“O nome era reflexo dessa ideia de vínculo, da mentalidade de bando por eles construída, a qual os fez atravessar a beatlemania relativamente ilesos e que – como mostra este livro – dura até hoje. Os Beatles eram uma gangue de quatro personalidades distintas que criaram sua própria família.(…)
Os Beatles se amavam e brigavam na mesma medida, como irmãos, o que só acrescenta mais charme à coisa toda.”
pág. 7”
Paolo Hewitt, jornalista conhecido por seus livros de não-ficção sobre moda, música e cultura popular, traz neste livro cinquenta momentos históricos do quarteto mais famoso de Liverpool e do mundo. Assim que vi que Love me do seria um dos lançamentos de abril da editora Verus, meu lado beatlemaníaco foi acionado e depois que li o primeiro capítulo disponibilizado por eles, o qual, diga-se de passagem, eu devorei, sabia que tinha que tê-lo em mãos. Então, desculpe-me antecipadamente caso eu me empolgue, ou esta resenha acabe ficando repleta de elogios, como fã da banda foi impossível me conter.
Em Love me do, Hewitt traz um apanhado geral da história dos Beatles e faz isso destacando, esmiuçando e opinando sobre alguns eventos significativos da carreira da banda. Cinquenta fatos para comemorar os cinquenta anos de lançamento do álbum de estreia da banda, que também empresta seu nome ao livro (a obra foi publicada originalmente em 2012, Love me do o álbum de estreia do grupo foi lançado em 1962). Mais de cinquenta anos que longe de arrefecer o sucesso que o grupo experimentou em seu auge, só fizeram perdurar a influência de suas músicas por várias gerações. E foi esse fascínio, quase mítico, que levou Hewitt a enveredar mais profundamente na história do grupo para trazer à tona alguns fatos conhecidos e outros tantos obscuros que fizeram e fazem dos Beatles uma das melhores bandas de todos os tempos.
Vislumbres da infância e adolescência de cada um dos integrantes, primeiros encontros, os primeiros sons produzidos em conjunto, a imensa mudança de comportamento sofrida por John em apenas oito anos (do brutamontes feroz no defensor ferrenho da paz mundial e da liberação feminina), os shows em Hamburgo e o espírito viva la vida loca adotado por eles nesse período, a expulsão de Pete Best da banda e a entrada de Ringo, o convite para gravar no estúdio Abbey Road, os filmes, as experiências com LSD, as declarações peculiares de Lennon, o fascínio de George pelo hinduísmo, Stu, Brian Epstein, Yoko Ono, as inovações nos álbuns, e até mesmo a lenda envolvendo a suposta morte do Paul são alguns fatos revisitados por Hewitt. Nas páginas de Love me do, está uma parte da história dos Beatles, alguns de seus altos e baixos, coisas boas e ruins, comportamentos morais ou não. É um trabalho de fã, mas de um fã que não se privou de mostrar também o lado feio dessa história, as brigas, traições, declarações controversas… Lennon podia até dizer que os Beatles eram mais populares que Jesus, mas eles não eram santos, e isso fica claro aqui, o que não diminui nem tira a importância do legado deixado por eles.
Os fatos escolhidos por Hewitt representam fotografias, apenas pedaços da história da banda, mas que foram organizados de tal maneira, que relevando uma ou outra data, a timeline do grupo está ali, a saltar aos olhos. Uma verdadeira viagem desde o início em Liverpool durante o primeiro encontro de John e Paul, a derradeira reunião que selaria o término da banda e todos os outros eventos até as mortes de John em 1980 e George em 2001. Não vou dizer que Love me do é a obra definitiva para qualquer fã do grupo, nem o próprio Hewitt vende seu livro com essa imagem, contudo não há como não notar o cuidado primoroso que Hewitt teve. Segundo o próprio Hewitt foram meses de pesquisa: escrevendo sobre eles, pensando sobre eles, olhando para eles e ouvindo a música deles; e isto se reflete em seu texto, que é fluído, repleto de comentários pessoais humorados e até mesmo sarcásticos, e com fotografias que enriquecem ainda mais as informações trazidas por ele. A edição brasileira ficou muito bonita, impresso em papel especial e ricamente ilustrado, Love me do é daqueles livros para se deliciar com o texto e guardar com carinho na estante.
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