A Vila é um lugar onde sempre é noite e vive sobre a rígida Lei dos Anciãos, lei essa que determina que a cada seis meses um navio deve partir para o Além-Mar, navios esses que nunca retornam…
É sob a ótica de Martin, um garoto de 14 anos, que conhecemos a história. Ele ficou órfão há seis meses, quando o pai embarcou em um desses navios. O garoto vive atormentado por perguntas sobre o regime Ancião e tem como companheiros de indagações o melhor amigo Omar e a garota de seus sonhos Maya. Além disso, os três também partilham uma paixão: os livros. São esses os fatos que Roberto Campos Pellanda nos conta sobre seu livro no Prefácio de apresentação e ele soube vender sua obra muito bem, eu que já estava curiosa sobre o enredo de Noite Sem Fim fiquei ainda com mais vontade de iniciar a leitura.
“- É verdade. Ainda somos um grupo, Martin. Um grupo clandestino de pessoas que querem ver todos os livros liberados na Vila e que gostariam de discutir a Lei Anciã. Ainda existem pessoas como o seu pai lá fora.”
A Vila é o típico mundo distópico. Para começar, os cidadãos estão confinados à ela, vivem aterrorizados com os limites marítimos, lar de criaturas selvagens que ocasionalmente visitam a Vila espalhando o terror, e o responsável por levar para longe seus entes amados, e por outro lado temos as fronteiras terrestres, ultrapassar a cerca é crime severo e os que já o fizeram experimentam sensações alucinantes. O sistema político também é dos mais severos, atende os interesses de uma minoria que usa artifícios antigos para exercer seu poder usurpador, poda qualquer tentativa reacionária e transforma o poder do conhecimento em algo criminoso.
“A medida era chocante. Quem seria ele se não tivesse lido todos os livros que havia lido ao longo da vida?”
Desde que seu pai partira e Martin está condenado a viver com o tio e o primo que não gostam dele, o garoto vive descontente com a situação que a Vila enfrenta, com as leis severas dos Anciãos e com as injustiças provocadas contra aqueles que não pertencem ao grupo dominante. E junto com os amigos ele começa a buscar por respostas às suas inquietudes, descortinando para o leitor uma série de personagens folclóricos e excêntricos, que tiveram no passado uma relação estreita com seu pai. Eles também se deparam com misteriosos livros (proibidos pelo regime) que falam sobre ciência, política, história e suscitam ainda mais questionamentos nos garotos. Questionamentos que os colocam em sérios perigos… Qual o grande segredo Ancião? Que fenômeno misterioso é esse que faz a Vila estar condenada eternamente à noite escura?
Literatura juvenil envolvendo o amor pelos livros, a luta pela liberdade, política, ficção fantástica e científica… e com ótimos personagens: um protagonista cativante, com amigos igualmente cativantes e antagonistas no sentido estrito da palavra, maus e asquerosos. E ainda que o clichê garoto órfão com uma cicatriz ocasionada por um passado traumático e que desperta o interesse dos que estão no poder, seja utilizado, o enredo criado por Pellanda é bastante envolvente. Só tenho ressalvas quanto ao trabalho de diagramação que deixa a desejar em alguns momentos, como por exemplo, nas citações que encerram a primeira parte do livro. Elas são apresentadas na mesma fonte e estilo do resto do texto, o que deixou tudo muito confuso. Umas aspas e uma grafia em itálico fariam toda diferença. Mas, tirando isso Noite Sem Fim é uma leitura que recomendo à todos que curtem um bom romance juvenil, vale a pena dar uma chance às aventuras de Martin. Não vejo a hora de saber como essa história irá terminar, a boa notícia é que a continuação e conclusão dessa história não tarda a ser publicada: logo mais O Primeiro Amanhecer já estará por aí.
Quer ter um gostinho da história? Leia um trecho aqui.
Para saber mais sobre a série Além-Mar e o autor acessem: www.robertopellanda.com.br
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