O Palácio da Meia-Noite (Carlos Ruiz Zafón)

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O Palácio da Meia-Noite foi o segundo romance publicado por Zafón e, juntamente com seu antecessor (O Príncipe da Névoa) e o As Luzes de Setembro compõem a Trilogia da Névoa. Mas, como já havia dado para perceber desde a leitura do primeiro livro, o agrupamento desses livros em uma trilogia é artificial e cada qual funciona perfeitamente como um romance único. Os personagens e as tramas são distintos e as histórias tomam formas em lugares tão díspares quanto um vilarejo no litoral do Atlântico ou em Calcutá. Talvez o único denominador comum entre os livros seja a Névoa e o que ela representa: o sobrenatural, os perigos representados pelo oculto e a atmosfera sufocante que Zafón consegue imprimir tão bem em seus romances.

Em O Palácio da Meia-Noite Zafón nos convida a acompanhá-lo em Calcutá. Em 1916, um homem está em fuga desenfreada para salvar a vida de dois bebês gêmeos de um homem (uma entidade?) sobrenatural que matou a mãe das crianças e agora as quer mortas também. Para mantê-los a salvo, as crianças são separadas. A menina (Sheere) fica com a avó materna e o menino (Ben) é entregue no orfanato St. Patrick’s. E, durante um tempo a ameaça arrefeceu. Até maio de 1932. Prestes a completarem dezesseis anos, Ben e Sheere se reencontram e o passado da família e o homem que os caça deverão ser enfrentados.

“A ironia do destino quis que fosse eu, o menos indicado, o pior dotado para a tarefa, que tivesse a responsabilidade de relatá-la e revelar o segredo que há tantos anos nos uniu e, ao mesmo tempo, nos separou para sempre na estação de trem de Jheeter’s Gate. Teria preferido que outro fosse o encarregado de retirar essa história do esquecimento, porém mais uma vez a vida demonstrou que meu papel é de testemunha, não de protagonista. ” (Página 10)

A narrativa, uma mistura de história narrada em terceira pessoa e “romance epistolar” com as reminiscências de Ian (companheiro de orfanato e melhor amigo de Ben) direcionadas ao leitor, compôs uma boa mistura. E garantiu o tom melancólico que contribuiu para impregnar essa história com um ar ainda mais saudosista e sobrenatural. Além disso, a inclusão da Chowbar Society à trama foi um adendo que dotou essa história com um tom aventureiro. Esta sociedade, composta por alguns garotos e garota do orfanato funcionou durante anos como uma fonte de identidade para esses jovens sem passado e os permitiu cultivarem uma amizade sincera e abnegada, daquele tipo que os fazem partir em ajuda a um companheiro sem temor ou dúvida. E assim, Zafón garantiu personagens cativantes. Mesmo o silencioso Michael e o taciturno Seth deixaram sua marca.

Ainda prefiro Zafón se enveredando pelos becos e esquinas das ruas de Barcelona, mas ele conseguiu fazer um bom trabalho em Calcutá também. Aliás, a trama de O Palácio da Meia-Noite rendeu uma história ainda mais sombria do que a do primeiro livro dessa trilogia.

Conheça a Trilogia da Névoa:

  1. O Príncipe da Névoa [Goodreads][Skoob][Resenha]
  2. O Palácio da Meia-Noite [Goodreads][Skoob]
  3. As Luzes de Setembro [Goodreads][Skoob]

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