A Menina Mais Fria de Coldtown (Holly Black)

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Quando peguei A menina mais fria de Coldtown para ler, não imaginava que a história seria sobre vampiros. Calma gente, apesar da sinopse não entregar nada, falar que é uma história de vampiros não é um spoiler. É um romance com temática sobrenatural, mas Holly já chega quebrando algo que parece ter se tornado uma regra para os atuais romances sobrenaturais. A menina mais fria de Coldtown é uma história de um livro só. E Holly desenvolve sua trama e seus personagens sem ser superficial. Não sentimos a necessidade de vários livros para conhecermos os personagens, passarmos a torcer por eles e roer as unhas por uma conclusão que nos satisfaça. O fato é que a narrativa de Holly não é impecável, às vezes ela escorrega em um detalhe ou outro na forma como estruturou sua história. Mas, no geral, Holly é uma ótima contadora de histórias. Seja para um público mais jovem (como em Boneca de Ossos) ou para um público mais adulto com o mundo luxurioso dos vampiros, ela é ótima em fisgar o leitor e mantê-lo preso em sua história.

“Continue, ela disse a si mesma. Não olhe para trás. Mas olhou mesmo assim. Havia duas criaturas ali, em pé. Emolduradas pela entrada, um vampiro e uma vampira, cujo rostos estavam inchados e cor-de-rosa, empanturrados que estavam com todo o sangue que haviam consumido. As bocas e os dentes afiados estavam vermelhos, os olhos, fundos, as roupas, endurecidas e com manchas escuras.” Página 38.

No mundo criado por Holly, o vampirismo funciona como uma doença infecciosa. Caspar Morales, foi o paciente zero, ou melhor o vampiro zero. Aquele que saiu bebendo sangue, sem matar suas vítimas, infectando centenas de pessoas, que por sua vez acabaram infectando milhares. O primeiro surto ocorreu na cidade natal de Caspar, Springfield, Massachusetts. E ali, os militares ergueram barricadas em volta dela e de outras cidades nas quais as infecções irromperam. Assim foram criadas as primeiras Coldtowns. Nelas vivem os vampiros (teoricamente proibidos de sair), humanos que mesmo não estando infectados moravam nas áreas quando elas foram cercadas e não lhes foi permitido sair, outros que mudaram-se para lá em busca do glamour da vida imortal e outros realocados para lá por estarem infectados. Conseguir sair de uma Coldtown é uma tarefa praticamente impossível. E é justamente para uma que Tana vê-se obrigada a ir…

Aquela era para ser apenas mais uma festa da turma da escola. Mas, no outro dia Tana acorda rodeada por cadáveres. Os outros dois sobreviventes, são Aidan, seu ex-namorado, e um misterioso garoto vampiro. E o que é pior, os protagonistas dessa chacina, estão ali também, só esperando escurecer para aumentar o número de vítimas. Tana decide fugir e levar Aidan (mesmo ele estando infectado) e Graviel (mesmo ele sendo um vampiro). E é claro que a fuga não seria fácil e Tana não escapa incólume. Com a suspeita de também estar infectada. Tana não vê outra saída além de se dirigir até a Coldtown mais próxima e tentar sobreviver entre os vampiros. Impedir a transformação de Aidan, torcer para que ela não tenha que passar por esse doloroso processo também e dar uma carona para Graviel que tem seus próprios negócios escusos para tratar em Coldtown.

A maior parte da narrativa é sobre o ponto de vista de Tana, e quanto a isso não tenho nada a reclamar. Com todos os seus medos e defeitos, Tana é uma personagem cativante. Contudo, outros pontos de vista são abordados durante a história. Uns são fundamentais para esclarecer alguns eventos importantes e nos permitem conhecer melhor outros personagens chave na trama; outros são tão descartáveis quanto seus personagens e a vontade que tinha era de pular essas partes. O bom é que foram poucos, então, nem arrastaram a história tanto assim.

O grande ponto positivo de A menina mais fria de Coldtown, está na forma que Holly conferiu à sua protagonista. Tana desde o começo é confrontada com a loucura de ver seu mundo destroçado, com a impossibilidade de voltar para casa, com um passado trágico e com pessoas traíras a sua volta e continuou persistindo. Sempre tento manter o sangue frio (sorry pelo péssimo trocadilho) e a perspicácia necessária para superar as dificuldades e o medo, e refazer seus planos. Muitas vezes pensando muito mais nos outros do que em si mesma. Juntar essa garota frágil e forte ao mesmo tempo com Graviel, o garoto vampiro que parece flertar com a loucura, foi uma ótima sacada. Rolou muita química, alguns momentos ternos e diálogos interessantes, e o que é melhor, em nenhum momento houve submissão de Tana perante o vampiro, mesmo ele sendo mais forte que ela, o que só me fez gostar ainda mais dessa história.

Quanto à edição brasileira, vale a pena comentar o ótimo trabalho dedicado a parte gráfica. A Novo Conceito tem investido cada vez mais nas capas e nos detalhes das páginas em suas publicações. A revisão, escorregou em alguns momentos, deixando passar alguns erros de tradução, mas no geral a edição brasileira ficou muito boa.

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1 comentário

Arquivado em Editora Novo Conceito, Editoras Parceiras, Resenhas da Núbia

Uma resposta para “A Menina Mais Fria de Coldtown (Holly Black)

  1. Que vontade de ler imediatamente esse livro que me deu agora. =)

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