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O Rei Corvo (Maggie Stiefvater)

Atenção, esta resenha trata dos acontecimentos ocorridos no quarto e último livro da série A Saga dos Corvos e pode haver spoilers sobre fatos dos livros anteriores. Para saber o que eu achei dos outros livros, confira os links no final desta resenha.

 

É sempre uma sensação agridoce terminar uma série. É triste porque é chegada a hora de despedir-se de personagens com os quais você sonhou junto, sofreu junto e nutriu esperanças, e ao mesmo tempo, é bom descobrir como as situações duvidosas se resolveram, qual era aquele segredo que o autor lhe escondeu desde o início e o futuro dos personagens. Se a conclusão faz jus a todo o resto da história, melhor ainda! Chegou a hora de me despedir dos garotos corvos, de Blue Sargent e toda a sanidade transvestida em loucura da Rua Fox 300.

A Saga do Corvos me apresentou Maggie Stiefvater e sua escrita única. Uma narrativa fluída, personagens complexos e uma trama repleta de informações: magia, ocultismo, mitologia, fatos históricos; todas devidamente explicadas e introduzidas de forma harmoniosa à trama. Stiefvater nos entregou uma quadrilogia com inúmeros personagens (nenhum esquecível, ainda que uns tenham sido mais marcantes que outros) e uma boa quantidade de tramas paralelas, que no fim se uniram para nos entregar uma saga que mais do que romance trouxe à tona discussões sobre crenças, sobre vida e morte, escolhas, oportunidades, aceitação e amizade. Talvez esteja aqui a maior força de sua história. Ao não focar no lado romântico da trama (tática adotada comumente nos livros do gênero), Maggie abriu espaço para que todos os personagens tivessem voz, crescessem perante os olhos do leitor e tivessem tanta importância quanto Blue e Gansey nessa jornada. Continuar lendo

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Leia Mulheres: escritoras de ficção e mulheres no controle da própria história

Uma livraria em Cleveland costuma fazer uma ação interessante durante as duas primeiras semanas do mês de março. O experimento intitulado “Illustrating the Gender Gap in Fiction” consiste em virar as lombadas de todos os livros escritos por homens para esconder suas obras e colocar em evidência as obras escritas por mulheres. O que acaba evidenciando também a grande disparidade de espaço do mercado ocupado por ambos os sexos. Durante séculos as mulheres foram pouco incentivadas e muitas vezes impedidas de perseguirem carreiras literárias e ainda que hoje elas tenham mais espaço é inegável que os autores homens ainda têm predominância no mundo literário. E não são porque os livros escritos por mulheres são ruins não, na maioria das vezes é por falta de abertura de mercado e investimento em propaganda. Todo fã de Harry Potter sabe que a Rowling foi aconselhada por um editor a utilizar apenas as iniciais do seu nome porque garotos não leriam um livro escrito por mulher! Aliás, a utilização de pseudônimos masculinos ou a utilização das iniciais foi e ainda continua sendo uma prática recorrente entre as mulheres para poderem publicar suas obras: as irmãs Brontë e a escritora de romances policiais P.D. James são bons exemplos disso. A ação que alguns podem entender como ação sexista, na visão da livreira é só uma pequena forma de retribuir todos esses anos que as mulheres tiveram de permanecer blindadas aos olhos do público. O exercício também provoca a reflexão sobre nossos hábitos como leitores e sobre as nossas estantes e quem sabe nos levará a aumentar os espaços em nossas prateleiras dedicados a elas.   Continuar lendo

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Lírio Azul, Azul Lírio (Maggie Stiefvater)

Atenção, esta resenha trata dos acontecimentos ocorridos no terceiro livro da série A Saga dos Corvos e pode haver spoilers sobre fatos dos livros anteriores. Para saber o que eu achei dos outros livros, confira os links no final desta resenha.

Lírio azul, Azul lírio - Saga dos Corvos Vol 3

“…o que ela não tinha percebido a respeito de Blue e seus garotos era que todos estavam apaixonados uns pelos outros. Ela não estava menos obcecada por eles do que eles por ela, ou uns pelos outros (…). Blue sabia perfeitamente que era possível existir uma amizade que não tomasse tanto sua vida, que não a cegasse, que não a ensurdecesse, que não a enlouquecesse, que não a excitasse. A questão era que, agora que ela tinha uma desse tipo, não queria a outra. ” (Página 25)

Em Lírio Azul, Azul Lírio, o terceiro livro da Saga dos Corvos, Blue e os garotos continuam em sua busca por Glendower. Eles estão cada vez mais próximos de atingirem seus objetivos, mas por outro lado, os empecilhos, perigos e perdas, se tornam mais frequentes. Eles precisam entender as demandas de Cabeswater, enfrentar novas ameaças que chegam a cidade e lidar com o desaparecimento de Maura e uma profecia envolvendo o rei adormecido e um perigo que não deve ser despertado.

Depois do ritmo frenético estabelecido em Ladrões de Sonhos, Stiefvater vende uma pretensa calmaria em Lírio Azul, Azul Lírio, o que torna a leitura deste terceiro volume a mais arrastada dentre os três livros já publicados. Grande parte dos dramas e embates iniciados aqui, arrastam-se por quase todo o livro (e seguem além), tornando muito difícil enxergá-lo como uma obra completa e coerente como os livros anteriores. A impressão que tive foi que este volume poderia ter sido facilmente diluído entre as tramas do segundo e do último volume, sem prejuízo para a história. Continuar lendo

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Ladrões de Sonhos (Maggie Stiefvater)

Atenção, esta resenha trata dos acontecimentos ocorridos no segundo livro da série A Saga dos Corvos e pode haver spoilers sobre fatos do livro anterior. Para saber o que eu achei do primeiro livro, confira os links no final desta resenha.

ladroes-de-sonhos

“Naquele momento, Blue estava um pouco apaixonada por todos eles. Pela magia deles. Pela voracidade e pela estranheza deles. Seus garotos corvos.” (Página 18)

No segundo volume da Saga dos Corvos, Blue e os garotos continuam sua busca pelo lendário rei galês, Glendower. Mas, as explorações são dificultadas por causa do enfraquecimento das linhas ley – linhas de energia que conectam lugares místicos e que podem ser o caminho para o túmulo do antigo rei. Lugares místicos como a floresta de Cabeswater, que misteriosamente sumiu!

Ao mesmo tempo que precisam lidar com esses empecilhos. O mistério em torno de Ronan aumenta. No final do livro anterior tivemos uma amostra do que ele era capaz ao ter tirado de seus sonhos um corvo. Agora, seu superpoder está cada vez mais forte e acaba colocando-o na mira de pessoas interessadas neste poder. Sonhar com coisas e poder retirá-las do sonho para o mundo real é um poder invejável, algo que ele herdou do pai e que vem acompanhado de muitos segredos envolvendo sua família. Mas, também é perigoso, tanto pela falta de controle de Ronan, quanto pelo tipo de gente que está atrás desse dom.

E assim, enquanto os garotos persistem em sua busca, o perigo em torno deles aumenta, e outras questões precisam ser respondidas. Ronan precisa entender melhor seus poderes e parar de se esconder sob seu comportamento rebelde. Adam precisa enfrentar as consequências de suas escolhas e falar para Gansey sobre seu real interesse na busca por Glendower. Noah tenta aproveitar ao máximo seus poucos momentos “corpóreos”. E Blue e Gansey precisam, finalmente, encarar seus reais sentimentos. Aliás, o triângulo amoroso (implícito) entre Adam, Blue e Gansey, foi muito bem trabalhado neste volume. A ponto de dividir torcidas ao longo de toda a narrativa. Continuar lendo

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Os Garotos Corvos (Maggie Stiefvater)

Os Garotos Corvos

“Na família acentuadamente clarividente de Blue, ela era uma casualidade, uma estranha às conversas vibrantes que sua mãe, tias e primas mantinham com o mundo escondido para a maioria das pessoas. A única coisa especial sobre ela era algo que ela mesma não conseguia experimentar.”

Todo ano, na véspera do dia de São Marcos, Blue Sargent tem um compromisso com sua mãe clarividente. Acompanhá-la aos destroços de uma igreja abandonada nas cercanias de Henrietta para ver os espíritos daqueles que irão morrer nos próximos 12 meses. Blue nunca vê nada, ela só serve de agente catalisador, amplificando os poderes mediúnicos de sua mãe. Mas, neste ano, na companhia de sua tia Neeve ela tem sua primeira experiência com o sobrenatural, ela vê o espírito de um garoto na escuridão. Segundo Neeve, há apenas duas razões para isso ter acontecido: ou o garoto é seu verdadeiro amor ou ela o matou. E bem, Blue cresceu com uma profecia pairando sobre sua cabeça: a de que ela matará seu verdadeiro amor se o beijar. Não fica difícil imaginar as implicações dessa visão. Preocupada com as implicações da visão e da profecia, Blue está determinada a salvar a vida do misterioso garoto, e não demora a descobrir que ele é Gansey, um dos garotos corvos, alunos da Academia Anglioby que são conhecidos por serem sinônimos de problemas. Através de Gansey conhecemos Ronan, Adam e Noah e passamos a desvendar as misteriosas linhas ley, pelas quais o garoto tem enorme fixação. Blue, a quem Maura proibiu terminantemente de encontrar-se com os garotos, também se vê envolvida na busca por linhas de energia, túmulos milenares e promessas de tesouros escondidos, ao mesmo tempo em que tenta frear seus sentimentos e impedir que eles causem a morte de alguém. Continuar lendo

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