“Todo mundo sonha acordado, como um cientista, de alguma forma. Fantasias elaboradas com disciplina são a grande fonte de todo o pensamento criativo. Newton sonhava, Darwin sonhava, você sonha. As imagens evocadas são a princípio vagas. Elas podem variar de formato e surgir ou desaparecer. Elas se tornam um pouco mais sólidas quando desenhadas em diagramas em blocos ou folhas de papel, e ganham vida à medida que se buscam e se encontram exemplos reais. ” (Página 31)
Provavelmente não há um biólogo do campo da zoologia, ecologia, e/ou evolução que não tenha ouvido algo sobre Edward O. Wilson. Em algum momento da graduação, você conheceu ou conhecerá um pouco mais sobre esse cientista, que escolheu estudar as formigas e que fez importantes contribuições nas áreas da sociobiologia, da biogeografia de ilhas e do comportamento das formigas. Mas, acima de tudo, pelo seu comprometimento em proteger a biodiversidade da Terra e em compartilhar o conhecimento científico por meio de diversos livros publicados, muitos deles, voltado ao público geral como o A Criação: como salvar a vida na Terra ou Diversidade da Vida.
Em Cartas a um Jovem Cientista, seu público é um pouco mais focal, mas ainda assim é abrangente no sentido de não se direcionar apenas aos aspirantes as carreiras científicas nas áreas biológicas, mas também em outras áreas da ciência como a química e a física. Escrito no formato de epístolas, Wilson compartilha vinte cartas sobre o amor pela ciência e o prazer pela descoberta. E Wilson tem muitas histórias para compartilhar. Histórias de quando era garoto e colecionava insetos, de quando passou um tempo interessado pelas serpentes na época que fora escoteiro, e de como acabou escolhendo as formigas para serem suas companheiras pelo resto de sua vida científica. Seus primeiros passos na academia, suas expedições em busca de seus graais, seu envolvimento com os projetos de seus orientados e sua dedicação para fornecer a eles todo o suporte necessário para o bom encaminhamento de suas pesquisas.
Partindo da paixão que muitas vezes é (ou pelo menos deveria ser) a mola propulsora para se decidir pela carreira científica, Wilson discorre sobre o processo criativo, as ferramentas necessárias para se dar bem na ciência, a importância da escolha dos seus mentores, a coragem para encarar o desconhecido, a renovação diária da curiosidade e a ética que deve pautar toda a carreira de um bom cientista. Tudo ilustrado por suas experiências: seus sucessos, fracassos e histórias curiosas. Situações que poderiam muito bem, estar retratadas em uma biografia, mas que aqui nos ajudam a perceber o quão bela e o quão recompensadora (e não estou me referindo à parte material) a ciência pode ser.
Os textos são tão claros, fluídos, bem-humorados e repletos de entusiasmo que arrisco dizer que mesmo aqueles que não gostam de ler cartas podem curtir muito a experiência. Leitura mais do que recomendada para os que pretendem iniciar a carreira na ciência, afinal, algumas dicas não são tão válidas quando você já definiu seu campo de estudo há algum tempo. Mas, também é uma leitura inspiradora para aqueles que já colecionam sua parcela de vitórias e fracassos. Algumas dicas, são para a vida toda.
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