“Tentei não pensar muito na letra, em Hayden ali sentado fazendo essa seleção de músicas antes de tomar sua decisão final. Eu odiava imaginá-lo querendo desaparecer dessa forma. ” (Página 16)
Tudo o que Sam sabe é que houve uma festa e houve uma briga. E ele acabou se desentendo com seu melhor amigo, Hayden. Em uma certa manhã, Sam foi pedir desculpas ao amigo e o encontra morto. Ao seu lado, uma garrafa de vodca e comprimidos de Valium, além de um pendrive e um bilhete para Sam. “Ouça você vai entender”.
Essa é a premissa do romance de Michelle Falkoff. Sam ficou para trás, para enfrentar um mundo no qual Hayden era seu único amigo. O que há para entender? O que levou Hayden a tomar a atitude que tomou? Qual o significado da playlist deixada pelo amigo? Enquanto ouve cada uma das músicas escolhidas por Hayden, Sam tenta descobrir o que realmente aconteceu naquela noite. Ao mesmo tempo que precisa enfrentar a raiva do amigo e das pessoas que ajudaram a tornar a vida de Hayden miserável, a culpa por achar ter sua parcela de contribuição para o ocorrido, e a saudade da única pessoa que realmente o entendia. E por um tempo, a premissa funciona muito bem e a narrativa de Falkoff nos prende à busca por respostas.
Cada capítulo é iniciado com uma das músicas da playlist e elas são utilizadas como ponto de partida para Sam nos contar mais sobre ele e Hayden, sobre o início da amizade, os gostos comuns, as discussões que sempre terminavam em risadas, a incompreensão da família do amigo e todo o histórico de bullying que Hayden teve de aguentar ao longo dos anos.
“(…) eu não tinha pensado naquilo como um sinal de coragem. Parecia apenas que ele havia levantado um muro ao redor de si mesmo para que não tivesse que lidar como o que estava acontecendo. E, é claro, eu não tinha calculado que todo mundo possui um limite. ” (Página 54)
Era lógico esperar por uma resolução para a playlist. E a inclusão dos novos personagens (sobretudo Astrid, Eric, o Arquimago, a irmã de Sam e seu namorado) de maneira nenhuma deveria influenciar no abandono da premissa original. Falkoff criou um bom romance sobre amizade, perda, reconstrução e prosseguimento. Ela também não se privou de trazer à tona temas difíceis e controversos: bullying, suicídio, vingança, conservadorismo, homossexualismo, relações familiares problemáticas. E tudo isso, com personagens bem construídos. É impossível não simpatizar por Sam e todo o seu sofrimento, não se encantar por Astrid e não ficar curioso para descobri quem são o Arquimago e Atena. E mesmo Hayden, destinado a começar esta história nos abandonando, sempre esteve presente, angariando empatia por seu jeito de ser, por sua amizade com Sam, por sua estoicidade em aguentar os sofrimentos impingidos a ele. Mas, ao terminar a leitura do livro, a sensação que persiste é a de que Falkoff nos enganou. Desde o início Sam é levado a ouvir uma lista interminável de músicas com a promessa de que elas o fariam entender a escolha tomada por Hayden. Mas, conforme a narrativa prosseguia, a playlist ficou renegada ao papel de ser meros títulos de capítulos, músicas que passaram a ficar soltas na história e com a qual não estavam mais em sintonia. E a grande revelação da trama, o grande entendimento do porquê, na verdade não acontece. Foi substituída por outra revelação, impactante também, mas revelada totalmente pelo acaso, por causa de um ato de benevolência da pessoa mais inesperada e de uma forma pela qual nunca aconteceria se todas as pistas que houvessem estivessem apenas na playlist. E o fim das contas, o que nos é revelado, até mesmo Hayden desconhecia. Faltou foco de Falkoff no que se propôs a fazer inicialmente e, mesmo sua narrativa fluída e de leitura agradável, não foi o suficiente para nos fazer esquecer disso.
Para terminar fica aqui o link para a playlist (infelizmente mal utilizada) criada por Hayden: http://aplaylistdehayden.com.br/playlist.php.
Compre aqui:
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Olá, tudo bem?! Me chamo Daniel e conheci seu blog agora. Me surpreendi, gostei bastante e já estou seguindo o twitter, e curtindo a fan-page no facebook.
Quero muito ler esse livro, parece muito com o estilo de ”Os 13 Porques”! Sério que tem o site da playlist\?! Wow, vou acessar agora mesmo, rsrs.
Abraços do Dan 🙂
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Oi Daniel, fico feliz que tenha gostado, obrigada por passar a nos acompanhar. =)
Pelo que andei lendo, várias pessoas têm comentado sobre a semelhança da trama desde livro com a dos Os 13 Porquês, fiquei até curiosa para conferir logo esse livro (que já está há tempos na estante – shame on me) e ver se o Jay Asher conseguiu ser mais feliz em desenvolver a premissa.
Caso leia A Playlist de Hayden,depois volte aqui e me conte o que achou. Obrigada pela visita! Abraço.
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