Mitologia Nórdica (Neil Gaiman)

Não comece a ler este livro achando que se trata de um romance do Gaiman tendo por base a mitologia nórdica (para isso leia Deuses Americanos e aproveite para acompanhar a série de tv também), vi várias pessoas achando isso (não devem ter lido a sinopse) e se decepcionando durante a leitura. O que Gaiman se propôs a fazer em Mitologia Nórdica foi resgatar alguns contos escandinavos, conferindo-os um estilo mais atual (meta alcançada por causa do seu estilo narrativo), para que se tornasse mais palatáveis e emocionantes para o leitor minimamente interessado em aprender um pouco mais sobre Odin, Thor, Loki e outros deuses nórdicos. Não foi à toa que ele escolheu garimpar a Edda em Prosa e o Edda Poética, ambos compêndios do século XIII, para escolher as histórias que iria recontar. Há relatos mais recentes, lidos e admirados por ele, mas ele queria que outros, mais antigos, pudessem estar mais facilmente ao nosso acesso. Pode não ser uma história inédita de Gaiman, mas o livro ganha importância ao nos fornecer um novo material que pode ser lido, relido e utilizado como futura referência para os que quiserem conhecer mais alguns desses mitos nórdicos. Qualquer fã de Tolkien e do próprio Gaiman, ambos influenciados por essa mitologia em suas obras – Gaiman até mesmo colocou alguns desses deuses como personagens em suas histórias, fará bom uso desse material. E não nos esqueçamos dos leitores do Rick Riordan também, quem está lendo a trilogia Magnus Chase e os deuses de Asgard vai reconhecer algumas das histórias que o autor ‘reciclou’ em sua trama. Se você está acompanhando as aventuras de Magnus, considere adicionar este à sua estante. Perceber de onde Riordan retirou os elementos que ele utilizou é muito divertido.

Muitas lendas nórdicas se perderam. Várias histórias fazem referências a outros deuses e sagas que não existem mais. Gaiman cita deusas em seu prólogo das quais ele adoraria escrever suas histórias, mas para as quais só sabemos o nome. Pensar no tanto de material que deixamos de conhecer dá uma tristeza. E essa perda transparece em alguns contos resgatados por Gaiman que acabam abruptamente, afinal nem a melhor capacidade narrativa de todas é capaz de suprir lacunas quando se está tentando manter a maior fidelidade possível.

“Quando terminei de escrever estas histórias e as li em sequência, fiquei surpreso ao descobrir que elas pareciam uma jornada, indo do gelo e do fogo que originaram o universo até o fogo e o gelo do fim do mundo. ” (Página 13)

Mitologia Nórdica traz quinze contos e como bem evidenciado por Gaiman eles estabelecem uma jornada do início do universo até o fim do mundo, o famoso Ragnarök. Entre alguns contos essa linearidade temporal é mais tênue e há grandes lacunas entre alguns fatos, em outros ela é mais evidente e os contos formam blocos coesos. E assim, partimos do conto “Antes do Princípio, e o que veio depois”, que fala sobre a origem dos mundos, do surgimento do primeiro gigante e do primeiro deus e sobre a criação dos homens; e, conhecemos mais sobre Yggdrasill (A Árvore do Mundo) e os nove mundos; sobre como Mímir perdeu sua cabeça e Odin um de seus olhos; como alguns deuses conseguiram seus maiores tesouros (é, estou falando do Martelo de Thor, mas há outros tesouros tão bons quanto); aprendemos mais sobre Loki e seus filhos, o nascimento incomum de Sleipnir (o corcel de Odin) e o destino catastrófico atrelado aos seus filhos com a gigante Angrboda. Aprendemos como a poesia e as constelações surgiram; tomamos conhecimento de algumas das aventuras de Thor e das conspirações de Loki, até daquela que ocasionou sua punição; e o fim chega com “Ragnarök: o destino final dos deuses”, um fim que chega na era dos homens e que é prenunciado por um inverno atípico (referências, referências e mais referências…).

Há histórias de amor, mas também há muita carnificina e ardis. E muita ironia e tiradas bem-humoradas que só podem ter advindo de Gaiman e seu jeito único de contar histórias. Com esses quinze contos ele retratou parte da riqueza dessa cultura que tem inspirado tantos artistas ao longo dos anos. Isso tudo entregue em um projeto gráfico muito bonito e que rendeu uma bela edição.

 

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