Princesa Adormecida é o primeiro livro de uma série de releituras de contos de fadas que serão publicadas pela Paula Pimenta pela Galera Record. A ideia surgiu após o sucesso do seu conto “Princesa Pop”, uma releitura da história da Cinderela publicada na antologia O Livro das Princesas (e que eu ainda não li!). Parece ser consenso que a história favorita do livro é a criada pela Paula, e isso em um livro que também conta com contos da Meg Cabot, Lauren Kate e Patricia Barboza. Todas as resenhas que li sobre o livro elogiam muito a história da heroína DJ, e conhecendo o trabalho da Paula de seus outros livros é claro que iniciei a leitura com expectativas altas. Então, foi um pouco frustrante não encontrar a narrativa tão característica da Paula que me conquistou lá em Fazendo Meu Filme. Não que a história seja ruim, Áurea/Anna é uma boa protagonista e a narrativa da Paula ainda guarda os elementos tão presentes em seus outros textos: música, o amor pelos animais; além disso, o papel primordial do celular na história acrescentou um charme a mais. Mas sinto que faltou um quê a mais, sobretudo faltou um maior investimento na trama e no desenvolvimento dos personagens.
“Imagine acordar e descobrir que o mundo que você achava que era real nada mais é do que um sonho. E se todas as pessoas que você conheceu na vida simplesmente fossem uma invenção e, ao despertar, percebesse que não sabe onde mora, que nunca viu quem está do seu lado, e, especialmente, que não tem a menor ideia de onde foi parar o amor da sua vida. ”
Pág 9.
Essa citação no Prólogo me fez elaborar teorias mil de como a trama criada por Paula se desenrolaria. A viagem foi tanta que cheguei a imaginar que a protagonista estivesse dormindo literalmente e não metaforicamente, e que durante o sono, no mundo dos sonhos encantados, ela “vivesse” uma vida diferente e conhecesse o amor da sua vida, para depois acordar e perceber que tudo era imaginação. Será? Mas aí iria descambar muito para a ficção fantástica e nessas releituras o objetivo principal é trazer os contos de fada o mais próximo da vida real, não recorrendo para o uso de magias de encantamentos. Mas que essa citação me enganou, isso me enganou…
Princesa Adormecida traz a história de Áurea/Anna e está dividida em fases da vida da protagonista (na verdade até um pouco antes). Resumindo a mãe de Áurea, brasileira (o tom verde amarelo é sem dúvidas um dos pontos positivos, pois traz a história para mais perto da nossa realidade), conheceu um descendente de uma família real da Europa, se apaixonou e casou. Mas, a amiga desse príncipe, Marie Malleville, a peça chave para que o casal se conhecesse ressente-se ao perceber que o amigo apaixonou-se por outra, tenta roubá-lo dela e quando não consegue jura vingança eterna. E Áurea a pequena filha do casal, passa a ser o alvo preferido da vilã. Assim, para protegê-la das garras da vilã Áurea ganha uma nova identidade (Anna), um novo país para morar (Brasil) e uma nova família (os três tios maternos). E passamos a acompanhar a vida superprotegida da garota, mais fácil de manter quando era criança e depois ameaçada constantemente pelos arroubos da rebeldia juvenil. E aqui eis a parte mais interessante dessa história. Sua batalha para conseguir um pouco mais de direito de sair com as amigas para se divertir, a participação especial da DJ Cinderela e sua amizade com a Clara. Além disso a sugestão de uma provável Branca de Neve deixa o gostinho de continuar acompanhando essas releituras. E o romance vem por ondas de rádio, por mensagens misteriosas que Anna começa a receber de um garoto que diz se chamar Phil. Um relacionamento que cresce secretamente e virtualmente e que acabará sendo o agente catalisador para o “despertar” da princesa.
A trama é coesa, mas se desenvolve rápido demais. A principal falta talvez seja o pouco espaço dedicado a vilã, senti falta de uma participação mais efetiva de Malleville na trama. A vilã ficou muito apagada. Ainda que o livro seja sobre princesas e seja narrado por Anna, um diálogo envolvendo a vilã poderia garantir uma maior profundidade a história. Um pouco de tom sombrio em meio à tanto arco-íris. A história é fofa, meiga e feliz, um verdadeiro conto de fadas. Mas, antes do final feliz eu queria ter topado com mais percalços a serem superados, dificuldades que fizessem Anna crescer como protagonista perante nossos olhos (método que a Paula sabe usar tão bem). Porque o jeito que esse romance se desenvolveu foi muito irreal e infelizmente não convenceu. No mais, o romance é de fácil e rápida leitura e uma boa pedida para uma tarde de distração. Aos que ainda não conhecem a autora, recomendo fortemente que comecem por Fazendo Meu Filme ou Minha Vida Fora de Série.
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