Eu, Miep, Escondi a Família de Anne Frank (Miep Gies & Alison Leslie Gold)

“(…) é uma história de pessoas comuns durante uma época terrível e extraordinária. Tempos que espero, de todo o meu coração, que nunca, nunca voltem. Minha história é para que nós, pessoas comuns em todo o mundo, saibamos o que aconteceu e jamais deixemos que isso se repita. ”

(página 10)

O Diário de Anne Frank pode não ser o livro mais lido no mundo, mas o relato pungente da adolescente judia que viveu durante dois anos escondida com a família e amigos em um sótão é mundialmente conhecida e constantemente descoberta por novos leitores. Em Eu, Miep, Escondi a Família de Anne Frank temos a oportunidade de captar nuances do período retratado por Anne Frank, desta vez por um olhar adulto. Não um que esteve acuado no mesmo sótão que Frank, mas que possibilitou que o esconderijo fosse viável e sustentável por um longo período. Que mesmo em sua relativa liberdade se compadeceu pelo cerceio ao que os outros estavam sujeitos e se colocou em risco para ajudá-los. Miep Gies trabalhou como secretária na empresa de Otto Frank (pai de Anne) e ela e seu marido Henk Gies ajudaram a esconder e deram suporte a família Frank de julho de 1942 a agosto de 1944.

O livro escrito em colaboração com Alison Leslie Gold traz as memórias de Miep, ela mesma uma refugiada da Primeira Guerra Mundial. Miep nasceu na Áustria, mas foi separada da família e enviada à Holanda aos 11 anos. Após esse período turbulento e de adaptação, passamos a acompanhar a vida de Miep no entreguerras, a ameaça ainda longínqua da Alemanha, mas que já provocava uma enorme diáspora de judeus para os Países Baixos; a chegada do casal Frank à Holanda, o emprego de secretária conseguido por Miep nos escritórios de Otto e a vida de relativa tranquilidade e bonança que todos levavam. Até que o nazismo se fortaleceu na Alemanha e começou a estender seus tentáculos para outros países. Em maio de 1940 os alemães invadiram a Holanda, dois anos depois, após uma convocação para campos de trabalho forçado recebida por Margot (a filha mais velha dos Frank) a família se estabelece no esconderijo do sótão, no número 263 da Prisengracht, onde estava localizada a empresa de Otto.

Passamos a acompanhar a vida no Anexo como Anne apelidou o esconderijo, pelos olhos de Miep, que era também quem levava para dentro informações do mundo lá fora: o funcionamento dos escritórios de dia, o fervilhar de vida no Anexo à noite; as maratonas empreendidas por Miep para conseguir comprar mantimentos para todos; as comemorações regadas à esperança; a experiência de Miep ao passar uma noite no Anexo; o destemor de seu marido ao atuar nas forças de resistência holandesa; a companhia constante do medo do Anexo ser descoberto e todos os planos virem abaixo.

Sabemos de antemão como essa história termina, e a percepção de que todo o sentimento de esperança que rondava aquele esconderijo acabou sendo esmagado pelo nazismo, permeia os relatos de Miep de uma tristeza que nos acompanha ao longo de toda a narrativa. O Diário de Anne Frank finda quando o esconderijo é descoberto e desmantelado pela Gestapo, no caso da narrativa de Miep, ela continua para nos entregar detalhes massacrantes do que esse período representou para os Frank e para todos os judeus. A separação da família, a certeza terrível de que os Frank não iriam mais se reencontrar; a sensação de culpa vivenciada pelos que sobreviveram; a incerteza sobre quem entregou a localização do esconderijo; os escritos de Anne ganhando o mundo. Você pode estar se perguntando por que ler mais sobre esse período e essa história quando já temos o diário de Frank, mas faço coro aos anseios de Miep. Nunca é demais ler sobre esse período da história. Porquê? Para que a memória coletiva desses períodos terríveis da nossa história não se perca, de forma que situações como essa não mais se repitam.

Leia uma amostra aqui:

 

Compre aqui:

Amazon Fnac
Publicidade

Deixe um comentário

Arquivado em Editora Vestígio, Editoras Parceiras, Resenhas da Núbia

Gostou do post, então comenta!

Preencha os seus dados abaixo ou clique em um ícone para log in:

Logo do WordPress.com

Você está comentando utilizando sua conta WordPress.com. Sair /  Alterar )

Foto do Facebook

Você está comentando utilizando sua conta Facebook. Sair /  Alterar )

Conectando a %s