A Livraria 24 horas do Mr. Penumbra (Robin Sloan)

Mr-Penumbra

“Perdido nas sombras das estantes, quase caio da escada. Estou exatamente no meio do caminho. O chão da livraria está bem longe de mim, a superfície de um planeta que deixei para trás. O topo das estantes está bem próximo, e é escuro por lá. (…)”

Fui enganada por esta citação incluída na sinopse do livro e o título A Livraria 24 horas do Mr. Penumbra. Antes de começar a ler a história de Sloan, me imaginava enveredando por prateleiras empoeiradas (outras nem tanto), volumes novos, antigos, raros, vivendo altas aventuras envolvendo um misterioso dono de uma livraria para lá de estranha, com frequentadores assíduos mais estranhos ainda e um segredo que valesse a pena ser desvendado. Infelizmente a livraria acabou se tornando mais uma desculpa, o pontapé inicial para um romance envolvendo pó e chips, folhas amareladas e mapas 3D, encadernações e processadores (mais processadores e tecnologias do que o desejável) e com um toque de conspiração histórica que poderia até ter funcionado em um romance do Dan Brown, mas ao qual Sloan não soube dar fôlego o suficiente para fazer o leitor ter vontade de desvendar o mistério envolvendo a livraria.

Clay Jannon é mais uma vítima da recessão econômica americana, um web designer desempregado que acaba conseguindo emprego em uma livraria 24 horas. Uma livraria encravada em um lugar para lá de estranho em São Francisco e que Clay tem certeza tratar-se de um eufemismo para os negócios escusos de Penumbra. Negócios que parecem envolver os misteriosos fregueses que sempre chegam com um alvo específico e uma determinação frenética por algum determinado título. Seu trabalho ali era simplesmente garantir que esses fregueses obtivessem os títulos procurados e anotar tudo o que pudesse de suas características no ato de devolução e retirada de um volume. Sem perguntas, sem bisbilhotices.

Mas, é claro que Clay não se segura e ao perceber que a livraria de Penumbra guarda segredos para lá de escusos e que parecem envolver um culto bibliófilo ele irá a fundo para desvendar esse mistério. E bem, a tarefa até poderia ser difícil para alguém que conta com um mísero salário, mas nada impossível para quem tem seus contatos. No caso de Clay um amigo de infância milionário (na verdade um cabeça oca que se deixa convencer com uma retórica fajuta envolvendo partidas de RPG, tá bem Sloan, vou fingir que na realidade as coisas funcionam desse jeito) e a pseudonamorada empregada do Google (responsável por introduzir na história tanta tecnologia que chega a beirar o surrealismo científico). Muitas vezes menos é mais, mas Sloan descartou a parcimônia ao rechear seu romance de tecnologias, muitas das quais muito mal explicadas, isso quando realmente existem, e criar uma sociedade secreta tão inverossímil. Daquelas que funcionariam muito bem em um livro de fantasia, mas que simplesmente não tem respaldo para existir em um romance contemporâneo. Enfim, A Livraria 24 horas do Mr. Penumbra decepcionou meu lado bibliófilo e não convenceu a parte que gosta de suspenses. No fim, faltaram livros e sobrou Google e maças (olha o merchandising) demais.

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