Em um futuro (sei lá quão distante) os EUA deixaram de existir como o conhecemos hoje. Na última grande guerra o país foi derrotado e ficou sob o poder da China durante muito tempo, até que revoluções conseguiram restaurar um pouco de sua soberania. Foi assim que surgiu Illéa. Desta vez sob um regime monárquico, com a sociedade dividida em um sistema de castas para lá de incongruente e com mobilidade social praticamente nula, tirando algumas raras oportunidades, bastante dificultadas pela burocracia, como o serviço ao exército e o casamento. E com o príncipe chegando à maioridade é chegada a hora da Seleção, o evento televisionado para todo país e que representa a oportunidade de qualquer garota libertar-se das amarras de sua condição social e ser alçada a um novo mundo de joias e vestidos ao lado do príncipe Maxon, como futura rainha de Illéa. É essa oportunidade que a mãe de America quer agarrar com unhas e dentes, só que a garota não está nem um pouco animada com a ideia.
America Singer, ou Meri, é uma artista da casta cinco e vê nessa oportunidade sua separação de Aspen, o rapaz por quem é apaixonada e que é de uma casta inferior a sua, e seu confinamento em um palácio que vive sob constantes ataques dos rebeldes. Ela não tinha a intenção de participar da seleção, mesmo que para isso tivesse que vencer uma verdadeira batalha contra sua mãe. Mas, quando o pedido parte de Aspen, que parece não estar preparado para levar um relacionamento mais sério com alguém de uma casta superior a sua, ela se inscreve e acaba sendo uma das 35 selecionadas para a disputa pelo coração do príncipe.
“Eu era feliz por Illéa existir. O país tinha escapado por pouco de virar um monte de escombros. Só que essas regras começavam a me sufocar, como correntes invisíveis que me prendiam ao chão. Leis sobre quem você podia amar, formulários sobre sua virgindade… Era detestável!”
É assim, que sem planejar, America acaba dividida entre os dois garotos, e pasmem, em alguns momentos querendo ser aquela que será escolhida pelo príncipe. E bem, eu até entendo o pensamento de Aspen, afinal não deve ser fácil levar uma vida sem mobilidade social quando se está condenado ao fundo do poço. Mas, é impossível não sentir empatia por America e pela mágoa de ter sido rejeitada, mesmo quando estava disposta à lutar contra as regras sociais para viver com a pessoa que ela ama. Aspen pode ser um garoto fofo e íntegro, mas teve sua chance e não aproveitou… Assim, sinto muito, mas agora todas as minhas torcidas vão para Maxson e não para que a mãe da Meri consiga o que quer, mas sim porque o espírito indomável da garota conseguiu quebrar o visual engomadinho do príncipe e nos mostrar seu verdadeiro eu por trás disso, e ah, ele sabe ser cativante também.
A trilogia é uma distopia que a princípio traz a visão da minoria dominante com apenas algumas pinceladas da maioria pobre e mesmo assim, sem qualquer espaço de voz para os que estão fora do sistema, os rebeldes. Aqui, os que frequentemente são narradores e protagonistas em grande parte dos romances distópicos, são vistos de longe e a história nos é contada sob o ponto de vista dos que frequentemente são retratados como déspotas e tal. A inovação é interessante e bastante congruente porque ajuda a manter o ar de romance de conto de fadas que impera na primeira parte da narrativa, mas suspeito de que essa estruturação logo será mudada e mesmo que o núcleo principal não mude, a parte revolucionária e provedora de mudanças com as quais estamos tão acostumados aparecerá um pouco mais. Quem sabe tendo Meri como porta voz? Não sei, mas o fato é que é ela quem nos traz a visão ponderada, contesta como a política do país é conduzida, tenta enxergar além do que lhe é mostrado e tenta entender como realmente é a relação entre os illeanos e os rebeldes. Com suas opiniões fortes e muitas vezes pertinentes, America desvenda para Maxon fatos de seu país que ele desconhece e mostra caminhos novos que o futuro governante possa trilhar e que talvez acabe colocando-o em oposição ao que é praticado atualmente. O fato é que a parte política da história promete e tem todos os elementos para tornar esse romance ainda mais interessante.
E termino essa resenha, aproveitando para comentar sobre o agradecimento feito pela autora e de certa forma deixando o meu para ela, mesmo que ela nunca vá saber. Kiera, eu fui uma das que viram a menina bonita na capa e decidiram comprar o livro pela embalagem. Não me arrependo do impulso. Fui cativada pela história e pelos personagens total e irrepreensivelmente. Illéa pode ter lá seus defeitos, mas esse mundo que você criou é rico em história e tem segredos ainda por serem desvendados. Vai ser legal acompanhar o que o futuro reserva para esse admirável mundo novo.
Conheça a trilogia A Seleção:
- A Seleção [Skoob][Goodreads]
- Novela “O Príncipe” (fatos anteriores aos narrados no primeiro livro) [Skoob][Goodreads]
- A Elite [Skoob][Goodreads]
- Sem título definido (previsto para o início de 2014)
Compre aqui:
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Em março a Editora Seguinte publicará a novela O Príncipe, narrada por Maxon e que traz a história de uma garota que foi importante para o príncipe antes da Seleção.
“Não sinta pena de mim,” ela disse friamente. “Sinta pena de si mesmo.” (trecho divulgado pela autora).
O plano é que ela seja lançada apenas em ebook por aqui, mas vamos ficar na torcida para que a Seguinte publique uma edição física também.
E as chances da série inspirada em A Seleção sair parecem ter aumentado. Após ter tido o primeiro piloto arquivado, a CW decidiu dar uma nova chance e um novo piloto será produzido. [Fonte]
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