“Ao contrário do que acontece na vida real, o script define tudo o que vai acontecer em um filme. Por isso, o roteirista deve sempre saber como uma história termina. Bem que Bianca gostaria, mas sua vida não era um filme. E o script… não era ela quem escrevia.” página 82.
Quando li a sinopse do livro da Lu Piras foi impossível não notar algumas semelhanças com outras obras literárias brasileiras. Músicos mascarados? Escola de cinema? Certeza que algum leitor aí deve ter ligado esses dois temas com outros romances juvenis tupiniquins. Então, é claro que comecei a leitura de Um Herói Para Ela com um pé atrás, se a ideia não fosse desenvolvida de forma diferente ou a história não convencesse, estava pronta para desistir da leitura. Foi muito bom então descobrir que sim havia uma banda de mascarados e uma escola de cinema, mas a faixa etária dos personagens e os dramas enfrentados por eles eram diferentes o suficiente para garantir uma certa originalidade à obra.
Bianca Villaverde é uma jovem advogada carioca não realizada profissionalmente, trabalha em um escritório de leilões praticamente falido. Uma estagiária que vive almejando o cargo cada vez mais distante de advogada júnior e que tem um chefe sem um pingo de ética. No campo dos relacionamentos não anda melhor, após terminar um namoro com o egocêntrico Robson vive de emendar relacionamento atrás de relacionamento com os tipos mais estranhos, deixando sua mãe de cabelos brancos de tanto receber tipos esquisitos. Atitude e autoestima para que não é mesmo? Pois é, é um pouco difícil criar empatia pela personagem nesse momento, sua atitude de levar a vida com a barriga e agarrar-se ao primeiro que lhe passa a frente por medo de ficar sozinha é no mínimo deprimente. E além disso, o conceito do que é um relacionamento para Bianca e o que ela busca neles é muito doido, quanto mais perigosa e com mais chances de sair machucada melhor? Impossível não concordar com sua mãe, isso é pura loucura!
Bianca cresceu mimada e totalmente dependente dos pais, foi assim que acabou escolhendo a mesma profissão do pai, que sabia que essa não era a vocação da filha, mas respeitou sua escolha. Seu verdadeiro sonho é escrever roteiros de cinema, mas falta-lhe a confiança necessária para correr atrás de seus sonhos e é aqui que seus pais terão papel fundamental. D. Helena percebe que sua filha está mais perdida que cego em tiroteio e preocupada com a autoimagem que Bianca, ela decide intervir junto com o marido e inscrever a filha para um programa de bolsas em um curso de roteiro na New York Film Academy (NYFA), e olha que mesmo assim Bianca quase consegue desandar os planos dos pais, planos que fazem eco aos seus sonhos. Fala se não dá vontade de dar umas boas sacudidelas na menina? Ainda bem que junto com a aprovação de Bianca para a bolsa, vem Nova York e uma Bianca repaginada. É a partir desse momento que a personagem cresce e começa a rolar uma empatia. E Natalya e Mônica suas duas roommates são peças fundamentais para o surgimento da nova Bianca. É também por causa da Natalya que a garota tem sua primeira experiência com o grupo The Masquerades e que acaba envolvendo-se em um pequeno incidente que poderia ter terminado em tragédia caso não fosse salva por um misterioso rapaz tatuado. É assim que em meio à aulas de cinema, shows mascarados, um príncipe, um garçom misterioso, trabalhos voluntários, lobos em pele de cordeiro e cordeiros em peles de lobo que Bianca acaba descobrindo a si mesma e despertando para o amor.
Se no princípio acabamos esperando um mero romance chick lit com Nova York e a NYFA como pano de fundo. Misturando romance, suspense, drama e mistério Lu Piras mostra que com os ingredientes certos é possível tornar a história mais dramática e complexa, e que a busca pelo príncipe encantado também pode ser uma atividade um tanto quanto perigosa. Leitura despretensiosa e agradável para uma boa tarde de leitura.
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