“Vader completou a meditação e abriu os olhos. No transparaço escuro e reflexivo da câmara de meditação pressurizada, fitou um rosto pálido, deformado de modo selvagem pelas chamas. Sem a conexão neural com a armadura, tinha plena consciência dos cotos das pernas, da ruína dos braços, da eterna dor em sua carne. Ele a recebia de braços abertos. A dor alimentava o seu ódio, e o ódio alimentava sua têmpera. Antigamente, quando era Jedi, meditava para encontrar a paz. Agora, meditava para aguçar a raiva. ”(Página 20)
Assim como Luceno em Tarkin, coube à Kemp dar o protagonismo aos vilões em outro romance do novo cânone de Star Wars. Pena que diferentemente do primeiro, Kemp escorregou na caracterização dos seus personagens e ainda que Lordes dos Sith tenha um enredo inicial interessante, algumas de suas escolhas e a caracterização superficial de Vader e Palpatine deixaram a história de Kemp bastante problemática e muito aquém do que prometia inicialmente.
Lordes dos Sith está situado temporalmente entre os filmes III e IV, pouco depois do “surgimento” do Darth Vader. O relacionamento entre o novo Sith e seu Mestre ainda é um tanto quanto cambaleante e é do interesse de Palpatine colocar seu pupilo à prova. E a oportunidade vem na forma do movimento rebelde Ryloth Livre liderado pelo twi’lek Cham Syndulla. O sobrenome não é uma coincidência, ele é pai da Hera da série Rebels e do livro Um Novo Amanhecer. Quando o movimento começa a aparecer nos radares do Império, Palpatine decide fazer uma averiguação in loco do movimento insurgente em Ryloth, e leva consigo Darth Vader. E é claro que os rebeldes não deixariam tal oportunidade passar. O plano de Cham é audacioso: matar Vader e o Imperador. É temerário e ingênuo também, porque é óbvio que há tramoias do Imperador por trás de tudo. Com alguns bons personagens, como Cham e todo o seu idealismo e a vontade de acender uma chama que se alastre por todos os mundos e que inspire os oprimidos a lutarem por sua liberdade; e, também Isval e seu passado como escrava imperial, que a tornou um pouco mais sanguinária e com objetivos mais imediatistas em relação ao Império; o livro de Kemp cativa o leitor mais rapidamente do que o protagonizado pelo Luke (leia a resenha de Herdeiro do Jedi), talvez porque atrás de cada missão (mesmo as solos) há um objetivo maior, há todo o propósito evidente de lutar contra o Império que confere um tom de grandiosidade que eleva a narrativa. Continuar lendo