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O Bom Filho (You-jeong Jeong)

Consumir cultura coreana já tem sido uma constante na minha vida há algum tempo. Principalmente músicas, doramas e filmes. Logo que descobri os doramas (alguns dos quais são baseados em livros) e passei a querer conhecer a sociedade coreana mais a fundo, foi natural querer me aventurar pela literatura também. Mas, durante algum tempo foi difícil conseguir títulos traduzidos por aqui. Então, é realmente uma coisa muito boa que mais e mais obras do leste asiático tenham aportado por aqui. É por causa desse boom no mercado editorial que obras como O Bom Filho têm sido publicadas aqui, trazendo tramas interessantes e a oportunidade de imergir em outras culturas.

O Bom Filho é um thriller que traz como protagonista Yu Jin, um rapaz que toma remédios para um transtorno mental, ou melhor, tomava, pois deixou de fazer para “experimentar a realidade”. Um dia, após um ataque epiléptico que o deixou sem lembranças, ele acorda em casa e se depara com sangue, muito sangue, e o corpo de sua mãe. Ele todo ensanguentado. Ela, degolada. Yu Jin entra então num vórtice de pensamentos tentando explicar a situação e se eximir de uma provável culpa. Continuar lendo

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Leia Mulheres: elas também escrevem ótimos romances policiais e thrillers

O dia 8 de março é dia de comemorar as conquistas, obtidas por meio de várias lutas, das mulheres. Nessa longa luta muitos espaços e direitos já foram conquistados. Na literatura não é diferente. Mas, apesar de já termos várias autoras, muitas com enorme sucesso e com obras consideradas clássicas, historicamente ainda existe uma defasagem em relação aos autores (como bem evidenciado naquele experimento da livraria de Cleveland). Foi por causa desse experimento que coloca em evidência essa grande disparidade, que resolvi criar essa coluna aqui no blog em março do ano passado e passado um ano a proposta continua válida. Há várias escritoras extraordinárias por aí esperando para serem lidas e se puder ajudar a divulgar a obra delas pelo menos para uma pessoa, já terá valido a pena. As indicações por aqui são temáticas e a de hoje serve para mostrar que as mulheres também escrevem ótimos romances policiais (não é a toa que até temos uma Rainha do Crime) e thrillers. Confira! Continuar lendo

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Piano Vermelho (Josh Malerman)

Em Caixa de Pássaros, Malerman soube trabalhar muito bem o medo do impalpável, daquilo que não se pode ver, simplesmente porque vê-lo pode sanar sua curiosidade, mas também levá-lo à morte. Em Piano Vermelho, novamente o medo do desconhecido entra em cena, mas o sentido explorado é outro. Agora não temos mais de usar vendas, mas garantir um protetor auricular pode ser uma boa ideia.

A história começa com um paciente acordando em um hospital. O soldado Philip Tonka é considerado um sobrevivente sem precedentes, ficou em coma durante 6 meses e seus ferimentos são inexplicáveis. O que aconteceu com ele? E com seus companheiros de missão? O Exército irá querer respostas. O que Philip poderá revelar?

“As perguntas virão. Philip sabe disso. Perguntas sobre a África e sobre a origem do som. Perguntas sobre o restante do pelotão, sobre os Danes, sobre o que Philip ouviu e o que gravou lá. Perguntas mais malucas, também. Tipo: quem levou Ross? Quem levou os outros? E para onde? E por que você parece tão assustado, soldado Tonka, com essas perguntas tão simples?

As perguntas virão.

E, quando vierem, que parte Philip vai poder contar?

Que parte vai revelar? ” (Página 25)

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Quem era ela (J.P. Delaney)

O que você estaria disposto a abandonar para ter a chance de recomeçar em um novo lugar? Você estaria disposto a abdicar de tudo o que adquiriu ao longo de sua vida para morar em um lugar high tech, uma casa linda e minimalista, considerada uma obra-prima da arquitetura londrina? Para morar na n°01 da Folgate Street há uma lista imensa de cláusulas restritivas que proíbem muitas coisas. Bastou apenas conhecer uma dessas proibições para ter a certeza de que eu nunca moraria ali. Proibir livros? Sem chance! Mas para Emma, e mais tarde, para Jane, essas e tantas outras proibições não as fizeram perder a vontade de tentar reconstruir suas vidas naquela casa onde o “supérfluo” não tem lugar, a beleza está por toda a parte e a segurança está acima de todas as coisas.

“Talvez esse seja o verdadeiro objetivo das Regras, como já as apelidamos. Talvez o arquiteto não seja um maníaco por controle preocupado com a possibilidade de bagunçarmos sua bela casa. Talvez seja algum experimento de moradia. ” (Emma – Página 23)

A primeira moradora que nos é apresentada é Emma. Ela e o namorado Simon estão procurando uma nova casa para morar depois de assaltantes terem invadido a casa anterior, quando Emma estava sozinha, e a ameaçado com uma faca.

A segunda moradora é Jane que está procura de um novo lugar que a ajude a superar a dor recente de ter perdido alguém e que lhe permita reconstruir sua vida. Continuar lendo

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Garota Exemplar (Gillian Flynn)

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Quando adaptam um livro para as telas e você demora muito para lê-lo, por mais que você tente evitar os spoilers, é inevitável, você sempre acaba descobrindo algum ponto crucial da trama. Foi assim com Garota Exemplar, o filme gerou todo um burburinho (potencializado pelo fato do papel do protagonista caber ao Ben Affleck, que também protagonizou uma cena que gerou um certo auê na interwebs) e não teve jeito, acabei descobrindo o principal plot twist da trama. Acho que foi isso que acabou fazendo eu protelar ainda mais a leitura do livro. Será que a trama de Flynn não perderia todo o seu encanto agora que eu já descobrira o futuro dos personagens? Foi assim, sem esperar muito da trama que iniciei a leitura e Flynn conseguiu me surpreender. Mesmo sabendo a reviravolta que a trama sofreria, a forma como Flynnn conta sua história foi surpreendente. E isso porque a beleza da sua trama não reside no fato de Amy Dunne estar viva ou não, ou Nick Dunne (seu marido) ser inocente ou não. O brilho da sua trama está nos próprios personagens e em como eles se relacionam ao longo da trama. Flynn trabalhou bem as nuances de seus personagens. Não há apenas mocinhos e apenas vilões, eles transitam nessa zona cinza que ora te faz acatar como mais verossímil um, ora outro e que joga muito bem com seus sentimentos. Cumplicidade, cinismo, um fascínio mórbido e incredulidade são alguns dos sentimentos bastante frequentes durante a leitura. Flynn soube manipulá-los e utilizá-los para nos prender à trama até a sua conclusão. Continuar lendo

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Iluminadas (Lauren Beukes)

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“A porta se abre para a escuridão, e por um longo e terrível instante ele fica imóvel diante de todas as possibilidades. E então ele se agacha sob as tábuas, passa a muleta pela brecha de um jeito atrapalhado, e entra na Casa. ”

 Pág 26. ”

Em Chicago no ano de 1931, o andarilho Harper Curtis invade uma casa abandonada que tem uma característica surpreendente: quem entra nela é transportado no tempo. Ele também percebe que de algum jeito já deve ter estado ali, porque nas paredes há nomes de mulheres que ele não conhece grafados em sua própria caligrafia. Além disso, a Casa parece falar com ele, o instigando a caçar e matar as garotas iluminadas, vítimas escolhidas a dedo nas mais diversas épocas no que poderiam ser considerados crimes praticamente perfeitos. Afinal, como rastrear alguém que mata na década de 80, mas que para todos os efeitos vive na década de 30? Apenas alguém que viveu na pele o horror de quase ter sido assassinada, pode ter a tenacidade suficiente, ou melhor a incapacidade de esquecer para persistir na busca de crimes que parecem estar ligados de forma impossível. Esta é Kirby Mazrachi, que em 1989 era para ter sido mais uma das vítimas de Harper. Três anos depois ela não mede esforços para tentar encontrar quem destroçou sua vida e a ajuda vem de Dan, um ex-repórter policial que cobrira seu caso, mas que agora cobre eventos esportivos. Continuar lendo

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O Código do Apocalipse – Adam Blake

A vida de Heather Kennedy estava fora do eixo: seu último emprego não teve o fim que pretendia, e sua vida amorosa estava mais do que problemática. Então, quando um velho amigo a convoca para ajudar com uma investigação, ela não tem muitos motivos para negar.

Seu amigo, Emil Gassan, é o novo responsável pelo acervo armazenado do Museu Britânico, que foi invadido. Aparentemente nada foi roubado, o que torna a invasão ainda mais preocupante aos olhos de Emil, que usa o passado de policial de Kennedy para descobrir o motivo da invasão. Continuar lendo

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Boneco de Neve (Jo Nesbø)

Boneco de neve

A série policial que tem como protagonista o inspetor Harry Hole, começou a ser publicada em 1997 e já conta com dez livros. No Brasil a Editora Record já publicou cinco livros da série, só que eles decidiram (simplesmente não consigo compreender essas decisões editoriais) apresentar o personagem ao público brasileiro pelo terceiro livro da série e não sei nem se há planos deles publicarem os dois primeiros livros (espero que sim!). Em Boneco de Neve, o quinto livro publicado por aqui e o sétimo livro da série, já encontramos um Hole bem calejado e com um passado atormentado, um passado que podemos apenas inferir. Apesar disso, a parte procedural da trama não é afetada por essa falta de conhecimento, Boneco de Neve foi meu primeiro contato com a obra do autor e o romance funciona bem sozinho, podemos até perder fatos da vida de Hole, mas o “caso da vez” está bem completo, não exige conhecimentos prévios e inicia-se e é finalizado nesta obra.

“Em breve virá a primeira neve. E então ele aparecerá outra vez. O boneco de neve. E, quando a neve sumir, ele terá levado alguém consigo. O que deve perguntar é: “Quem fez o boneco de neve? Quem faz bonecos de neve? Quem deu à luz The Murri?”Porque o boneco de neve não sabe.”

Em novembro de 2004, durante a primeira neve do ano a cair na cidade de Oslo, Jonas acorda no meio da noite e percebe que sua mãe não está em casa. No chão há pegadas molhadas e no jardim um boneco de neve envolto com o cachecol de sua mãe e com seus olhos negros voltados para a janela do quarto. No dia seguinte a polícia é acionada e o inspetor Harry Hole é enviado para investigar o ocorrido. E o que se pensava ser apenas uma “ocorrência comum” de desaparecimento atinge maiores proporções, porque Harry está certo de que o caso está relacionado com uma carta que recebeu assinada pelo autointitulado Boneco de Neve, e mesmo com todos seus colegas fazendo chacota por considerarem ele um aficionado em criar serial killers onde eles não existem, Harry segue cavando pistas que o colocam de frente com vários casos similares na última década e que não foram solucionados. E quando o assassino resolve romper seus padrões, Oslo entra em polvorosa com esse monstro à solta, e Hole se vê envolvido em um jogo de gato e rato e que pode ter consequências catastróficas. Continuar lendo

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Um Autor de Quinta #51

Coluna inspirada no Uma Estante de Quinta da Mi Muller do Bibliophile. Pretendemos toda quinta-feira trazer informações, curiosidades e algumas dicas de leituras e afins sobre algum(a) autor(a).

Chris Mooney

Mooney nasceu e cresceu em Lynn, Massachusetts. O autor cursou a Universidade de New Hampshire em Durham. Depois da graduação, ele trabalhou em vários empregos antes de começar a escrever seu primeiro romance. Chris também cursou o programa de mestrado em escrita na Northeastern University de Boston. Seu primeiro livro, Deviant Ways, foi seguido por World Without End e Remembering Sarah, este último foi indicado para os prêmios Barry e Edgar. Chris dá cursos sobre escrita na Escola de Extensão da Harvard e vive em Boston com a esposa e o filho. Seus livros já foram traduzidos para mais de vinte idiomas e o autor está trabalhando nos próximos livros das séries Darby McCormick e Malcolm Fletcher. Continuar lendo

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Ilha do Medo/Paciente 67 (Dennis Lehane)

Não há como negar, Lehane fulgura no rol dos mestres da ficção policial, seja nos livros co-estrelados pelos detetives Kenzie e Gennaro, ou nos fora da série como é o caso de Sobre Meninos e Lobos e Ilha do Medo. O autor consegue imprimir uma atmosfera tão sombria e sufocante em seus livros, com tramas de ritmos tão intensos, que até quando a fórmula utilizada pode ser considerada batida, ele consegue nos deixar ofegantes em muitos momentos e embasbacados em tantos outros.

Em 1954, Teddy Daniels desembarca na ilha Shutter junto com seu novo parceiro Chuck Aule, para investigar a fuga de uma interna do hospital psiquiátrico Ashecliffe para criminosos. E aqui um adendo a bem trabalhada relação entre os dois xerifes. Teddy é o que já passou por tragédias na vida, cético, certeiro e direto em suas perguntas e austero, Chuck por outro lado é dono de uma ironia sarcástica premente. É o primeiro caso dos dois detetives juntos, mas a dupla funciona de forma instantânea, piadinhas, complementação de teorias… Percebe-se claramente que há um compartilhamento tácito de ideias entre os dois, mas tudo de forma bem natural, em nenhum momento parece forçado, já que a estranheza ao novo e o receio entre os fatos desconhecidos entre um e outro também está presente. Continuar lendo

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