A Princesa Prometida, de William Goldman, foi publicado em 1973. Em 1987 ganhou um filme (com roteiro do próprio Goldman) que fez da obra um grande sucesso e com grande influência na cultura pop, sendo comum as referências à história de Buttercup e Westley. Apesar disso tudo, tenho de confessar que não conhecia a história de Goldman, nem nas páginas, nem nas telas. E, se não fosse por esse relançamento da Intrínseca, talvez nunca conhecesse essa história que mistura elementos de comédia, aventura, fantasia, romances de capa e espada, histórias de amor e contos de fada. Com tantos elementos diferentes, a história bem poderia ter se tornado uma salada russa, mas Goldman conseguiu colocar ordem na balbúrdia e entregou uma trama fluida, divertida, emocionante e com alguns personagens bastante cativantes (outros você só irá odiar mesmo).
“A Princesa Prometida de Morgenstern é um calhamaço de mil páginas. Consegui reduzir a trezentas. No entanto, não só cortei seus interlúdios satíricos; fiz cortes o tempo todo. Havia todo tipo de coisa, algumas brilhantes, das quais me livrei. (…)
Senti que tudo isso, embora empolgante e comovente, fugia da proposta principal da história. Segui a linha do amor verdadeiro e das grandes aventuras e acho que fiz a escolha certa. ” (Páginas 310 e 311)
Peraí, a Princesa Prometida é de William Goldman ou de Morgenstern? É no prefácio hilário em que Goldman cria para si uma vida fictícia que ele nos explica essa bagunça. A Princesa Prometida seria originalmente uma história escrita pelo florinense S. Morgenstern. Uma história lida por seu pai para ele quando ficou acamado aos dez anos. Aquele que ele considerava o melhor livro da sua vida até que já adulto percebeu se tratar de uma história cheia de partes chatas (habilmente cortadas por seu pai) e que implorava por uma nova edição. Tarefa que ele assume. A de criar uma nova edição de A Princesa Prometida somente com as partes boas. É aqui que a história de amor de Buttercup e Westley começa.
Buttercup, uma jovem camponesa que desde pequena só queria saber se cavalgar, mas que ao atingir a adolescência desabrochou em uma beleza que começou a chamar a atenção. Westley o garoto que trabalha para o pai de Buttercup e que cresceu fazendo todas as vontades da garota. Goldman já começa a quebrar as expectativas quando faz Buttercup se declarar à Westley e as mantém em suspenso com as agruras reservadas ao casal. Todos os desdobramentos dessa história que envolve tramas de assassinato, mortes, vingança, magia, um casamento bastante indesejado e um reencontro há muito esperado ocorre em poucas páginas. A narrativa de Goldman prende o leitor que não se permite largar o livro até saber o fim desta história. Tantos plot twists, tantos empecilhos à felicidade e aventuras bastante inverossimilhantes, só tornaram essa história ainda mais épica e difícil de largar.
Aliás, foi uma sacada bastante inteligente do autor mencionar a existência da outra versão do manuscrito, e por meio de suas intromissões constantes na narrativa, citar seus pontos fracos. Valorizou a história que ele nos entrega. A edição publicada pela Intrínseca, além do design maravilhoso, também traz as duas apresentações escritas pelo autor para as edições comemorativas de 25 e 30 anos, além de dois capítulos adicionais, com direito até a transcrição de um diálogo entre Goldman e Stephen King bastante interessante. Você pode até estar se perguntando o que Stephen King tem a ver com tudo isso, mas vai por mim, no final tudo faz sentido (ou não) e está aí a beleza da história de Goldman. É fácil entender como essa história se tornou um sucesso e se tornou uma grande influenciadora de produções mais recentes. É bem provável que você já tenha visto referências ao amor de Buttercup e Westley em outras obras, ou mesmo à Inigo Montoya e à Fezzik, que até então não tinham sido citados aqui, mas sem os quais não posso terminar este texto. Se permita conhecer a história de Goldman, ou de Morgenstern, tenho certeza de que irá gostar, ainda mais se tiver um pendor para os romances de capa e espada.
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