“Seu recém-descoberto respeito por Armstrong e Aldrin apenas cresceu. Nenhuma palavra parecia capaz de captar a beleza e a lugubridade deste lugar. Mas eles haviam conseguido. Especialmente Aldrin. Ele saíra do módulo e comunicara à Terra as únicas palavras possíveis. Magnífica. Magnífica desolação. ” (Página 132)
172 horas na Lua, do norueguês Johan Harstad, foi publicado originalmente em 2012 e este ano a Novo Conceito decidiu publicar o livro no Brasil. Eu confesso que não sou muito fã de livros com uma vibe meio de terror, mas o fato de Harstad ter situado sua história na Lua, fazendo um resgate da era de ouro das viagens espaciais e as campanhas da Nasa, foi algo que me deixou curiosa e me fez pedir o livro para avaliação.
A trama de Harstad tem início em 2010 quando um grupo de alto escalão do governo norte-americano decide que quer realizar novas expedições à Lua, mais especificamente à estação lunar DARLAH2, nunca antes utilizada. Os interesses são escusos e envolvem uma misteriosa entidade avistada durante a última missão ao satélite terrestre. Mas, para mascarar os reais interesses e atrair a atenção da mídia, eles decidem “vender o projeto” como uma espécie de viagem a uma Disney high-tech, leia, enviar adolescentes à Lua junto com os astronautas! E eles decidem fazer disso um concurso internacional. Aliás, o site da inscrição citado no livro, realmente existe e acredito que deva ter sido funcional (aceitando as inscrições e tudo o mais) na época do lançamento do livro. E é assim, que em 2018, conhecemos a norueguesa Mia, a japonesa Midori e o francês Antoine, os três jovens escolhidos para viver essa aventura.
Passando por todas as etapas: planos iniciais, concurso, apresentação dos adolescentes, treinamento e investimento no background envolvendo o grande mistério da trama, se vão muitas e muitas páginas. Quase metade da narrativa se passa antes da viagem propriamente dita. Então, as 172 horas não parecem ser tão longas assim. E mesmo com tantas páginas de preparação, senti falta de um maior aprofundamento no relacionamento dos três jovens, ora, se se gastou tantas páginas no período pré-viagem e eles tiveram que passar por um treinamento, porque não investir mais nas relações? Um breve arremedo de tentativa é feito em um capítulo pouco antes da decolagem, mas foi apenas um ensaio. Por consequência, partimos para essa aventuram sem ter ideia do potencial de Mia, Midori e Antoine juntos, sem eles terem nos cativado. Isso, tornou a leitura fria. É difícil se apegar.
Outro artifício utilizado por Harstad que até gostei no início, mas que ao longo da narrativa foi me irritando, foi a demasiada utilização de imagens e fotografias relacionadas aos fatos abordados nos capítulos que estão incluídas. Algumas imagens são interessantes e realmente complementam o texto, mas o excesso, acabou tornando algumas imagens bastante dispensáveis, que nada acrescentaram à narrativa. No mais, Harstad foi feliz em conseguir manter o suspense e conseguir encaminhar a narrativa a uma situação desesperadora crescente. O medo e o sofrimento da perda, só não foram maiores porque ele pouco investiu em tornar seus personagens críveis e próximos ao leitor. Não há como não ficar com a suspeita de que a leitura poderia ter sido ainda mais aterrorizante. Mas, também é preciso elogiar o bom uso que ele fez dos fatos e da história da astronomia, astrofísica e da corrida espacial para dar suporte à trama. Então, apesar dos pesares, a leitura foi interessante. Para quem gosta de suspense, uma atmosfera sci-fi, tramas espaciais e uma dose de drama adolescente, 172 horas na Lua pode ser uma boa pedida.
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