Depois de ter descoberto o maravilhoso mundo mágico, e de finalmente se sentir querido, Harry não está disposto a voltar a viver entre seus tios trouxas, ainda que as férias de Hogwarts sejam torturantes já que é para lá que ele deve voltar. No início do segundo ano em Hogwarts é justamente esse medo que Rowling trabalha aqui. Com a inclusão de Dobby, o elfo doméstico e um dos personagens mais emblemáticos da saga, a possibilidade de não retornar à Hogwarts e depois de poder ser expulso dela ou mesmo vê-la fechada para sempre por causa dos acontecimentos tenebrosos que marcaram o segundo ano de Harry, se torna real. O início da trama da Câmara Secreta, tanto no livro quanto no filme, sempre me deixou aflita. Eu adoro o Dobby, mas sua introdução, com tudo o que ele apronta para “salvar” o Harry é de nos fazer puxar os cabelos, mas, ao mesmo tempo, como ficar com raiva de uma criaturinha tão esquisita, mas tão fofa? Jim Kay conseguiu exprimir isso muito bem em suas ilustrações.
[ A Mari também já falou sobre Harry Potter e a Câmara Secreta aqui no blog, confira a resenha dela neste link. ]
Aliás, é interessante perceber a mudança sutil na paleta de cores, que começam a ficar mais sombrias e daqui até o final da saga deverão seguir em crescendo, refletindo a ambientação da trama. Isso me deixa bastante curiosa pelo que Jim Kay pode ter aprontado no terceiro volume (e o que ele está aprontando no quarto). Mas, antes de chegarmos ao Prisioneiro de Azkaban, a Câmara Secreta proporcionou ilustrações realmente horripilantes e outras em que a mágica parece pular das páginas. Com a inclusão de tantos personagens peculiares e de novas criaturas mágicas, o Jim Kay realmente soube aproveitar as oportunidades, tornando essa jornada de releitura ainda mais prazerosa.
“ – Ele só me pôs na Grifinória – disse Harry com voz de derrota – porque pedi para não ir para a Sonserina…
– Exatamente – disse Dumbledore, abrindo um grande sorriso. – O que o faz muito diferente de Tom Riddle. São as nossas escolhas, Harry, que revelam o que realmente somos, muito mais do que as nossas qualidades. ”
(Página 253)
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