First Light (Rebecca Stead)

First light

No Ártico, a casa de um importante filantropo teve que ser demolida por causa do derretimento da camada de gelo na qual foi construída. Isso é o que basta para que ele conceda fundos para uma universidade americana estudar os efeitos do aquecimento global nessa imensidão branca.  É assim que o garoto Peter se vê deixando Nova York junto com a mãe para acompanhar o seu pai, o glaciólogo Dr. Gregory Solemn à Groelândia.

Na Groelândia, ou para ser mais específica, no subsolo há Gracehope. O submundo do gelo idealizado por Grace. Uma comunidade sob o gelo fundada por antigos colonos ingleses, que encontraram ali um local seguro para desenvolver as “estranhas habilidades” que possuem. Nesse mundo secreto vive Thea, uma garota que sonha em ver a luz do sol e que quer levar adiante o sonho que sua mãe tinha quando era viva. Empreender uma jornada até o mundo exterior para conseguir conquistar novas partes do subsolo e assim aumentar os domínios de Gracehope para que a comunidade possa voltar a crescer.

Esses dois garotos, aparentemente tão diferentes, tem mais em comum do que podem supor e no momento que os mundos de ambos se cruzam, segredos do passado são revelados e novas possibilidades de fazer história surgem. Para desvendar essa história, Rebecca nos convida à desbravar essa imensidão branca e a penetrar nas profundezas do gelo para descobrir um mundo diferente, com habitantes cativantes e um modo de vida bastante peculiar. Um mundo que querendo ou não, terá que se preparar para as modificações que as mudanças no mundo estão provocando no gelo que o protege. Eis aqui mais um dos fatos que contribuiu para me fazer cair de amores pela obra: a ciência. Tanto o destaque para as pesquisas climáticas do pai de Peter, quanto às pesquisas feitas pela mãe do garoto, que é bióloga molecular! Aliás, é muito interessante o fato de a autora ter dado destaque à pesquisa da mãe de Peter com DNA mitocondrial. Para quem não sabe o DNA mitocondrial é herdado a partir da linhagem materna, assim um indivíduo, sua mãe e todos seus parentes maternos compartilham essa herança genética. É simplesmente impossível não traçar paralelos com a sociedade matriarcal de Gracehope, na qual todos sabem de qual ventre nasceram, mas não fazem ideia de quem foi o responsável por fornecer os outros 50% do material genético para sua formação.

No seu romance anterior Amanhã Você Vai Entender, que recomendo fortemente a leitura, Rebecca usou como base as viagens temporais para dar asas à sua história. Aqui, novamente ela faz usos de elementos de ficção científica e (de forma apropriada) de fatos científicos, mas não para criar apenas uma história de ação, ou quem sabe uma distopia, pelo contrário. First Light tem ação sim, afinal é impossível passar incólume às pesquisas geoclimáticas do pai de Peter (ainda não confessei que um dos meus sonhos é passar uma temporada na Antártida né?) ou às aventuras em que Thea e seu primo Mattias se metem para descobrir os segredos do seu povo, mas mais do que isso é uma história sobre relacionamentos: familiares, sociais, consigo mesmo. Uma bela história sobre o respeito e a preservação das raízes, não pela estagnação e imposição, mas sim por sua compreensão e o seu uso para fortalecer sua identidade e assim poder alçar voos maiores. Tudo isso temperado por uma dose de fantasia, que torna muito difícil ficar impassível à obra.

 “O bracelete de cordões de gelo trançados e tingidos da cor do sangue, parecia pulsar colorido na clara luz do sol, como se tivesse sido animado em vez de congelado, nesse lugar da Terra para a eternidade”.

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