante, adepto fervoroso da ultraviolência e ao mesmo tempo grande admirador da música clássica, aliás, tira de Bethoven, Bach e companhia o combustível para dar cabo aos seus planos maldosos. A história é dividida em três partes com sete capítulos, cada parte fechando um ciclo da vida de Alex, marcando o desenrolar de sua adolescência, a estase forçada de suas atividades e o entrar para a vida adulta e as mudanças que isso provocou no rapaz. Mas mais do que a narração das desventuras de Alex em um futuro sombrio (que infelizmente é muito próximo do qual vivenciamos atualmente), Burgess critica a violência cada vez mais inerente à sociedade e às políticas governamentais incompetentes para lidar com ela. O livro foi eleito com um dos cem melhores romances de língua inglesa do século XX pela revista Time e não foi à toa, afinal foi escrito em 1962, mas continua tão atual ou se tornou mais atual e real em nossos tempos, que é impossível passar insensível a ele.
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