Heroínas Negras Brasileiras em 15 Cordéis (Jarid Arraes)

“Esquecidas da História

As mulheres inda estão

Sendo negras, só piora

Esse quadro de exclusão

Sobre elas não se grava

Nem se faz uma menção. ” (Página 97)

A autora nordestina Jarid Arraes tem se dedicado já há alguns anos em desvendar a história das mulheres negras que tiveram papéis importantes (mas que passaram despercebidos) na História do Brasil. Mas, mais do que conhecer, Jarid queria espalhar aos quatro ventos as histórias dessas mulheres. Vinda de uma família de cordelistas, foi natural que ela escolhesse o cordel como veículo para sua empreitada. Jarid escreveu muitos e muitos cordéis, destes, 15 foram reunidos no livro Heroínas negras brasileiras em 15 cordéis publicado pela Editora Pólen.

Com ilustrações de Gabriela Pires, é possível se enveredar pelos versos de Jarid enquanto conhecemos um pouco mais sobre as mulheres negras muitas vezes apagadas da memória coletiva:

Antonieta de Barros, jornalista catarinense, primeira deputada estadual negra em todo o Brasil.

Aqualtune, princesa africana, filha do rei do Congo. Foi escravizada e trazida para o Brasil. Quando estava grávida organizou uma fuga para Palmares. Ela era a avó de Zumbi.

Carolina de Jesus, trabalhava como catadora e nas horas vagas escrevia nas folhas de revistas e cadernos antigos, testemunhos de seu cotidiano. Foi daí que surgiu “Quarto de Despejo”, sua obra mais célebre.

Dandara dos Palmares, parceira de Zumbi. Uma guerreira que teria se suicidado para morrer em liberdade e não como escrava.

Esperança Garcia, escrava alfabetizada ilegalmente por padres jesuítas. Escreveu uma das mais antigas cartas de denúncia de maus tratos.

Eva Maria do Bonsucesso, negra alforriada, foi um raríssimo exemplo de uma mulher negra que conseguiu vencer um caso contra um senhor branco.

Laudelina de Campos, fundou a primeira associação de trabalhadores domésticos do Brasil.

Luisa Mahin, escrava alforriada que viveu como quituteira em Salvador (BA). Ela repassava bilhetes em seus quitutes, envolvendo-se em muitas rebeliões.

Maria Felipa, pescadora e marisqueira em Itaparica (BA). Teve participação ativa na luta pela independência da Bahia.

Maria Firmina dos Reis, é considerada a primeira romancista brasileira, tendo escrito o primeiro romance abolicionista brasileiro. Foi também a primeira professora concursada do estado do Maranhão.

Mariana Crioula, escrava que em 1838 participou da maior revolta de escravos do Rio de Janeiro.

Na Agontimé, esposa de um rei africano. Vendida como escrava foi parar no Maranhão onde fundou a Casa das Minas.

Tereza de Benguela, viveu em Mato Grosso no século XVIII, foi rainha quilombola, sob sua liderança o Quilombo de Quariterê resistiu por 20 anos até ser destruído.

Tia Ciata, baiana, levou o samba de roda ao Rio de Janeiro. Referência do samba e do candomblé.

Zacimba Gaba, princesa africana que ao ser escravizada foi levada para o Espirito Santo. Ali, junto com outros escravos, fugiu e fundou um quilombo.

Nem todas as histórias contidas aqui

Têm o seu final feliz

Na realidade muitas vezes

Um destino trágico se fez

Mas talvez por isso mesmo

O orgulho assim se fez

De poder conhecer essas mulheres

Que muito lutaram em nossa história

E que foram despojadas de toda glória

Ainda assim fica a lição

De resiliência e rebelião

Daquelas que com suas armas lutaram

Pelo futuro da nação.

No final fica um convite

Escrever seu próprio cordel

De uma heroína negra

Que seu passado marcou

Que no seu presente viva

Ou seu futuro fundou.

 

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