Em Logo, Logo a bióloga Kelly Weinersmith e o cartunista Zach Weinersmith exploram dez campos tecnológicos em desenvolvimento. Sim, isso mesmo, é um livro de divulgação científica. Nele os autores fornecem em cada capítulo um panorama sobre a tecnologia que está sendo apresentada, em que ponto ela está no momento, quais são os pontos em que precisa melhorar e como seu desenvolvimento mudará nossas vidas (para o bem e para o mal). Também há espaço para notas históricas e políticas sobre figuras que tiveram sua importância no tema que está sendo discutido, e algumas dessas notas são bastante peculiares.
O livro está dividido em três seções que exploram tecnologias que vão do macro ao micro. Na primeira seção está em foco o universo e Kelly e Zach além de esmiuçarem as diferentes proposições teóricas para baratear o lançamento de foguetes, vão além e também discorrem sobre a mineração em asteroides visando a obtenção de matéria prima para a colonização humana do espaço. Pode parecer ficção científica, e realmente muita coisa ainda é, mas há também muita ciência básica e muita tecnologia envolvida, e as projeções são empolgantes.
“Novas tecnologias quase nunca são obras de gênios isolados com uma boa ideia. À medida que o tempo passa, isso é cada vez mais verdadeiro. Determinada tecnologia do futuro talvez precise que algumas tecnologias intermediárias se desenvolvam antes, e muitas delas podem parecer irrelevantes ao serem descobertas. ” (Página 13)
Na segunda seção vamos às coisas, basicamente, tecnologias que podem mudar o nosso dia-a-dia da produção de energia por fusão nuclear à produção de remédios e alimentos por meio de organismos geneticamente modificados (os OGMs). Imagina só produzir energia na Terra repetindo a façanha do Sol, ou criar uma matéria programável que pode se transformar em qualquer objeto, de um computador a uma bicicleta. Construção robótica? Impressão 3D na construção civil? Claro! Tem espaço para falarmos sobre realidade aumentada também, quem joga Pokemon Go sabe do que estou falando, mas os autores não se restringem apenas à jogos e entretenimento, as mudanças que esta tecnologia pode implementar na nossa realidade são tremendas e todas são devidamente abordadas. Para finalizar, um pouquinho de genética. Manipulação de genes, produção de OGMs, combate de doenças com a produção de remédios ou com a modificação genética dos vetores das doenças (já ouviu falar do Projeto Aedes do Bem?). ‘Brincando’ um pouquinho mais com as possibilidades, que tal uma desextinção? Um mamute saindo por favor?
Finalmente, na última seção chegamos ao microcosmo do corpo humano e às tecnologias que podem revolucionar os tratamentos médicos, os transplantes de órgãos e quiçá aumentar nosso potencial cerebral com a ajuda de computadores. Ter escolhido apenas dez temas foi uma decisão acertada, mesmo com outros tantos temas interessantes que tiveram de ser abandonados pelo caminho – mas devidamente lembrados no capítulo final. Assim, esses dez temas puderam ser trabalhados em grandes detalhes, esmiuçados em seus desdobramentos e levados às consequências de suas implicações futuras. E, se o texto a princípio lhe parecer um pouco hermético pela quantidade de detalhes, não se preocupe, os detalhes mais técnicos logo são contrabalançados pelos exemplos repletos de cultura pop, pelas notas de rodapé bem-humoradas e pelos quadrinhos de Zach que deixaram o livro bem colorido e bastante divertido. Um prato cheio para os curiosos de plantão.
“Em O Mensageiro: The Go-Between, L. P. Hartley escreve que ‘o passado é um país estrangeiro’. Se isso é verdade, o futuro também é um país estrangeiro. Estamos em uma pequena e isolada nação chamada Presente, e até onde talvez pensemos que podemos ver, no fim das contas a curva do futuro dobra e desce, deixando-nos apenas a faixa estreita do horizonte.
Mas que horizonte! ” (Páginas 338 e 339)
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