Louco – Fuga (Rogério Coelho)

E já estamos no décimo volume das Graphic MSP, e se com a releitura de A Turma da Mata não houveram grandes expectativas (e foi uma surpresa bastante agradável), com a adaptação do Louco elas estavam lá em cima. Desde quando fiquei sabendo que haveria uma Graphic MSP do personagem, já estava ansiosa pela publicação. O personagem com alguns parafusos a menos e que adora pegar no pé do Cebolinha sempre rendeu histórias divertidas e o Rogério Coelho conseguiu fazer jus a esse histórico, entregando, na minha opinião, uma das melhores histórias publicadas pelo selo.

Uma das coisas mais legais envolvendo essa adaptação, reside no fato do Rogério Coelho ter sugerido, por sua própria conta e risco, fazer uma história para o Louco. Lá em 2013, ele enviou alguns esboços (que podem ser vistos nos extras) de sua trama para o Sidney Gusman. Ele realmente queria criar uma história para o Louco, mesmo que até então não houvesse uma previsão de uma adaptação para o personagem. O projeto acabou ficando em suspenso e finalmente, em novembro do ano passado, ganhou os papeis.

Em Louco – Fuga, Licurgo Orival Umbelino Cafiaspirino de Oliveira está fugindo dos guardiões do silêncio, robôs que mantém preso um pássaro. Um pássaro que o Louco está determinado a salvar, enquanto ele mesmo foge dos guardiões através das histórias.

A história do Rogério Coelho está repleta de simbolismos e os seus traços e cores são muito bonitos e expressivos. Ele conseguiu deixar os robôs expressivos! Algumas páginas são tão bonitas que dá vontade de emoldurar e transformar num quadro. Além disso, as páginas dessa HQ dão um novo significado a palavra continuidade. Os desenhos fluem de uma página a outra, o que transmite muito bem a ideia de movimento, da fuga desenfreada do Louco em meios às páginas desta história. Uma história que passeia pelo Bairro do Limoeiro, que conta com a participação especial da Turminha e do Cenou… ops Cebolinha. E na qual há espaço para que referências marcantes das histórias do Louco estejam presentes. Quem aí não lembra de quando múltiplos Loucos apareciam em uma história?

A trama construída pelo Rogério é tão non sense como uma história do Louco deve ser, mas não poderia ser mais repleta de significados. Com o pássaro, mantido refém pelos guardiões do silêncio, ele trabalha todo esse mundo criativo das histórias em quadrinhos. A história pode até ser do Louco, mas o que o Rogério faz é uma ode a todo o universo de histórias imaginado por Mauricio. É emocionante. Têm referências aos desenhos originais do Mauricio e todos os novos desenhos das releituras das Graphic MSP: Piteco, Bidu, Turma da Mônica, Turma da Mata, Astronauta, Penadinho, Chico Bento, Turma da Mônica Jovem, Chico Bento Moço…. É impossível não ter uma sensação de conclusão das Graphic MSP, o que claramente não é já que um novo volume já foi lançado. Bom, mas ao menos podemos imaginá-lo como o fechamento de um ciclo bem-sucedido de publicações. Seria legal ter um vigésimo volume novamente estrelado pelo Louco e conduzido com maestria pelo Rogério Coelho. O Louco bem que podia visitar algumas outras histórias…

PS: O Louco foi criado pelo irmão do Mauricio, o Marcio Araujo, em 1973.

Títulos já lançados pelo selo:

• Astronauta – Magnetar (Danilo Beyruth) [Resenha]
• Turma da Mônica – Laços (Vitor Cafaggi & Lu Cafaggi) [Resenha]
• Chico Bento – Pavor Espaciar (Gustavo Duarte) [Resenha]
• Piteco – Ingá (Shiko) [Resenha]
• Bidu – Caminhos (Eduardo Damasceno & Luís Felipe Garrocho) [Resenha]
• Astronauta – Singularidade (Danilo Beyruth) [Resenha]
• Penadinho – Vida (Paulo Crumbim & Cristina Eiko) [Resenha]
• Turma da Mônica – Lições (Vitor Cafaggi & Lu Cafaggi) [Resenha]
• Turma da Mata – Muralha (Artur Fujita, Roger Cruz e Davi Calil) [Resenha]
• Louco – Fuga (Rogério Coelho)
• Papa-capim – Noite Branca (Marcela Godoy e Renato Guedes)

Títulos anunciados:

• Mônica (Bianca Pinheiro)
• Astronauta 3 (Danilo Beyruth)
• Bidu 2 (Eduardo Damasceno & Luís Felipe Garrocho)

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