O Deserto dos Tártaros foi publicado em 1940 e é considerada a obra-prima do italiano Dino Buzzati. A história, que tem uma grande carga filosófica, versa sobre a espera. Sobre engolir sapos, esperando posteriormente desfrutar de um lauto banquete. Mas, como bem colocado por Antonio Candido em sua resenha do livro, a obra de Buzzati é um romance de desencanto. Não há muito o que esperar do porvir, porque a vida, ah, essa só reserva frustrações. Contudo, por mais que a tristeza esteja reservada para o fim e que a melancolia seja companheira ao longo de toda a narrativa, isso não diminui a beleza poética do texto de Buzzati, um romance no qual os anseios e as renúncias são praticamente personagens.
“Do deserto do norte devia chegar a sorte, a aventura, a hora milagrosa, que, pelo menos uma vez, cabe a cada um. Para essa vaga eventualidade, que parecia tornar-se cada vez mais incerta com o tempo, os homens consumiam ali a melhor parte das suas vidas.” (Página 54)