O Príncipe da Névoa (Carlos Ruiz Zafón)

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Primeiro romance publicado por Záfon, O Príncipe da Névoa foi publicado originalmente em 1993 e assim como Marina compõe a ‘série’ de livros juvenis com a qual Zafón planejava atingir leitores de todas as idades. O romance também lhe garantiu o Prêmio Ebedé de literatura em 1993.

Em 1943, o pai de Max Carver decide que a melhor decisão para a família é se mudar para um vilarejo no litoral e assim escapar das agruras da Guerra. Max recebeu a notícia no dia do seu aniversário de 13 anos e sentiu seu mundo ruir por ter de ir embora e abandonar a escola, os amigos e a banca de quadrinhos da rua. Suas irmãs, Alicia e Irina também não estão lá muito contentes. Mas, a imensidão azul do Atlântico acaba por conquistar a todos. É realmente uma pena, que os planos do Sr. Carver de ter uma vida tranquila não caminhem conforme o planejado…

A casa para a qual se mudaram foi palco de uma tragédia e os fantasmas dessa época, mais do que ecos estão cada vez mais reais e interferindo na vida da família. Max descobre um misterioso jardim de estátuas envoltas em névoa no qual a peça principal é um palhaço que tem sido protagonista dos sonhos que tem perturbado Alicia e a pequena Irina tem sido atormentada por uma voz misteriosa que vem do seu armário. Mistérios que começam a ser desvendados depois que o novo amigo de Max, Roland, lhe conta sobre o misterioso naufrágio de 1918 e lhe leva para visitar os destroços do navio. É assim que a figura do Príncipe da Névoa começa a ser delineada, junto com todo o terror que o tem acompanhado ao longo do tempo, o qual estende suas garras para mudar para sempre o destino da família Carver e de Roland e seu avô.

“Durante as intermináveis noites no farol, costumava imaginar como teria sido sua vida se o destino não tivesse cruzado seu caminho com o daquele poderoso bruxo. Agora sabia que as lembranças que o acompanhariam em seus últimos anos de vida seriam apenas fantasias de uma biografia que nunca pôde viver.”

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Por se tratar do primeiro romance do autor, a narrativa é simples e apresenta algumas discrepâncias ao longo da trama. Porque convenhamos, por mais que você se mude para uma cidade do interior onde nada parece ocorrer e aparentemente não há perigos a espreita, não há como concordar que o comportamento dos pais de Max é condizente com, bem, o comportamento que se espera de pais preocupados com o bem estar dos filhos. É complacência demais para o meu gosto. Como assim um garoto de 13 anos só informa aos pais que irá mergulhar? O garoto nunca morou a beira-mar antes e simplesmente pode ir assim facilmente ter sua primeira experiência no oceano? Pedir permissão para quê não é mesmo? Além disso, há incongruência em algumas datas relacionadas à história do garotinho Jacob que muito me incomodaram e foi impossível relevar, pois estão intimamente relacionadas com a trama que o autor criou. Mas, apesar das ressalvas aos deslizes cometidos, foi mais uma leitura agradável e que me fez lembrar o motivo pelo qual gosto tanto da narrativa do autor. Reafirmo o que já havia escrito na resenha de Marina. O Príncipe da Névoa é um romance para agradar leitores de todas as idades, pois ainda que seja direcionado ao público mais jovem, o suspense e o mistério tem tudo para cativar os leitores mais maduros também.

Dessa vez não estamos em Barcelona e sua atmosfera gótica (ou talvez, deveria dizer que Zafón ainda não chegou lá), contudo, o ar sombrio e sobrenatural, que é a principal característica de seus romances, é palpável e é em torno dele que sua história se desenrola. E essa atmosfera vai tornando-se cada vez mais densa e sufocante até convergir em um final eletrizante e tudo isso em poucas páginas. Em pouco menos de 200 páginas Zafón nos apresenta personagens cativantes, tece um arcabouço robusto para sua história e nos faz sentir frio na espinha e ficar ansiosos com as possibilidades aterrorizantes que a história pode reservar. Agora, estou curiosa para descobrir como Zafón conectou os livros que fazem parte da trilogia iniciada pelo Príncipe da Névoa, pelo que pude perceber lendo a sinopse do segundo livro, são novos personagens e aparentemente não consegui tecer uma relação entre a história que será narrada ali e as aventuras de Max. Aliás, a história de O Príncipe da Névoa funciona perfeitamente bem sozinha e poderia muito bem ser tomada por um romance único por um leitor que não soubesse sobre a trilogia.

Conheça a Trilogia da Névoa:

  1. O Príncipe da Névoa [Goodreads][Skoob]
  2. O Palácio da Meia-Noite [Goodreads][Skoob]
  3. Las Luces de Septiembre [Goodreads][Skoob]

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