Beleza Perdida (Amy Harmon)

Beleza Perdida

Quando vi que estavam “vendendo” o livro da Amy Harmon como uma releitura de A Bela e a Fera, não me empolguei muito. A premissa de cinco garotos que vão para a guerra e apenas um retorna, desfigurado, e passa a se isolar de todos, sendo o isolamento vencido pela mocinha que sempre fora apaixonada por ele, prometia um romance bem água com açúcar, então, já havia me preparado para não esperar nada além disso. E sim, Beleza Perdida tem muito romance, mas Harmon adicionou ao romance uma pitada (bem grande) de drama e alguns personagens bem carismáticos. No fim das contas, o romance passa a ser coadjuvante em meio à tantas outras tramas, e isso, na verdade, é muito bom.

“E então eles se foram, através do mar, para um mundo de calor e areia, um mundo que não existia de verdade, pelo menos não para Fern. E talvez não existisse para o povo de Hannah Lake, simplesmente porque era longe demais, desconectado demais de qualquer coisa que eles conheciam. E a vida continuou como antes. A cidade fez orações, amou, sofreu e viveu. (…) E o relógio continuou a correr calmamente. ” (Página 99)

Ambrose Young foi o único dos cinco garotos que partiram para a guerra que retornou. Antes, ele era lindo, fazia o maior sucesso com as garotas, era o campeão de luta livre da escola e da cidade de Hannah Lake. Tinha o tipo de beleza que poderia figurar nas capas dos livros de romance que Fern Taylor devora desde os treze anos. Fern apaixonou-se por Ambrose aos dez anos e desde então, nutre uma paixão platônica por aquele que ela considera inatingível para os seus padrões de beleza, ou a falta deles. É, a garota tem complexo de patinho feio, mas se lhe falta beleza (ou confiança), sobra inteligência e um talento nato com as palavras. E é assim que ela consegue chamar a atenção de Ambrose pouco antes dele partir para a guerra.

Além dos protagonistas, é importante fazer referência àquele que muitas vezes roubou toda a atenção para si. Bailey, o melhor amigo e primo de Fern, tem distrofia muscular. Desde pequeno aprendeu a conviver com as limitações (cada vez mais duras) impostas pela doença, e as compensou com um senso de humor apurado e uma resiliência admirável. É dele alguns dos vários momentos memoráveis da história, e é ele quem acaba nos levando às lágrimas.

“Ambrose sabia como era ser saudável, ser perfeito, ser Hércules. Como era cruel cair subitamente de tal altura. A vida tinha dado outro rosto a Ambrose, e Fern se perguntava se ele seria capaz de aceitá-lo. ” (Página 127)

Com o retorno de Ambrose, há toda a problemática envolvendo a aparência do rapaz, que passa a se isolar de tudo e de todos. Mas, também há o luto coletivo da pequena cidade que perdeu quatro de seus filhos de uma vez só. Há o futuro colocado em pausa por causa da guerra e que agora foi abortado; há a culpa sentida por Ambrose por ter convencido os amigos a partirem junto com ele e ser o único a voltar; há a cobrança dos pais que perderam seus filhos; e há também a solidariedade e o amor inabalável de uma garota, que não descansará até romper a muralha protetora que mantém Ambrose isolado. E Harmon, como escrevi no começo desta resenha, não se restringe ao casal principal: há toda a problemática envolvendo Bailey e o fato da sua doença não o impedi-lo de tentar fazer o que é certo; há as dinâmicas familiares, famílias desfeitas antes mesmo de começar, famílias que nunca deveriam ter começado e família nas quais o apoio é lema constante. E há muita luta livre, um pouco de mitologia e um tanto de cartas, romances de questionários que ajudam a temperar essa história. Pode até não haver muitos motivos para riso com a trama de Harmon, mas a mensagem que fica é de esperança e de superação.

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