“(…) os cinco cercados por moscas verdes reconheceram enfim o que assomava sobre a espuma amarela da água: o rosto putrefato de um morto entre os juncos e as sacolas de plástico que o vento empurrava da estrada, a máscara preta que fervilhava com uma miríade de cobras negras, e sorria. ” (Página 18).
Quando Fernanda Melchor idealizou este livro, ela queria fazer um livro-reportagem. A notícia de um cadáver de um bruxo, encontrado num canal de irrigação em um vilarejo canavieiro, suspeito de ter sido morto por seu amante para vingar a doença que afligiu sua esposa supostamente por causa de feitiços feitos pelo bruxo em questão. Melchor queria enfocar o fato da bruxaria ser utilizada como motivo plausível para justificar crimes bárbaros, mesmo pelas autoridades policiais. Mas, as dificuldades de buscar dados em uma região dominado pelo narcotráfico e pela violência contra as mulheres, a fez optar por enveredar pelo campo da ficção.