Astronauta – Magnetar (Danilo Beyruth)

Astronauta-Magnetar

“No mar, me dediquei a desfrutar desse exercício de descobrir a proximidade por meio da distância. E, de quando em quando, só por prazer, de o inverter. Aos leitores desse solitário Astronauta, em que Danilo Beyruth reinterpreta o clássico de Mauricio de Sousa, desejo que desfrutem do mesmo prazer.” (Amyr Klink – navegador e escritor)

Astronauta – Magnetar marca o lançamento do selo Graphic MSP e por se tratar de um personagem de menos visibilidade entre tantos outros criados pelo Mauricio, não parece ser uma escolha óbvia para marcar o début de um selo que tem por objetivo apresentar releituras dos personagens do Mauricio. Quando criança, lembro que as histórias do Astronauta não figuravam entre as minhas favoritas. Ainda assim, nunca deixava de ler as histórias daquele cara que passava tanto tempo sozinho no espaço e que muito esporadicamente voltava a Terra para visitar seus pais e a garota por quem era (é) apaixonado, Ritinha. Mas, as histórias do Astronauta sempre tiveram um tom mais adulto, mais melancólico e filosófico, que você só passa a curtir quando mais velho. E todas essas características combinaram muito bem com o enfoque dado por Danilo Beyruth em sua releitura do personagem. O enfoque é na solidão enfrentada pelo personagem, sua escolha de carreira e o que ela representou para as outras partes de sua vida, e o espaço, seus fenômenos físicos e seus mistérios.

Apesar da história se passar quase que totalmente no espaço, Beyruth não deixa de resgatar a infância do Astronauta, seu relacionamento com o avô, com os pais e com a Ritinha e interliga-os muito bem em sua trama. Aqui, o Astronauta está em uma missão para coletar mais informações sobre um curioso corpo celestial, o Magnetar. O tema Magnetar foi sugerido por Eduardo Cypriano do Instituto de Astronomia, Geofísica e Ciência Atmosférica da USP, durante a consultoria que ele prestou a Beyruth. E no geral, os conhecimentos astrofísicos foram respeitados, mas, algumas licenças poéticas tiveram que ser feitas em prol da fluidez da história. Essas incongruências perante as leis da física, a gente releva que é para melhor aproveitar a história, e o melhor é que elas nos são justificadas pelo próprio Beyruth em nota no final da hq contendo um glossário bastante elucidativo dos temas trabalhados. Mas, voltando a trama. Durante sua missão, o Astronauta enfrenta problemas que acabam deixando-o à deriva no espaço e colocando sua vida em risco.

Os traços do Beyruth remetem toda essa solidão e a seriedade do personagem, e combinado com as cores da Cris Peter, nos imerge em toda a imensidão do espaço. O recurso utilizado por Beyruth para evidenciar o transcorrer dos dias e toda sua monotonia foi uma ótima sacada. Não sei se o fato de começar a ler essa história sem grandes expectativas foi o que me fez gostar tanto dela. Mas, o fato é que a história de como o Astronauta se tornou um náufrago no espaço e mais do que nunca teve que aprender a conviver consigo mesmo, seus medos, receios, dúvidas, arrependimentos e tudo o que perdeu com a escolha de vida que fez, é cativante e foi muito bem contada. Acho que até então, nunca havia gostado tanto de uma história envolvendo o personagem.

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ASTRONAUTA-MAGNETAR (1)

Os extras como sempre seguem trazendo informações interessantes sobre a (re)construção do personagem e da trama: os primeiros esboços, testes, primeira versão do roteiro, personagens que não entraram na trama final e ideias que foram abandonadas. Também há informações sobre o Astronauta original. Sua criação em 1963 para rivalizar com os quadrinhos do Flash Gordon e do Buck Rogers, as mudanças no visual ao longo do tempo e um breve histórico do personagem, com direito a inclusão da tirinha de estreia do personagem. No fim, Beyruth conseguiu provar por A mais B que essa foi uma excelente escolha para dar o pontapé inicial nesse projeto. Até o momento já li três títulos do selo, oito já foram publicados e outras já foram anunciadas. Pela experiência que tive até o momento, só posso desejar vida longa e próspera ao selo Graphic MSP.

Títulos já lançados pelo selo:

1° Ciclo:

  • Astronauta – Magnetar (Danilo Beyruth)
  • Turma da Mônica – Laços (Vitor Cafaggi & Lu Cafaggi) [Resenha]
  • Chico Bento – Pavor Espaciar (Gustavo Duarte)
  • Piteco – Ingá (Shiko)

2° Ciclo:

  • Bidu – Caminhos (Eduardo Damasceno & Luís Felipe Garrocho) [Resenha]
  • Astronauta – Singularidade (Danilo Beyruth)
  • Penadinho – Vida (Paulo Crumbim & Cristina Eiko)
  • Turma da Mônica – Lições (Vitor Cafaggi & Lu Cafaggi)

Títulos anunciados:

  • Papa-capim
  • Turma da Mata
  • Louco

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8 Comentários

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8 Respostas para “Astronauta – Magnetar (Danilo Beyruth)

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