Atenção, esta resenha trata dos acontecimentos do último livro da trilogia Maze Runner e pode haver spoilers (evitados ao máximo) sobre fatos dos livros anteriores. Para saber o que eu achei dos outros livros, confira os links no final desta resenha.
No primeiro livro da trilogia Maze Runner nos deparamos com um experimento maluco que parecia ter por único objetivo apenas eliminar os fracos e desvalidos (e muitas vezes com requintes de crueldade), mas o que parecia ser apenas um típico terror psicológico ganhou ares de distopia e o experimento mostrou-se como sendo parte de algo maior para encontrar-se a cura para a temível doença que está devastando a Terra. A segunda fase do experimento que prometia a Cura para o Fulgor foi completada, mas os objetivos do CRUEL estão longe de serem alcançados.
“Poderíamos ter detido a disseminação da doença, em vez de canalizar recursos para curá-la. Mas o CRUEL sugou todo o nosso dinheiro e as melhores pessoas que tínhamos disponíveis. E não é só: deram-nos falsas esperanças; ninguém tomou as precauções devidas. Pensaram que, no fim, uma cura mágica os salvaria. Mas, se esperarmos um segundo a mais, não haverá ninguém para ser salvo.”
Como salientado no trecho acima, a busca por uma cura, acabou se tornando um objetivo utópico e ufanista, os cientista perderam-se em seus desejos e a instituição que surgiu para combater a doença e garantir a persistência da vida humana, acabou contribuindo para acelerar a contaminação de todos. A história pode até ter ares de Apocalipse, afinal as tempestades solares foram eventos que não puderam ser evitados e que desolaram grandes porções de terra. Mas, o terror impingido pelo Fulgor é obra humana. O vírus não chegou a terra com as tempestades solares, ele já existia aqui e foi libertado pela irresponsabilidade e o egocentrismo de alguns de acharem-se no direito de comandar e modificar eventos que influenciariam a vida de todos. A Terra está cada vez mais destruída e a salvação cada vez mais longe e é com esse sentimento de derrota que somos confrontados durante toda a narrativa do último volume da trilogia. Assim como os Clareanos fomos enganados pelo CRUEL e levados a achar que todo sofrimento teria fim e que a cura poderia ser alcançada, mas as vítimas do Fulgor são cada vez mais numerosas e o martírio de lidar com ela tão mais próximo e doloroso, que correr de alguns Verdugos parece ser em alguns momentos uma batalha muito menos estafante.
Dashner encerra sua trama de forma satisfatória. O autor soube fazer uso de reviravoltas na trama que mesmo descobertas antecipadamente em alguns momentos, não perderam o brilho e carregou a história com um ritmo frenético, sem torná-la cansativa ou tão cheia de fatos que acabassem por distrair o leitor. Suas descrições foram na medida certa, ele conseguiu transmitir com acurácia as situações vividas pelos personagens de forma clara e concisa, mas sem ser superficial. Pode se dizer que se trata em essência, de uma trilogia cinematográfica, Dashner conseguiu projetar na imaginação do leitor todas as agruras vividas pelos humanos dessa terra devastada, cada traição, cada confronto, cada morte (bem frequentes por sinal e algumas bem difíceis de engolir), mas também as relações de amizade e a esperança da existência de um lugar sem o terror provocado pelo Fulgor. Após terminar a trilogia, fiquei ainda mais curiosa para acompanhá-la nas telonas. Qualidade a história tem, vamos torcer para que os roteiristas consigam fazer uma boa adaptação.
PS1: James Dashner decidiu compartilhar com os leitores o background que criou quando estava escrevendo a trilogia. Foi assim que surgiu a prequência The Kill Order, que traz detalhes da situação da Terra logo após as tempestades solares e o surgimento das primeiras vítimas do Fulgor. O livro foi publicado em agosto do ano passado e espero que a V&R não demore a publicá-lo aqui também.
PS2: Dashner também disponibilizou um conto sobre a primeira memória que Thomas tem sobre o Fulgor. Thomas’s First Memory of the Flare está disponível no site Books-A-Million. Leia aqui.
Conheça a trilogia Maze Runner
- Correr ou Morrer [Skoob][Goodreads][Resenha]
- Prova de Fogo [Skoob][Goodreads][Resenha]
- A Cura Mortal [Skoob][Goodreads]
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[Spoiler]
Acho que a pior morte, neste livro foi do Newt, nesse caso prefiro que no roteiro de produção do filme eles excluam essa parte… Mas cada luta, ação que Dashner descreveu foram ótimas para a imaginação do leitor… E o final excelente sem perder o contexto da história, gostei muito *-*
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A do Newt e a do Chuck foram as duas que mais senti. Sem dúvidas a do Newt por todo o horror que o Fulgor provoca e pela relação de amizade já bem longa com o Thomas foi bem difícil de engolir. Mas, a do Chuck, apesar de ser lá no começo, também traz uma carga muito triste, ainda havia esperança lá no início de que a fuga do labirinto pudesse representar a salvação deles e a morte do Chuck de certa forma reforça a ideia de que não é bem assim e que muito sofrimento ainda lhes fora reservado.
Mas, falando do filme, acho pouco provável que eles excluam essa parte. Ela é essencial demais na trama para eles deixarem passar.
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