Arquivo da tag: ficção científica

Colecionando Textos #81

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Colecionando Textos #80

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Duna (Frank Herbert)

Apesar de já ter um certo costume em ler ficção científica, confesso que às vezes caio em algumas armadilhas montadas por pressupostos. Narrativa árida, trama confusa, muitos personagens, background de mundos, classes sociais e política difícil de desemaranhar. Foi o que me manteve afastada de Duna durante um bom tempo. Comprei o livro quando a Editora Aleph lançou lá atrás, guardei na estante, lançaram uma nova edição, troquei a minha antiga por esta e tornei a colocar na estante. E, ainda bem que veio o filme do Villeneuve e minha mania de assistir ao filme só depois de ter lido o livro reinou. A história de Frank Herbert me pegou de jeito. Publicado em 1965, quem diria que um planeta sedento por água poderia ressoar tanto em nossa atualidade? Talvez resida aí a beleza das histórias de ficção científica bem escritas. Há sempre algo que pode ser interpretado à luz do que estamos vivendo. Lembrar que isso foi imaginado há mais de cinquenta anos, torna a história ainda mais envolvente.

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O Homem do Castelo Alto (Philip K. Dick)

 

 

Philip K. Dick é bastante conhecido por suas obras que foram roteirizadas e que se tornaram grandes sucessos do cinema como Blade Runner, O Vingador do Futuro e Minority Report. Sua produção, apesar de sua curta vida, foi bastante prolixa e depois de tanto ensaiar ler algo dele, o Desafio Livrada de 2018 foi essencial para finalmente eu conhecer o autor. Findada a leitura fica a certeza de que Dick foi exímio em criar histórias explorando realidades alternativas e de que quero continuar me enveredando por outras obras suas.

O Homem do Castelo Alto foi publicado originalmente em 1962 e na distopia imaginada por Dick, estamos na década de 1960 e os nazistas ganharam a Segunda Guerra Mundial. Nesta nova realidade, o mundo está polarizado entre os alemães e os japoneses, a África é um continente morto e a América Latina segue pelo mesmo caminho. Apesar dos Estados Unidos não mais existirem, é em parte de seu antigo território, agora denominado de Estados Americanos do Pacífico que boa parte da trama se passa. Ali encontramos uma sociedade que agora pauta suas ações em um antigo oráculo de origem chinesa; que tem uma economia desenvolvida em torno de objetos americanos antigos que são muito desejados pelos japoneses e que é extremamente polarizada entre estes e os alemães, com direito à planos secretos visando a tomada total do poder. Todas as características dessa nova realidade são mostradas por Dick por meio de várias tramas paralelas, contendo inúmeros personagens. Em uma delas, ele inclui um escritor. Hawthorne Abendsen escreveu o livro O gafanhoto torna-se pesado em que, pasmem, ele narra uma história alternativa na qual os Estados Unidos e os Aliados ganharam a guerra. Um livro que está fazendo um estrondoso sucesso, que está levando as pessoas a sonharem com um futuro diferente, longe da dominação dos Aliados e que coloca o autor na lista negra das pessoas no poder. Um livro que faz alguns começarem a duvidar da própria realidade em que vivem. Continuar lendo

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Uma Dobra no Tempo (Madeleine L’Engle)

O romance de Madeleine L’Engle foi publicado em 1962, mas foi só em 2012, lendo o livro Amanhã Você Vai Entender da Rebecca Stead, que tomei conhecimento desta obra infanto-juvenil, ganhadora da Medalha Newbery em 1963, e considerada icônica por abordar conceitos científicos e utilizar as viagens temporais para criar uma história de ficção científica, repleta de fantasia e agradável para todas as idades. Demorei a ter meu exemplar e quando o adquiri fiquei protelando a leitura, mas com a adaptação cinematográfica prestes a estrear, resolvi mergulhar de vez na trama de L’Engle.

Uma Dobra no Tempo, primeiro livro da série Viajantes no Tempo, traz a história da família Murry, ou mais especificamente, da jornada de Charles Wallace Murry, um garotinho prodígio de cinco anos, Meg Murry, sua geniosa irmã mais velha, e Calvin O’Kiefe, o novo amigo que não pensa duas vezes e embarca nessa aventura com eles para resgatar o pai de Charles e Meg. O pai, estava trabalhando em um projeto do governo quando deixou de se comunicar com a família. Um desaparecimento que para infinita tristeza e desgosto de Meg, tem gerado burburinhos entre os moradores da pequena cidade onde moram. Aliás, é com os moradores da cidade que L’Engle evidencia o quão maldosas as pessoas podem ser com os diferentes, com os que ousam se afastar um pouco que seja do considerado normal. Meg e Charles, os dois filhos estranhos dos Murry, nunca têm o mesmo tratamento reservado aos seus irmãos gêmeos, bastante populares. Não é estranho então, que caiba aos dois, relegados à obscuridade social, mas com suas próprias características especiais, irem nessa missão de resgate. Essencialmente, Uma dobra no tempo representa a jornada do herói, ou melhor, da heroína, ainda que com toda uma abordagem metafísica e tal, mas ainda assim, uma jornada de descoberta e de empoderamento e de celebração das diferenças. É com Meg e Charles que a autora evoca um discurso de tolerância ao diferente, de pensar fora da caixa e não ser apressado em rotular as pessoas conforme a sua própria experiência. Continuar lendo

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Star Wars – Herdeiro do Jedi (Kevin Hearne)

Nesta nova leva de romances do Universo Expandido de Star Wars, sim estou me referindo apenas às obras cânones, já li livros que se passam pós-eventos dos filmes antigos e antes dos retratados na nova trilogia, outros que se passam poucos anos após a instauração do Império Galáctico e que até mesmo acompanham o nascimento e a derrocada do poderio de Palpatine. Em alguns, os protagonistas são os vilões (bem persuasivos e carismáticos) ou personagens pouco expoentes nos filmes, mas que ainda esperamos que venham a ter alguma importância na nova história central que descortina. A história de Kevin Hearne está ambientada entre os filmes IV e V, logo após os eventos que culminaram na explosão da primeira Estrela da Morte, e é protagonizada e narrada pelo ainda incipiente jedi Luke Skywalker.

“(…) eu sei que a Força é real. Pude senti-la.

Ainda a sinto, na verdade, mas acho que é como saber que há algo escondido na areia enquanto você desliza as mãos sobre ela. Você vê ondulações na superfície, sugestões de que algo está se movendo ali embaixo (talvez algo pequeno, talvez algo enorme), levando uma vida completamente diferente que você não vê. E sair atrás desse algo para ver o que está sob a superfície pode ser seguro e gratificante, ou pode ser a última coisa que fará na vida. Preciso de alguém para me dizer quando mergulhar nessas ondulações e quando recuar.” (Página 18)

Aqui encontramos um Luke ainda descobrindo a Força, que mal havia começado seu treinamento com Obi Wan Kenobi quando este fora “derrotado” por Darth Vader. Agora, determinado a seguir o caminho da Força e se tornar um jedi, ele está em busca de algo ou alguém que lhe ensine o caminho das pedras. Apesar de todo o potencial demonstrado por ele durante a incursão que destruiu a Estrela da Morte, Luke ainda é o rapaz cheio de dúvidas e inseguranças, com uma leve quedinha pela Princesa Leia e agora, separado de Han e Chewie, os novos amigos que partiram em busca de seus próprios negócios. Herdeiro do Jedi então é essencialmente um livro de autodescoberta, representando o início da mudança do jovem ingênuo e imprudente Luke no heroico e destemido piloto  e jedi Skywalker. Continuar lendo

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Matéria Escura (Blake Crouch)

Com a experiência de quem está acostumado a entregar roteiros frenéticos, Blake Crouch nos entrega em Matéria Escura uma mistura de ficção científica e thriller psicológico de tirar o fôlego. Não surpreende a Sony ter comprado os direitos de adaptação (para filme ou série) lá em 2014 quando Crouch tinha apenas cerca de 150 páginas de sua história escritas. Este é daqueles livros que irá agradar os fãs mais vorazes de ficção científica, afinal tem temas tão teóricos e abstratos como multiverso, mecânica quântica e neurociência, mas também garante adeptos entre os fãs de um bom thriller e romances investigativos. E isso é garantido pelo fato dele não banalizar a parte científica da trama, tornando-a superficial demais, mas também não aprofundando demais, o que poderia tornar a leitura hermética para os leitores que pouco se enveredam pelo gênero. Aliás, Matéria Escura pode ser uma boa escolha para quem quer começar a se aventurar por esse gênero literário.

Começamos essa história conhecendo Jason Dessen, um professor universitário que poderia ter sido um cientista brilhante se a vida não tivesse lhe exigido uma escolha na qual ele precisou abdicar de um lado importante de sua vida; o mesmo vale para sua esposa Daniela, uma artista plástica com grande potencial e que agora é professora de artes no ensino fundamental. O fato de um amigo de Jason ter ganhado um importante prêmio por causa de um trabalho no campo da neurociência, acaba fazendo Jason colocar sua vida em perspectiva e duvidar de suas escolhas por um breve momento. O que poderia ter ficado por isso mesmo, se Jason não tivesse sido sequestrado, dopado e lançado em uma vida que ressoa à sua a não ser pelo fato de que: ele não é casado com Daniela, seu filho Charlie nunca nasceu e ele é um importante cientista no campo da física quântica. Qual vida de Jason é real? Ele tem certeza de que aquela em que ele é um pai de família e professor universitário, mas os fatos mostram que nesse lugar onde está também havia um Jason. Continuar lendo

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História da sua vida e outros contos (Ted Chiang)

Não sou muito de ler contos. Sempre dei preferência aos romances na hora de escolher minhas leituras e foi por isso que o lançamento do livro de contos do Ted Chiang passou despercebido. É bem provável, que se não tivessem feito o filme A Chegada (baseado em um dos contos da coletânea) e eu não tivesse ficado com vontade de vê-lo, nunca teria dado uma chance para a coletânea. Ainda não vi o filme, mas a obra de Ted Chiang com certeza me fez prestar mais atenção às coletâneas de contos. Agora até mesmo posso dizer que concordo com o que Neil Gaiman escreveu na introdução de sua própria coletânea de contos Alerta de Risco – contos são como “as mais puras e mais perfeitas criações possíveis: nos melhores, nenhuma palavra era desperdiçada. Um autor fazia um gesto com a mão e subitamente surgia um mundo, pessoas, ideias. Um início, um meio e um fim que nos levavam aos confins do universo e nos traziam de volta” (Alerta de Risco, página 12). E é isso que Ted Chiang faz muito bem (em alguns muito melhor) nos oito contos que compõem esta coletânea. Contos que no total ganharam nove importantes prêmios, dentre eles o Nebula, o Hugo e o Locus, e nos quais, ele trabalha muito bem a ciência, mesmo que muitas vezes ela adquira um tom bastante fantasioso. Leitura mais do que recomendada para os fãs de ficção-científica. É realmente uma pena que Chiang seja conhecido por escrever com pouca frequência. Agora, para apresentar História da sua vida e outros contos com mais detalhes, acho melhor falar mais especificamente sobre cada um dos contos.

A torre da Babilônia, o primeiro conto da coletânea, também foi o primeiro conto publicado por ele, em 1990. O conto é inspirado no mito da Torre de Babel. Na versão de Chiang, a torre já atingiu a abóbada do céu e agora mineradores terão de escavá-la de modo a permitir que a torre continue a crescer. É mais fantasioso que científico, mas há muitos elementos de ciência ali. E mesmo os disparates, são congruentes com o mundo construído pelo autor e antigas teorias (como a geocêntrica) hoje refutadas. Eu nunca imaginaria que o mito da Torre de Babel poderia render um conto de sci-fi, mas Chiang conseguiu unir os dois temas muito bem. E com uma conclusão realmente sagaz. De quebra, ele também carregou seu conto com um grande teor filosófico e até mesmo ético. Até onde podemos ir pelo conhecimento? Estamos preparados para encarar o desconhecido? Continuar lendo

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Estrelas Perdidas (Claudia Gray)

Claudia Gray é conhecida por seus romances YA (alguns não tão bem-sucedidos assim) e nunca imaginei que algum dia leria algo dela relacionado ao universo de Star Wars (e ela já escreveu mais um livro que logo será publicado por aqui!) mas, se tem algo que o universo expandido da franquia sempre permitiu foi a pluralidade de adaptações e formatos. E, há espaço para romances YA também, principalmente os que nada ficam a dever em termos de qualidade, boas tramas, narrativas envolventes, personagens cativantes e que fornecem informações e lançam pistas acerca do futuro do novo cânone.

Em Estrelas Perdidas acompanhamos a história de Ciena Ree e Thane Kyrell. Ambos nasceram no isolado planeta Jelucan na Orla Exterior, no mesmo ano do soerguimento do Império. Ela, pertencente a uma família descendente da primeira leva de colonizadores do planeta, os quais ocuparam os vales e vivem na pobreza. Ele, pertencente a uma abastada família da segunda leva de colonizadores. Oito anos após a queda da Velha República, Jelucan foi conquistada pelo Império e é nesse cenário de festa e demonstração do poderio aéreo imperial que ambos têm seu primeiro contato, motivados pelo sonho compartilhado de pilotarem as naves do Império. A partir daqui, acompanhamos a amizade crescente dos dois, os primeiros treinamentos de voo em conjunto (algo criticado pela família de ambos), os estudos preparatórios e a entrada na Academia Imperial. Mas, é lá naquela primeira apresentação dos dois (com direito a uma participação especial do Grão Moff Tarkin) que Gray deixa claro as principais diferenças entre Ciena e Thane, diferenças depois utilizadas muito apropriadamente por ela para fundamentar as escolhas dos personagens. Continuar lendo

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O Planeta dos Macacos (Pierre Boulle)

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Desde que o romance de Pierre Boulle foi publicado, em 1963, já contava com certa notoriedade no mundo literário. Uma notoriedade que só aumentou desde o lançamento da primeira adaptação do livro para o cinema em 1968. Depois disso, várias adaptações e continuações foram produzidas. Algumas mais próximas à trama original e outras bem distantes da trama criada por Boulle. Com o reboot da franquia e o lançamento de Planeta dos Macacos: A Origem em 2011, o interesse sobre a obra de Boulle reacendeu. E a editora Aleph, muito sabiamente em 2015, resgatou essa obra icônica da ficção científica, com uma edição que também conta com uma entrevista concedida por Boulle em 1972, um ensaio jornalístico sobre a vida do autor, além de um posfácio escrito pelo pesquisador de ficção científica Braulio Tavares.

A história de Boulle nos é entregue encapsulada. É um casal de cosmonautas em viagem turística pelo espaço que a encontra: uma garrafa contendo um manuscrito. Um documento contendo as memórias de Ulysse Mérou, um jornalista que um dia decidiu se aventurar em uma viagem espacial, na companhia de mais dois cosmonautas, em direção à estrela Betelgeuse na Constelação de Órion. Continuar lendo

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