Quer uma maneira melhor de terminar o excelente ano que foi 2014 do que com a resenha de um livro pelo qual aguardei uns bons 5 anos para ler? Explico: quase todas as séries escritas por Bernard Cornwell já vieram para o Brasil, mas a Editora Record nunca dava notícia de publicar As Crônicas de Starbuck, lançadas originalmente na década de 1990. Bom, finalmente chegou e eu tive o prazer de ler.
Os Estados Unidos estão divididos: os estados do norte e os do sul não concordam com a maneira que o país deve ser governado, e a situação chegou ao ponto em que a guerra é iminente. É nesse cenário que Nathaniel “Nate” Starbuck chega à capital da Virgínia, após abandonar os estudos em Yale para ficar com uma mulher. Nate é salvo da turba por Washington Faulconer, pai de seu melhor amigo – Adam, e é convidado a se juntar ao exército que ele está formando.
Uma das missões de Nate é recrutar um famoso fora-da-lei, pois ele traria outros homens ferozes com ele, e com isso as terras dos outros recrutas ficariam mais seguras. Nate consegue recrutar o homem, mas no caminho esbarra com sua bela filha, Sally, e encanta-se por sua beleza estonteante. Depois que o exército é montado, a falta de liderança de Faulconer fica bastante evidente, mas isso não impede que eles sejam enviados à batalha pela segregação dos Estados Unidos.
Eu não conheço muito da história bélica dos Estados Unidos, de modo que adorei poder ler este relato de um dos períodos mais conturbados da história do país. Foi a primeira vez que o país teve um conflito interno que levou à guerra, com americanos se enfrentando para alterar o modo com que o país era dirigido (basicamente o norte queria que tudo ficasse igual, mas com a abolição da escravatura, e os estados do sul queriam continuar a ter escravos, e para isso, se separariam do resto do país e fariam um novo). Ler tudo isso escrito por Bernard Cornwell apenas torna a história ainda mais interessante. O começo da série descreve bastante os eventos que levaram todas as personagens para onde estão, e acaba sendo atipicamente (para os livros do autor) parado. No entanto, acredito que essa introdução era bastante necessária para entendermos as motivações das personagens, e aproveitarmos melhor a história.
O Nate é uma das personagens mais interessantes de Bernard Cornwell. Filho de um reverendo calvinista, sua criação foi bastante restrita – ele comenta em um momento que sua família não podia dançar nos eventos da cidade. No entanto, ao sair de Yale, Nate suja sua alma cometendo diversos pecados, e o tempo todo está completamente ciente de que está vivendo erroneamente. Vivenciamos o conflito em sua mente, e é curioso ver o que o motiva a continuar a vida “errada” ao invés de voltar para a casa do pai e à vida “correta”.
O autor descreve esta série como sendo bastante similar à série do Sharpe, visto que a Guerra Civil Americana e as Guerras Napoleônicas foram conflitos que ocorreram mais ou mesmo no mesmo período histórico. Assim, se você gostou de ler Sharpe, vai adorar Nate Starbuck e a Legião Faulconer – eu sei que eu adorei.
Feliz 2015 a todos nós!
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