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Balanço Literário: Desafios e Projetos Literários

Sei que já fiz um post de retrospectiva literária, mas o foco deste aqui é ser mais específico acerca dos desafios literários que me propus a participar e, sobre o andamento do Projeto Literário Volta ao Mundo em 198 Livros.

No ano passado decidi participar de três desafios literários: o Desafio Livrada!, o Desafio Viaggiando e o Desafio #LendoMaisMulheres2019 – edição especial autoras negras. Para este último acabei não postando uma lista de prováveis leituras aqui no blog, como fiz para os outros dois. Aliás, se vocês quiserem ver como ficou a lista final dos meus desafios, cliquem nos links aí em cima. Novamente eu flopei em todos e agora vocês podem estar se perguntando o porquê de eu continuar participando de Desafios se nunca consigo cumpri-los. Bem, como escrevi por aqui em uma postagem no ano passado, participar de desafios literários tem contribuído para ampliar meu horizonte de leituras me levando a cogitar a leitura, e em vários casos ler, obras que de outra forma talvez não lesse. Eles também me fazem olhar com outros olhos para minha estante e finalmente colocar como meta aquele livro que não via a hora de comprar, mas que acabou sendo esquecido pouco depois. Continuar lendo

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Sejamos Todos Feministas (Chimamanda Ngozi Adichie)

“O problema da questão de gênero é que ela prescreve como devemos ser em vez de reconhecer como somos. Seríamos bem mais felizes, mais livres para sermos quem realmente somos, se não tivéssemos o peso das expectativas do gênero. ” (e-book)

Influenciada pelo tom feminista da história de Charlotte Perkins Gilman, decidi finalmente conferir o pequeno livro, mas imenso em informações e discussões, da Chimamanda Ngozi Adichie, Sejamos Todos Feministas. Publicado pela Companhia das Letras aqui no Brasil, tem uma versão física e outra em e-book, esta última fornecida gratuitamente pela editora.

A obra é uma versão modificada de uma palestra que Chimamanda deu em dezembro de 2012 no TEDxEuston, uma conferência com foco na África. Chimamanda compartilha suas experiências de infância na Nigéria (mas que poderia ser em qualquer outro país) moldadas pelo machismo, que podam as ambições das meninas e acabam sendo tidas como normais. O que se torna normal acaba imperceptível e é aí que todos param de enxergar o quanto essas diferenças impactam a vida de meninas, garotas e mulheres. Usando seu país como exemplo, ela nos mostra como a mulher é colocada constantemente em segundo plano e o quanto de liberdade lhe é tolhida enquanto os homens têm passe livre para ir e vir. Com bons argumentos ela mostra o quanto isso é potencializado pelo direcionamento da criação das meninas em prol dos meninos. Uma criação que ensina às meninas que elas devem se preocupar com o que os meninos pensam delas, e aos meninos que eles devem crescer como homens duros e fortes. Como resultado temos homens com egos frágeis e mulheres que acreditam ser sua responsabilidade protegerem esse ego. Não se permitir alcançar todo seu potencial para não ameaçar aos homens é só mais uma consequência desastrosa dessa educação há tanto tempo internalizada. Continuar lendo

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Boca do Inferno (Ana Miranda)

 

Descobrir Ana Miranda foi um daqueles presentes que os desafios literários podem nos proporcionar. Quando tive que escolher um livro escrito por um xará de nome ou sobrenome para o Desafio Livrada de 2019, fiquei em dúvida entre Boca do Inferno e Dias e Dias, mas acabei optando pelo primeiro, seu romance de estreia que recebeu o Prêmio Jabuti de revelação em 1990. Com um livro recheado de figuras históricas (o governador Antônio de Souza de Menezes, Padre Antonio Vieira e o poeta Gregório de Matos só para citar alguns) e uma trama que inicialmente desenha-se bem complexa, a leitura no início é um pouco arrastada e demora a engrenar, mas a perseguição intensa, o jogo de gato e rato e a intromissão nos meandros dos conchavos políticos no estado da Bahia no século XVII, torna a trama de Miranda difícil de largar. Continuar lendo

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O Palácio dos Sonhos (Ismail Kadaré)

“Havia quem dissesse, por exemplo, que os sonhos solitários das pessoas não passavam de uma fase passageira da humanidade; chegaria o dia em que os sonhos perderiam esta característica e. assim como outros gestos e atos humanos, passariam a ser vistos pelos outros. Assim como um fruto ou semente que passa certo tempo debaixo da terra, até chegar a hora de sair à superfície, também o sonho humano por enquanto estava oculto no sono, mas nada garantia que seria sempre assim. Um dia ele apareceria à luz do dia, ocuparia seu lugar ao lado do pensamento, da experiência e da ação do homem; e só Deus sabia se aquilo seria bom ou ruim, se o mundo ficaria melhor ou pior. ”

(Páginas 71 e 72)

Os sonhos e suas interpretações acompanham a humanidade desde os tempos idos, mas em O Palácio dos Sonhos, Ismail Kadaré alça novos patamares nas aplicações do mundo onírico. Na trama de Kadaré a Albânia continua fazendo parte do Império Otomano (na realidade, a Albânia tornou-se independente do Império Otomano em 28/11/1912 e fez parte dele por mais de 400 anos). E, para garantir a longevidade e o poderio do Império, os governantes controlam os sonhos de todos. O Tabir Saraj, também conhecido como Palácio dos Sonhos, é a instituição encarregada de coletar os sonhos de todos os cidadãos do Império, selecioná-los, classifica-los e interpretá-los com o intuito de isolar os “sonhos-chave” nos quais o destino do Império e do seu tirano poderá ser decifrado. Continuar lendo

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Syngué Sabour: Pedra-de-paciência (Atiq Rahimi)

Syngué sabour é uma pedra considerada mágica, segundo a crença você deve lhe falar seus segredos e tormentos. A pedra escuta, até que um dia, cheia deles, explode, libertando o lamuriante de todo o sofrimento. Reside nessa crença o mote da trama de Atiq Rahimi. O curto romance vencedor do Prêmio Goncourt em 2008, se passa basicamente em um quarto de uma casa afegã ainda que seja possível entreouvir os acontecimentos fora deste.

No quarto, uma mulher velando o marido em coma enquanto lá fora as bombas caem sobre a cidade. A narrativa se restringe à casa da mulher e seu marido. Quando dali ela sai, nada nos é narrado e a passagem do tempo é marcada pelas respirações do moribundo. O mundo externo é intuído pelas bombas, tiros, sons rotineiros dos habitantes e sermões diários do mulá. Aos poucos, o silêncio da situação começa a ser quebrado pela mulher: uma lamúria, uma lamentação, uma reclamação…. Esta, sem ter mais ninguém com quem contar ou conversar, aos poucos começa a fazer de seu marido o fiel depositário de suas palavras, sua syngué sabour. Ao longo das confissões, uma pincelada da cultura afegã nos é desvelada. E a situação política e o estado de guerra são mostrados. Continuar lendo

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As Meninas (Lygia Fagundes Telles)

A Lygia Fagundes Telles não é figurinha carimbada nos ensinos médio da vida, talvez por isso tenha demorado tanto a ler uma obra dela. Finalmente chegou o momento e decidi começar com uma de suas obras mais icônicas. Publicado em 1973, o romance As Meninas traz como protagonistas Lorena, Lia e Ana Clara. Três moças sem nada para fazer uma vez que a universidade está em greve e que ficam às voltas com amores, manifestações e tramoias, enquanto a vida de todas se entrelaça no pensionato de freiras em que moram.

Antes de falar mais sobre a trama, é preciso apresentar as meninas. Lorena é o que as outras classificam de “princesa em sua torre de marfim”. Herdeira de uma família abastada, tem tudo do bom e do melhor, tem todas as vontades satisfeitas pela mãe, e morar no pensionato é o seu grito de independência. Tem a vida marcada por uma tragédia familiar que é citada várias e várias vezes ao longo da narrativa. A baiana Lia é estudante de ciências sociais e em suas veias corre o sangue do ativismo político. Está envolvida com grupos da esquerda armada e seu namorado foi preso pelo regime. E, Ana Clara, a que tem aparência de modelo, grávida de Max (a quem parece amar), noiva de outro (por ser rico), que se entrega sem receios aos prazeres mundanos e às drogas. Vive a almejar uma vida de riqueza, para que possa enterrar nas pilhas de dinheiro seu passado miserável e opressor. Continuar lendo

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Ponciá Vicêncio (Conceição Evaristo)

“Veio-me à lembrança o doloroso processo de criação que enfrentei para contar a história de Ponciá. Às vezes, não poucas, o choro do personagem se confundia com o meu, no ato da escrita. Por isso, quando uma leitora ou um leitor vem me dizer do engasgo que sente, ao ler determinadas passagens do livro, apenas respondo que o engasgo é nosso. ” (Prefácio, Página 7)

Acompanhando as redes sociais literárias, o nome de Evaristo sempre surgia aqui e ali, mas com a campanha para sua indicação à Academia Brasileira de Letras, suas obras ficaram em destaque e a vontade de finalmente conhecer os escritos dessa autora mineira só aumentou. Ter conhecido a Maya Angelou por seu intermédio na curadoria da TAG Experiências Literárias, só aumentou a sensação de que as palavras de Evaristo ressoariam em mim. Foi assim com Ponciá Vicêncio, a primeira publicação solo da autora. Com um texto enxuto, mas com uma trama rica em apontamentos sociais, Evaristo nos traz a história de Ponciá, neta de escravos libertos, que cresceu nas terras do sinhô coronel de quem “herdou” até o sobrenome, e que parte para a cidade grande em busca de um futuro melhor. Continuar lendo

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Desafio Livrada! 2019

Depois de ter comentado por aqui sobre o porquê continuarei participando de Desafios Literários, mesmo não tendo cumprido todas as metas dos desafios que topei participar no ano passado (veja aqui). Segue a primeira lista dos três desafios que escolhi participar este ano.

O Yuri do canal Livrada, já há um tempo lança todos os anos o Desafio Livrada! contendo algumas categorias nas quais o participante é que escolhe os livros que encaixam em cada uma delas e tenta concluí-las ao longo do ano vigente. Veja abaixo as categorias criadas pelo Yuri para o desafio deste ano e os livros que escolhi para cada uma delas.

  • 1. Um livro para se ler em um único dia.

Pensei seriamente em colocar O velho e o mar do Ernest Hemingway aqui, mas como não quero fazer uma releitura a jato, acabei decidindo por um volume menor.

Título escolhido: Sejamos Todos Feministas (Chimamanda Ngozi Adichie)

  • 2. Uma peça de teatro grego.

Será minha primeira experiência com o teatro grego, então é claro, recorri ao Kindle. Vamos de Sófocles nessa.

Título Escolhido: Édipo Rei (Sófocles)

  • 3. Um romance húngaro.

Está aí uma ótima categoria para finalmente me fazer esse livro que já está há muito tempo na minha estante.

Título Escolhido: O Rei Branco (György Dragomán)

  • 4. Uma escritora brasileira viva.

Uma boa oportunidade para finalmente começar a ler a Conceição Evaristo.

Título Escolhido: Ponciá Vicêncio (Conceição Evaristo)

  • 5. Uma ficção política.

Vamos de Lygia Fagundes Telles, mais uma autora de quem irei ler uma obra pela primeira vez.

Título Escolhido: As Meninas (Lygia Fagundes Telles)

  • 6. Um vencedor do Goncourt.

Escolhi o livro do Atiq Rahimi que escolhi para representar o Afeganistão no projeto 198 livros.

Título Escolhido: Syngué sabour: pedra de paciência (Atiq Rahimi)

  • 7. Um livro de filosofia.

Estou em dúvida entre Rotterdam e More.

Título Escolhido: Elogio da Loucura (Erasmo de Rotterdam) ou

A Utopia (Thomas More)

  • 8. O primeiro romance de um autor que você gosta.

Como dos meus autores favoritos da vida, eu já li seus primeiros romances, acabei optando pela Allende de quem só conheço os livros juvenis.

Título Escolhido: A Casa dos Espíritos (Isabel Allende)

  • 9. Um livro escrito por um xará de nome ou de sobrenome.

Já me decidi pela Ana Miranda, só não sei se vou de Gregório de Matos ou Álvaro Dias

Título Escolhido: Boca do Inferno (Ana Miranda) ou

Dias e Dias (Ana Miranda)

  • 10. Um livro com uma capa feia.

A capa da antiga e esgotada edição da Companhia das Letras para o livro do Ismail Kadaré é terrível.

Título Escolhido: O Palácio dos Sonhos (Ismail Kadaré)

  • 11. Um livro sobre artes plásticas.

As chances dessa categoria flopar são grandes, mas vamos lá dar uma chance ao tema.

Título Escolhido: Arte Como Terapia (Alain de Botton & John Armstrong)

  • 12. Uma HQ adaptada a partir de um livro.

Sei que a ideia era escolher uma HQ de uma obra que ainda não leu e quiçá depois de se aventurar pelos quadrinhos enveredar-se pelo romance original. Sigo na contramão porque sempre prefiro ler a obra original e depois suas adaptações.

Título Escolhido: O Ladrão de Raios (Rick Riordan, Robert Venditti, Attila Futaki & José Villarrubia)

  • 13. Um livro que se passa na época dos seus avós.

Vamos de Jorge Amado, meu segundo livro dele.

Título Escolhido: Capitães da Areia (Jorge Amado) 

  • 14. Um autor falecido em 2018.

A lista de perdas não é pequena, mas acabei optando pelo Cony que conheci lá na adolescência e não lia desde então.

Título Escolhido: Quase Memória (Carlos Heitor Cony)

Alguém aí também irá participar do Desafio? Para quem quiser acompanhar as leituras do pessoal este ano, fiquem de olho na hashtag #desafiolivrada2019 nas redes sociais.

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