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Colecionando Textos #85

*Feito no Canva.

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É assim que se perde a guerra do tempo (Amal El-Mohtar & Max Gladstone)

“Eu aprecio a sua sutileza. Nem toda batalha é grandiosa, nem toda arma é violenta. Mesmo nós que lutamos guerras através do tempo esquecemos o valor de uma palavra no momento certo, um ruído no motor do carro certo, um prego na ferradura certa… É tão fácil esmagar um planeta que o valor de um sopro em um banco de neve pode passar despercebido.” (Página 20).

Um dia em um campo de batalha Red encontra uma carta. Nela está escrito: “Queime antes de ler”. A carta é de Blue, outra agente, de uma facção rival. Uma carta de admiração? Uma armadilha? Uma declaração de uma vitória vindoura? Começa assim, uma correspondência entre Red e Blue.

            Entender o que são as personagens criadas por El-Mohtar e Gladstone não é tarefa fácil. São androides? Algo mais místico e fantasioso? Além do fato de que podemos associar Red a elementos cibernéticos e Blue a elementos vegetais nada mais nos é revelado. Mas, tirando as características que as colocam em campos distintos na batalha esmiuçada na trama, suas características físicas se tornam meros detalhes perante as características psicológicas de cada uma.

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As Luzes de Setembro (Carlos Ruiz Zafón)

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Comecei a ler a Trilogia da Névoa em 2013 e só agora a completei, mas mesmo tendo lido O Príncipe da Névoa há tanto tempo, foi impossível não perceber a grande semelhança entre a trama dele e do As Luzes de Setembro. Tanto é, que ao começar a leitura deste, tive que pegar meu exemplar de O Príncipe da Névoa para folheá-lo atrás de informações e ter a certeza de que realmente não havia relações entre os personagens dos dois livros. A semelhança é explicada pelo próprio Zafón:

“Escrevi As Luzes de Setembro em Los Angeles, entre 1994 e 1995, com a intenção de solucionar alguns elementos que não havia resolvido do jeito que gostaria em O Príncipe da Névoa. ” (Página 07)

Daí a grande proximidade entre os dois romances. Tanto pela locação (ainda que as cidades sejam diferentes, ambas são no litoral da França) quanto pelos elementos que se repetem: o mar, o farol, as pescas marítimas, a descoberta do amor juvenil, o garoto aventureiro e curioso. No Príncipe da Névoa há um jardim de estátuas fantasmagóricas e um misterioso naufrágio em As Luzes de Setembro há uma mansão repleta de autômatos e entidades assustadoras. Continuar lendo

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O Palácio da Meia-Noite (Carlos Ruiz Zafón)

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O Palácio da Meia-Noite foi o segundo romance publicado por Zafón e, juntamente com seu antecessor (O Príncipe da Névoa) e o As Luzes de Setembro compõem a Trilogia da Névoa. Mas, como já havia dado para perceber desde a leitura do primeiro livro, o agrupamento desses livros em uma trilogia é artificial e cada qual funciona perfeitamente como um romance único. Os personagens e as tramas são distintos e as histórias tomam formas em lugares tão díspares quanto um vilarejo no litoral do Atlântico ou em Calcutá. Talvez o único denominador comum entre os livros seja a Névoa e o que ela representa: o sobrenatural, os perigos representados pelo oculto e a atmosfera sufocante que Zafón consegue imprimir tão bem em seus romances.

Em O Palácio da Meia-Noite Zafón nos convida a acompanhá-lo em Calcutá. Em 1916, um homem está em fuga desenfreada para salvar a vida de dois bebês gêmeos de um homem (uma entidade?) sobrenatural que matou a mãe das crianças e agora as quer mortas também. Para mantê-los a salvo, as crianças são separadas. A menina (Sheere) fica com a avó materna e o menino (Ben) é entregue no orfanato St. Patrick’s. E, durante um tempo a ameaça arrefeceu. Até maio de 1932. Prestes a completarem dezesseis anos, Ben e Sheere se reencontram e o passado da família e o homem que os caça deverão ser enfrentados. Continuar lendo

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O Príncipe da Névoa (Carlos Ruiz Zafón)

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Primeiro romance publicado por Záfon, O Príncipe da Névoa foi publicado originalmente em 1993 e assim como Marina compõe a ‘série’ de livros juvenis com a qual Zafón planejava atingir leitores de todas as idades. O romance também lhe garantiu o Prêmio Ebedé de literatura em 1993.

Em 1943, o pai de Max Carver decide que a melhor decisão para a família é se mudar para um vilarejo no litoral e assim escapar das agruras da Guerra. Max recebeu a notícia no dia do seu aniversário de 13 anos e sentiu seu mundo ruir por ter de ir embora e abandonar a escola, os amigos e a banca de quadrinhos da rua. Suas irmãs, Alicia e Irina também não estão lá muito contentes. Mas, a imensidão azul do Atlântico acaba por conquistar a todos. É realmente uma pena, que os planos do Sr. Carver de ter uma vida tranquila não caminhem conforme o planejado…

A casa para a qual se mudaram foi palco de uma tragédia e os fantasmas dessa época, mais do que ecos estão cada vez mais reais e interferindo na vida da família. Max descobre um misterioso jardim de estátuas envoltas em névoa no qual a peça principal é um palhaço que tem sido protagonista dos sonhos que tem perturbado Alicia e a pequena Irina tem sido atormentada por uma voz misteriosa que vem do seu armário. Mistérios que começam a ser desvendados depois que o novo amigo de Max, Roland, lhe conta sobre o misterioso naufrágio de 1918 e lhe leva para visitar os destroços do navio. É assim que a figura do Príncipe da Névoa começa a ser delineada, junto com todo o terror que o tem acompanhado ao longo do tempo, o qual estende suas garras para mudar para sempre o destino da família Carver e de Roland e seu avô.

“Durante as intermináveis noites no farol, costumava imaginar como teria sido sua vida se o destino não tivesse cruzado seu caminho com o daquele poderoso bruxo. Agora sabia que as lembranças que o acompanhariam em seus últimos anos de vida seriam apenas fantasias de uma biografia que nunca pôde viver.”

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Por se tratar do primeiro romance do autor, a narrativa é simples e apresenta algumas discrepâncias ao longo da trama. Porque convenhamos, por mais que você se mude para uma cidade do interior onde nada parece ocorrer e aparentemente não há perigos a espreita, não há como concordar que o comportamento dos pais de Max é condizente com, bem, o comportamento que se espera de pais preocupados com o bem estar dos filhos. É complacência demais para o meu gosto. Como assim um garoto de 13 anos só informa aos pais que irá mergulhar? O garoto nunca morou a beira-mar antes e simplesmente pode ir assim facilmente ter sua primeira experiência no oceano? Pedir permissão para quê não é mesmo? Além disso, há incongruência em algumas datas relacionadas à história do garotinho Jacob que muito me incomodaram e foi impossível relevar, pois estão intimamente relacionadas com a trama que o autor criou. Mas, apesar das ressalvas aos deslizes cometidos, foi mais uma leitura agradável e que me fez lembrar o motivo pelo qual gosto tanto da narrativa do autor. Reafirmo o que já havia escrito na resenha de Marina. O Príncipe da Névoa é um romance para agradar leitores de todas as idades, pois ainda que seja direcionado ao público mais jovem, o suspense e o mistério tem tudo para cativar os leitores mais maduros também.

Dessa vez não estamos em Barcelona e sua atmosfera gótica (ou talvez, deveria dizer que Zafón ainda não chegou lá), contudo, o ar sombrio e sobrenatural, que é a principal característica de seus romances, é palpável e é em torno dele que sua história se desenrola. E essa atmosfera vai tornando-se cada vez mais densa e sufocante até convergir em um final eletrizante e tudo isso em poucas páginas. Em pouco menos de 200 páginas Zafón nos apresenta personagens cativantes, tece um arcabouço robusto para sua história e nos faz sentir frio na espinha e ficar ansiosos com as possibilidades aterrorizantes que a história pode reservar. Agora, estou curiosa para descobrir como Zafón conectou os livros que fazem parte da trilogia iniciada pelo Príncipe da Névoa, pelo que pude perceber lendo a sinopse do segundo livro, são novos personagens e aparentemente não consegui tecer uma relação entre a história que será narrada ali e as aventuras de Max. Aliás, a história de O Príncipe da Névoa funciona perfeitamente bem sozinha e poderia muito bem ser tomada por um romance único por um leitor que não soubesse sobre a trilogia.

Conheça a Trilogia da Névoa:

  1. O Príncipe da Névoa [Goodreads][Skoob]
  2. O Palácio da Meia-Noite [Goodreads][Skoob]
  3. Las Luces de Septiembre [Goodreads][Skoob]

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Um Autor de Quinta #51

Coluna inspirada no Uma Estante de Quinta da Mi Muller do Bibliophile. Pretendemos toda quinta-feira trazer informações, curiosidades e algumas dicas de leituras e afins sobre algum(a) autor(a).

Chris Mooney

Mooney nasceu e cresceu em Lynn, Massachusetts. O autor cursou a Universidade de New Hampshire em Durham. Depois da graduação, ele trabalhou em vários empregos antes de começar a escrever seu primeiro romance. Chris também cursou o programa de mestrado em escrita na Northeastern University de Boston. Seu primeiro livro, Deviant Ways, foi seguido por World Without End e Remembering Sarah, este último foi indicado para os prêmios Barry e Edgar. Chris dá cursos sobre escrita na Escola de Extensão da Harvard e vive em Boston com a esposa e o filho. Seus livros já foram traduzidos para mais de vinte idiomas e o autor está trabalhando nos próximos livros das séries Darby McCormick e Malcolm Fletcher. Continuar lendo

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Sepulcro (Kate Mosse)

A Mari já leu e resenhou o livro, para saber o que ela achou clique aqui.

 

A região ainda é Carcassone (Languedoc), mas não é Los Seres o lugar da vez (apesar dele ser citado e alguns personagens da história anterior serem mencionados e até terem alguma relação com a história atual) e sim Rennes-les-Bains. Novamente passado e presente se entrelaçam para criar uma história de mistério, romance e tragédia. Assim como em Labirinto, a narrativa vai e vem no tempo, revelando como a vida de Meredith atualmente está relacionada à vida de Léonie em 1891, tudo aos poucos como uma fotografia que se revela, uma música que se compõe… No início temos novamente a narrativa morna de Mosse (que a um primeiro momento pode acarretar desistências), mas que no decorrer da história fica cada vez mais vívida e frenética à medida que novos fatos nos são fornecidos. Uma característica das personagens de Mosse é serem mulheres de temperamento forte e que não temem o desconhecido, e suas protagonistas da vez não nos decepcionam, ainda que em alguns momentos tenhamos vontade de dar umas sacudidas nelas para ver se elas conseguem enxergar o que está bem a sua frente. Continuar lendo

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Um Autor de Quinta #46

Coluna inspirada no Uma Estante de Quinta  da Mi Muller do Bibliophile. Pretendemos toda quinta-feira trazer informações, curiosidades e algumas dicas de leituras e afins sobre algum(a) autor(a).

Carlos Ruiz Záfon

Zafón nasceu no dia 25 de setembro de 1964 em Barcelona, Espanha. Em 1993 mudou-se para Los Angeles, onde reside até hoje. Nos Estados Unidos Zafón passou alguns anos escrevendo roteiros enquanto desenvolvia sua carreira literária. Seu primeiro romance publicado foi El Príncipe de la Niebla (O Príncipe da Neblina – em Portugal) primeiro volume da Trilogía de la Niebla e romance pelo qual ganhou o prêmio Edebé de literatura infantil e juvenil. Em 2001 ele publicou o seu primeiro romance “adulto” A Sombra do Vento, que se transformou em um fenômeno literário internacional com traduções em mais de 30 idiomas, publicado em cerca de 45 países e premiados em muitos deles. Zafón é considerado um dos mais bem sucedidos escritores contemporâneos espanhóis, junto com Javier Sierra e Juan Gómez-Jurado.  Zafón colabora também nos jornais espanhóis La Vanguardia e El País. Continuar lendo

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