Mary Flannery O’Connor nasceu na Georgia em 1925. Assim que se formou em Ciências Sociais, partiu para o norte em busca de novas experiências e de uma carreira literária. Em 1952, mesmo ano da publicação do seu primeiro romance, O’Connor descobriu que tinha lúpus, a mesma doença que matara seu pai. Acabara ali sua vida errante, tendo de voltar a vida no campo no sul. Ali, não se entregou a doença e escreveu mais um romance e mais trinta contos. “Um Homem Bom é Difícil de Encontrar e outras histórias” foi sua primeira coletânea de contos, publicada em 1955. Um perfeito retrato da famosa contista considerada um expoente da literatura gótica sulista. O grotesco, a tragédia, o conservadorismo, a religião, o preconceito, a mesquinhez humana, são elementos que estão presentes na obra.
“(…) não conseguiremos chegar a emissões zero apenas – ou sobretudo – andando menos de avião e carro. Assim como foram necessários novos testes, tratamentos e vacinas para o novo coronavírus, precisamos de novas ferramentas para combater as mudanças climáticas: maneiras carbono zero de produzir eletricidade, fabricar coisas, cultivar alimentos, refrigerar e aquecer nossos edifícios e transportar pessoas e produtos pelo mundo. E precisamos de novas sementes e outras inovações para ajudar os mais pobres – muitos deles pequenos agricultores – a se adaptar ao clima mais quente.” (Página 21).
Para impedir o aquecimento global e evitar os piores efeitos das mudanças climáticas precisamos reduzir os 51 bilhões de toneladas de gases de efeito estufa lançados anualmente na atmosfera para zero. Isso mesmo, zero! E isso tendo de aumentar a geração de energia e equalizar a sua distribuição, e em um assunto, que apesar de estar em voga, ainda encontra bastante resistência na sociedade e no meio político. É essa tarefa hercúlea, de falar sobre o aquecimento global e discorrer sobre prováveis soluções, que Bill Gates toma para si em “Como evitar um desastre climático”.
O aquecimento global pode ser inevitável, mas é possível desacelerar esse processo e isso é fundamental para pensarmos em visa a longo prazo. Com uma linguagem clara e concisa, mas bem referenciada e com inúmeras dicas de leituras extras, Gates em doze capítulos desmitifica o aquecimento global para o público leigo e transita por cada uma das atividades humanas que mais contribuem para a emissão de gases estufa, mostrando como o fazem, quais as possíveis soluções e os custos necessários para elas serem implementadas. Ele também se debruça sobre a tecnologia necessária para nos adaptarmos a um mundo mais quente; a importância das políticas públicas; e, sobre como cada um de nós pode contribuir para essa batalha.
“(…) quando imaginava – pressentimento terrível – um mundo privado até mesmo dos pretextos mais idiotas para escrever poemas (…), então eu intuía uma perda inestimável, uma perda não de obras de arte, mas da própria arte, e portanto infinita, o triunfo total do real, e me dei conta de que em um mundo assim eu engoliria uma cartela inteira de comprimidos brancos.” (Página 55).
Quando li a sinopse de Estação Atocha achei que a trama guardava muitas semelhanças com A Velocidade da Luz do Javier Cercas, a diferença residindo no caminho inverso traçado pelos protagonistas. Lá o protagonista espanhol ganha uma bolsa de estudos nos Estados Unidos, aqui é um americano, Adam Gordon, que parte para Madri com uma bolsa de estudos com um projeto para finalizar um longo poema sobre a Guerra Civil Espanhola. Mas, se o protagonista de Cercas respirava literatura, o de Lerner adora uma elucubração, principalmente quando o exercício o mantém alienado do seu projeto.
O romance de Lerner conta com muitas referências à literatura, música e artes visuais. Se você não tem uma leitura de apoio (com direito a ilustrações) como a da TAG, fazer uso da internet se torna essencial para poder visualizar as obras citadas pelo autor. Ainda que a desconexão artística vivenciada por Adam tente manter-nos alheios às artes que nos cercam, a imersão proporcionada pela narrativa de Lerner ainda assim nos convida a conhecer um pouco mais as obras de arte que seu protagonista entra em contato. Uma tarefa difícil, confesso, quando Adam é o que podemos chamar de cultivador da preguiça. Ele deixa a vida “levá-lo” no seu projeto, na sua experiência em um país no qual não se esforça realmente em aprender a língua, na sua entrega a arte. E ele é consciente disso. É como se fizesse questão de se manter em constante desconexão artística, mesmo quando imerso nela.
“(…) os cinco cercados por moscas verdes reconheceram enfim o que assomava sobre a espuma amarela da água: o rosto putrefato de um morto entre os juncos e as sacolas de plástico que o vento empurrava da estrada, a máscara preta que fervilhava com uma miríade de cobras negras, e sorria. ” (Página 18).
Quando Fernanda Melchor idealizou este livro, ela queria fazer um livro-reportagem. A notícia de um cadáver de um bruxo, encontrado num canal de irrigação em um vilarejo canavieiro, suspeito de ter sido morto por seu amante para vingar a doença que afligiu sua esposa supostamente por causa de feitiços feitos pelo bruxo em questão. Melchor queria enfocar o fato da bruxaria ser utilizada como motivo plausível para justificar crimes bárbaros, mesmo pelas autoridades policiais. Mas, as dificuldades de buscar dados em uma região dominado pelo narcotráfico e pela violência contra as mulheres, a fez optar por enveredar pelo campo da ficção.
“Sete Profetas que cercavam o Círculo de Pedras. Endarra, a honesta, com uma coroa de louros; Keric, o caridoso, oferecendo uma moeda; Pallas, o fiel, segurando um galho de oliveira; Nazirah, a sábia, carregando a tocha do conhecimento; Tarseis, o justo, segurando uma balança; Behezda, a misericordiosa, com as mãos estendidas; e o Viajante sem rosto. Sete estátuas para os sete homens e mulheres mais sábios da Antiguidade, que procuraram o conhecimento do destino do mundo para que pudessem servir melhor ao seu povo. Que tinham dado ao povo o poder das Quatro Graças dos Corpo. Que tinham vivido por mais de dois mil anos, guiando o seu destino. ” (página 93)
O Continente Pélagos é composto pelas cidades proféticas que foram fundadas pelos Sete Profetas, os homens e mulheres mais sábios da Antiguidade. Hoje, eles desapareceram deste mundo, assim como suas profecias, exceto uma, a que prenuncia a chegada da Era da Escuridão. É com essa premissa que Katy Rose Pool nos convida a mergulhar no primeiro volume de sua trilogia. Nesse mundo, habitado por pessoas comuns, guerreiros bem treinados e pessoas com dons sobrenaturais chamados de Agraciados, cinco jovens têm suas vidas entrelaçadas pelos meandros dessa antiga profecia.