
“Se fosse outra pessoa que não Hua, Jeevan não teria acreditado, mas ele nunca havia conhecido um homem com maior capacidade de percepção do que o amigo. Se Hua estava dizendo que havia uma epidemia, então epidemia não era uma palavra forte o suficiente. Jeevan foi esmagado pela repentina certeza de que era aquilo mesmo, a doença que Hua descrevia iria representar uma fronteira entre um antes e um depois, uma linha que cortaria sua vida ao meio. ” (Página 27)
Na Terra imaginada por Mandel, a destruição do mundo começou com uma gripe. E o evento que dá o pontapé inicial nessa catástrofe ocorre em Toronto e não poderia ser mais paradoxal em face a toda a destruição iminente. A morte do ator Arthur Leander durante a encenação de uma peça shakespeariana. Naquela noite, Jeevan um ex-paparazzo em treinamento para se tornar paramédico, tentou salvar Arthur sem sucesso. Kirsten, uma garotinha de oito anos, atriz mirim na companhia, presenciou todo o drama. Dias depois, o mundo se desintegrou: não havia mais cidades, meios de transporte, remédios, internet, países ou força policial. Vinte anos depois reencontramos Kirsten, que agora faz parte da Sinfonia Itinerante, um grupo de artistas (atores e musicistas) que seguem de vilarejo em vilarejo apresentando Shakespeare.
É assim que Mandel delineia o esqueleto de sua história. Com uma narrativa em terceira pessoa e sob múltiplos pontos de vista, ela vai e volta no tempo, enquanto nos reconta a vida de Arthur, suas esposas Miranda e Elizabeth e seu amigo Clark; nos fornece vislumbres do que seria a Estação Onze que inspirou o título do livro e nos mostra como o mundo pós-catástrofe está. Um cenário perturbador, no qual a confiança é artigo de luxo e onde a esperança aliada à loucura faz com que prosaicos e psicóticos líderes apareçam. Continuar lendo









