O Planeta dos Macacos (Pierre Boulle)

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Desde que o romance de Pierre Boulle foi publicado, em 1963, já contava com certa notoriedade no mundo literário. Uma notoriedade que só aumentou desde o lançamento da primeira adaptação do livro para o cinema em 1968. Depois disso, várias adaptações e continuações foram produzidas. Algumas mais próximas à trama original e outras bem distantes da trama criada por Boulle. Com o reboot da franquia e o lançamento de Planeta dos Macacos: A Origem em 2011, o interesse sobre a obra de Boulle reacendeu. E a editora Aleph, muito sabiamente em 2015, resgatou essa obra icônica da ficção científica, com uma edição que também conta com uma entrevista concedida por Boulle em 1972, um ensaio jornalístico sobre a vida do autor, além de um posfácio escrito pelo pesquisador de ficção científica Braulio Tavares.

A história de Boulle nos é entregue encapsulada. É um casal de cosmonautas em viagem turística pelo espaço que a encontra: uma garrafa contendo um manuscrito. Um documento contendo as memórias de Ulysse Mérou, um jornalista que um dia decidiu se aventurar em uma viagem espacial, na companhia de mais dois cosmonautas, em direção à estrela Betelgeuse na Constelação de Órion.

“Durante a viagem, em nossas conversas a respeito de eventuais contatos com seres vivos, evocávamos criaturas disformes, monstruosas, com um aspecto físico bem diferente do nosso, mas sempre supúnhamos tacitamente nelas a presença do espírito. No planeta Soror, a realidade parecia completamente ao avesso: estávamos às voltas com habitantes semelhantes a nós do ponto de vista físico, mas que pareciam completamente destituídos de razão. Era de fato esta a significação do olhar que me perturbara em Nova e que encontrei em todos os outros: a falta de reflexão consciente, a ausência de alma. ” (Página 36)

Esses são os moradores com quem ele e seus companheiros se depararam no luxurioso planeta, que eles nomearam de Soror. Humanos bestiais que vivem como feras selvagens, e pasmem, símios que se comportam como os humanos da Terra. Ulysse acaba sendo capturado por tais símios e vendido para um instituto de pesquisa onde é submetido a inúmeros testes, estranhamente muito similares aos praticados na Terra. Nessa primeira parte, Boulle trabalha a desumanização do protagonista, que se vê podado de sua liberdade e sua capacidade de se comunicar e que acaba desistindo de se fazer notado e deixa seus instintos aflorarem. A crítica aos extremos da ciência é clara. Até que ponto podemos avançar em busca do conhecimento? Até que ponto o domínio de uma espécie sobre outras pode ser utilizado para justificar os avanços no campo científico, ou a melhoria da vida da espécie dominante?

Com esses questionamentos, Boulle quebra a resignação de seu protagonista que passa novamente a lutar para ser notado. Aqui estabelece-se a parceria de Ulysse e a pesquisadora chimpanzé Zira. É a partir deste momento que Soror começa nos ser desvendada. Sua organização política, sua estrutura social, os conhecimentos culturais e científicos e como eles são compartilhados na sociedade. Culminando com o resgate de histórias do planeta que narram um passado sombrio e de grandes revoluções sociais.

O final dessa história é impactante porque reforça todas as críticas que vêm sendo feitas ao longo da narrativa. Mas, não é surpreendente já que a trama claramente se encaminha para esse fim (mas, isso pode também ser claro, somente por causa das implicações trabalhadas no primeiro filme do reboot), lá em 1963 esse final deve ter deixado alguns leitores embasbacados. E ele pode até não causar surpresa hoje, mas suscita questionamentos tão válidos em 1963 quanto atualmente, se não mais agora. Um clássico da literatura de ficção científica que merece ser descoberto pelos que curtem o gênero e também para aqueles que só conhecem a história pelos filmes.

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5 Comentários

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5 Respostas para “O Planeta dos Macacos (Pierre Boulle)

  1. Nossa, me deu vontade de ler. Apenas assisti o reboot, mas acho que vou procurar ler Planeta dos Macacos!

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  2. Amo esse livro. Quase me caguei quando li o final.

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  3. Val

    Não sabia sobre o livro. Acho q tenho um pequeno preconceito conta ficção científica, mas tenho vistos tantos posts legais sobre o tema, como o seu, que estou curiosa para desbravar essa literatura. Também escrevo sobre livros no meu blog, dê uma passadinha, se desejar!
    Bjs
    http://1pedranocaminho.wordpress.com

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  4. Pingback: Dia da Toalha (ou o Dia do Orgulho Nerd) – Sugestões de Livros | Blablabla Aleatório

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