Birman Flint e o Mistério da Pérola Negra (Sergio Rossoni)

Birman Flint

“Flint era um gato magro demais, esguio demais para a sua idade. Pouco se sabia sobre ele, filho de uma cantora de ópera cuja passagem por Siamesa havia selado seu destino ao conhecer Theodor Flint, um elegante e sedutor gato, considerado um excêntrico aventureiro, que parecia ter deixado como herança para seu único filho a vocação para farejar uma boa encrenca, que no seu caso, servira-lhe profissionalmente. ” (Página 29)

Birman Flint é repórter do Diário do Felino, ele também é um gato. Em seu romance de estreia, Sergio Rossoni, talvez inspirado pela obra icônica orwelliana, também escolheu os animais para retratar a sociedade humana, e, ainda que o foco não seja satirizar a Rússia e o governo stalinista, é também na Europa Oriental que se passa sua trama. Só que a inspiração aqui foi a última dinastia imperial russa, e assim, os Romanov viraram os Ronromanovich. E além de gatos, há ratos, camundongos, lobos, galos, esquilos e tigres só para citar alguns.

O ano é 1920 e a história tem início no Porto de Siamesa em Françoaria. Karpof Mundongovich, um camundongo e agente imperial da Rudânia, e ao que parece agente duplo, tem sua vida ceifada porque suas ações começaram a colocar em xeque uma operação secreta contra o império rudanês. Mas, antes do seu suspiro final, Karpof consegue deixar sua morte em evidência e deixar pistas sobre os planos conspiratórios.

Gallileu Ponterrouax, um galo, é o detetive responsável pelo caso e como está acostumado a trabalhar tendo ajuda do amigo, ele logo chama Birman Flint e seu auxiliar, o camundongo Bazzou. Eles partem para Moscóvia para trabalhar em conjunto com a polícia imperial, e logo se veem envolvidos em segredos e lendas da família imperial, membros de uma antiga seita e uma conspiração que ameaça todo o império.

A trama criada por Rossoni é interessante, mas a narrativa acabou ficando muito arrastada. Eu, particularmente, gosto de livros descritivos, mas as descrições pormenorizadas (principalmente dos cenários) acabaram passando da conta e a impressão que ficou foi que elas estavam ali apenas para preencher espaço, não contribuindo para o desenrolar da história. Não foi à toa que demorei tanto para terminar o livro. A obra também urge por uma revisão criteriosa. O texto contém muitos erros e são tantos que atingiram um ponto que passaram a irritar.

Para completar, quando comecei a ler o livro, já sabia que se tratava de uma série, mas poxa, era necessário um final tão aberto assim? A impressão que passa é que ficaram faltando algumas páginas. A história termina abruptamente, sem concluir nada. Eu entendo que é preciso preparar o gancho para a continuação, mas é preciso encerrar a trama do primeiro livro à contento e não foi o que aconteceu. A história tem potencial, os personagens são interessantes e a ideia de criar um mundo de animais ocupando o nicho da espécie humana foi bem criativa, mas, ao menos para mim, não funcionou.

PS: Fui só eu ou mais alguém (para os que já leram o livro) notou a incongruência das moradias versus tamanho de seus habitantes? Mundongovich (um camundongo) morava em uma casa grande o suficiente para Ponterrouax (um galo deveras grande) entrar (utilizando uma chave – que me fez perguntar a que altura ficava o trinco dessa porta e qual o tamanho da chave) e vasculhá-la confortavelmente. Tem espaço até para caber um lobo (simultaneamente)! Noção de espaço para que não é mesmo?

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Arquivado em Editoras Parceiras, Resenhas da Núbia

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