“Nunca esconda sua esquisitice, mas use-a como um escudo.”
Jeane Smith, uma inglesa de 17 anos, segue a risca esta e mais outras dez “regras” que fazem parte do manifesto dos dorks. Um estilo de vida defendido por ela em seu blog, o Adorkable. Os dorks não têm medo de ser estranhos, na verdade vivem para serem os mais estranhos possíveis e Jeane com seus figurinos garimpados em brechós e suas experiências (nem sempre bem sucedidas) de coloração capilar é a abelha rainha desse grupo. O seu blog já ganhou prêmios pelo The Guardian, um Bloggie Award e ela vive contribuindo com colunas para revistas internacionais e viajando para ministrar palestras sobre estilo de vida e atitude.
Ela está acostumada a lançar tendências e por fazer tanto sucesso costuma se achar a última bolachinha do pacote. Não que ela seja popular ou faça questão de ser, pelo menos não com os outros jovens de sua idade, principalmente àqueles que vestem roupas produzidas em massa e vendidas em grandes lojas. E quando ela quer ser chata, sai de perto, que ela é insuportável. Esses seriam motivos mais do que válidos para não suportarmos Jeane, mas Sarra criou uma personagem tão cativante que a gente acaba até relevando sua chatice. Isso porque não é só da dorkidade que Jeane vive, ela também é uma garota de 17 anos que escolheu viver sozinha porque a vida com os pais era insuportável e que mesmo tão independente, transparece carência. Você pode até tentar não gostar dela, mas a tarefa será bastante difícil.
“Todo mundo disse que os amigos eram a nova família, eu mesma escrevi um post sobre isso, (…) eu sabia que estava muito enganada.
Amigos não deviam ser a nova família. Sua família deve ser a sua família e os amigos são costurados no tecido de sua vida familiar. Somente as pessoas que não têm família, ou que têm uma família de merda, precisam de amigos como substitutos. E ainda, há pessoas que não têm uma família e, realmente, quando você pensa sobre isso, não têm amigos também.”
Mas Os Adoráveis não é uma história só sobre um estilo de vida, tem muito romance. Um romance improvável, repleto de discussões, diálogos impagáveis e momentos hilários. E o outro protagonista dessa história é Michael Lee. Ele é o oposto de Jeane. O tipo de garoto que namoraria a garota mais bonita da escola, que se veste com roupas da Hollister e da Abercrombie, totalmente dependente dos pais, capitão do time de futebol e líder do conselho estudantil. O tipo de garoto que agrada gregos e troianos e por esse motivo, para Jeane, a pessoa menos interessante da escola. Mas, quando os namorados de ambos decidem que são mais felizes juntos do que com eles, uma discussão que acaba em acidente acaba aproximando esses dois e mesmo que ambos só enxerguem as diferenças e o que não gostam um no outro, também não conseguem ficar longe um do outro.
Peguei o livro da Sarra Manning para ler só porque a protagonista era blogueira (sim, rolou uma identificação – ainda que eu nem sonhe em atingir o ibope todo de Jeane). Não esperava mais do que um romance água com açúcar, mas acabei cativada pela garota que usa suas diferenças como defesa perante o mundo, pelo garoto sempre disposto a ajudar e com as duas irmãzinhas mais fofas e revolucionárias do universo e pela história de Manning: um romance sobre aceitar as diferenças, sobre autoestima, amizade e família. Os Adoráveis é daqueles livros que você lê rapidamente e nem percebe o tempo passar, daqueles que te arrancam sorrisos e até mesmo umas gargalhadas. Uma história divertida e leve, mas com uma pegada mais consciente também. Em tempos de bullying, traz alento e motivação para não se deixar abater por insultos e apelidos preconceituosos. Mais do que usar a esquisitice como escudo, Manning deixa a sugestão de usá-la como cartão de visitas para novos relacionamentos.
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