Will & Will (John Green & David Levithan)

will & will

“No que diz respeito a vida, prefiro o silenciosamente desesperado ao radicalmente bipolar.”

Will Grayson tem duas regras básicas, não se importar muito com nada e calar a boca, e toda sua existência se resume a não mostrar nada para o mundo. Seu sonho de consumo talvez fosse ser apenas uma montanha, mas ele está mais para um vulcão. Para quem se esforça tanto para não se importar, ele importa-se até demais, e o calar só se restringe a boca porque os pensamentos de Will, bem esses são bem loquazes, sarcásticos e bastante divertidos. Ele é amigo do gay, muito gay, grande e expansivo, Tiny Cooper. Tiny é daqueles que se apaixona de hora em hora e acha que Will é incapaz de sentir o que os humanos chamam de emoção, o contrário dele que é definido pela emoção, emoção que às vezes beira o insuportável para o arrelacionamental Will. Apesar das diferenças, ambos são amigos de longa data e ainda que Will ache que a grande missão de Tiny seja acabar com sua vida social, esse gigante no tamanho e no coração acaba é contribuindo para aumentar seu círculo de amizade, que antes estava mais para uma reta.

“ela provavelmente só está preocupada com o dia em que vou acordar e perceber que metade dos meus genes são tão orientados pra ser um filho da puta que vou desejar ser um filho da puta. bem, mãe, adivinhe só? esse dia aconteceu há muito tempo, e eu gostaria de dizer que é aí que entram os comprimidos, embora eles lidem apenas com os efeitos colaterais.”

will grayson vive com a mãe e a relação dos dois é péssima, melhor seria dizer inexistente. will é depressivo, toma remédio controlado, tem uma relação de amizade completamente deturpada com maura e precisa aceitar e assumir sua orientação sexual, ainda mais agora que está apaixonado por isaac, um garoto de ohio com quem mantém uma amizade virtual. mas não deixe esse pessimismo todo te enganar, à sua maneira will consegue ser tão hilário quanto seu homônimo de Chicago, só que com um humor mais ácido e cinzento.

Green e Levithan dão vida aos seus Wills e seus mundos em histórias que bem poderiam continuar paralelas, mas que acabam se encontrando em uma noite de uma sexta-feira gelada numa sex shop. Ali Will Grayson encontra Will Grayson e de uma forma que não poderiam imaginar provocam mudanças na vida um do outro. Mudanças que acontecem por meio de quem? De Tiny é claro, afinal ele pode não ser um dos narradores dessa história, mas é a estrela principal. Tiny é o elo que une as duas “timelines”. Tiny, suas milhares de mensagens trocadas pelo celular e seu musical que promete ser o mais fabuloso e libertador de todas as produções escolares já feitas.

As “conversas” entre a história de Green e a de Levithan renderam um livro alegre, irônico, sarcástico e impagável em sua unidade. A temática sobre homossexualidade é tratada com sensibilidade, fugindo dos estereótipos e de forma bastante natural, mas mais do que um livro sobre opção sexual, Will & Will tem música, teatro, livros, muitos gatos de Schrödinger, família, amizade, amor (de todos os tipos e formas), aceitação, arrependimento, perdão, sinceridade, mudanças, reconquistas, reencontros, escolhas, tentativas… tudo isso e mais um pouco, e foi justamente essa pluralidade de temas, tratados com tanta naturalidade que me deixou apaixonada pela obra.

“Estar em um relacionamento, isso é algo que você escolhe. Ser amigo, isso é simplesmente algo que você é.”

“é por isso que chamamos as pessoas de ex, acho – porque os caminhos que se cruzam no meio acabam se separando no fim. é muito fácil ver esse x como uma anulação. mas não é, porque não tem como anular uma coisa assim. o x é um diagrama de dois caminhos.”

Já conhecia o estilo narrativo de Green e o livro só veio corroborar o sentimento perante a forma como ele faz uso das palavras e as características tão marcantes de seus personagens. Levithan por outro lado é novidade, e novidade das boas, que me fez querer ler loucamente todos os outros livros seus. Os estilos são bem diferentes, mas se complementaram perfeitamente e no final se mostrou uma mistura bem acertada. E fazendo eco ao coro:

– Tiny Cooper também te aprecio de montão!

Quantos aos Grayson, terminei de ler o livro sem saber de qual gostei mais. Will, sua política do ficar calado e o pendor para os papos existenciais. ou will ‘levemente depressivo’ com seu sarcasmo refinado. Na dúvida fico com os dois.

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Fonte: Cafe Press

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6 Comentários

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6 Respostas para “Will & Will (John Green & David Levithan)

  1. Ei Mari,

    Até hoje não li nada do Green acredita? E tenho ACEDE em casa na fila há tempos. Mas este eu vou ler antes, não li nada ainda com esta temática e estou curiosa. 🙂
    bjs

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    • Nubia Esther

      Oi Nanda, na verdade fui eu quem leu o livro, haha, a resenha de Acede aqui também é minha. ^^
      Não acredito que você ainda não leu! Me apaixonei por Acede, mas fiquei cativada muito mais por Will & Will, acho que a mistura do Green com o Levithan acabou potencializando o que tinha de melhor na escrita dos dois. Até já comprei outro livro do Levithan porque fiquei muito curiosa para conhecer os outros trabalhos dele. Espero que você se encante pelos Wills (depois vou querer saber qual o seu favorito) e pelo Tiny, se bem que será meio difícil você não se encantar por ele. o//

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  4. Andressa Gusmao

    Quero muito esse livro! Depois de ler A Culpa é das Estrelas, me apaixonei por John Green e eu leria até a lista de compras de supermercado dele! kkkkk 🙂

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