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Eu, Miep, Escondi a Família de Anne Frank (Miep Gies & Alison Leslie Gold)

“(…) é uma história de pessoas comuns durante uma época terrível e extraordinária. Tempos que espero, de todo o meu coração, que nunca, nunca voltem. Minha história é para que nós, pessoas comuns em todo o mundo, saibamos o que aconteceu e jamais deixemos que isso se repita. ”

(página 10)

O Diário de Anne Frank pode não ser o livro mais lido no mundo, mas o relato pungente da adolescente judia que viveu durante dois anos escondida com a família e amigos em um sótão é mundialmente conhecida e constantemente descoberta por novos leitores. Em Eu, Miep, Escondi a Família de Anne Frank temos a oportunidade de captar nuances do período retratado por Anne Frank, desta vez por um olhar adulto. Não um que esteve acuado no mesmo sótão que Frank, mas que possibilitou que o esconderijo fosse viável e sustentável por um longo período. Que mesmo em sua relativa liberdade se compadeceu pelo cerceio ao que os outros estavam sujeitos e se colocou em risco para ajudá-los. Miep Gies trabalhou como secretária na empresa de Otto Frank (pai de Anne) e ela e seu marido Henk Gies ajudaram a esconder e deram suporte a família Frank de julho de 1942 a agosto de 1944. Continuar lendo

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Os Garotos Dinamarqueses que Desafiaram Hitler (Phillip Hoose)

Durante a Segunda Guerra Mundial, a Dinamarca foi ocupada pelos alemães entre 1940 e 1945. Nos últimos anos a resistência dinamarquesa foi ferrenha. Pertence a eles uma das ações mais emblemáticas da Guerra: a retirada, por barco, da maioria de sua população judaica para a Suécia em 1943, pouco antes das forças alemãs levarem a cabo o projeto de enviá-los para os campos de concentração. Mas, nos primeiros anos o rei e os líderes políticos do país acataram docilmente os alemães na Dinamarca. De apáticos à revolucionários foi um longo caminho e o Clube Churchill teve um importante papel nisso. Um grupo de estudantes dinamarqueses com seus 14, 15 anos que ultrajados com a situação do seu país decidiram se unir e reagir à invasão alemã. Com suas bicicletas e sem um pingo de conhecimento tático, esses garotos influenciaram a história da Dinamarca. Uma história um tanto obscura e que Phillip Hoose traz com uma narrativa fluida e uma trama envolvente.

“Jens e eu, juntamente com nossos amigos mais chegados, tínhamos uma profunda vergonha do nosso governo. Pelo menos, os últimos noruegueses haviam perecido em um país do qual poderiam se orgulhar. Nosso pequeno exército havia cedido às forças alemãs em poucas horas, em 9 de abril. Agora, não havia nenhuma força armada, uniformizada, para nos defender. Ficamos furiosos com nossos líderes. Uma coisa tinha ficado bem clara: agora, qualquer resistência na Dinamarca teria que vir dos cidadãos comuns, não de soldados treinados. ” (Página 26)

Para escrever este livro, Hoose trabalhou diretamente com Knud Pedersen, um dos garotos fundadores do Clube Churchill, que o recebeu em sua casa e compartilhou várias horas de memórias registradas no gravador do autor. O resultado foi uma mistura de ficção e documentário entremeada por notas históricas e pelas memórias de Knud, que funcionou muito bem. Continuar lendo

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Um Banquete Para Hitler (V. S. Alexander)

“Eu, Magda Ritter, fui uma das quinze mulheres que provavam a comida de Hitler. Ele se preocupava obsessivamente com o risco de ser envenenado pelos Aliados ou por traidores.

Depois da guerra, ninguém, exceto meu marido, soube o que fiz. Não falei sobre isso. Não conseguia falar sobre isso. Mas os segredos que eu guardei tantos anos precisam ser libertados de sua prisão interior. Não tenho mais muito tempo de vida. ” (Prólogo, Página 7)

Durante a Segunda Guerra Mundial, Hitler manteve a seus serviços mulheres que atuavam como provadoras. O líder do Nacional-Socialismo se preocupava excessivamente que pudesse ser envenenado e essas mulheres eram usadas como barreiras de proteção. Magda Ritter foi uma dessas mulheres e é sua história que acompanhamos em Um banquete para Hitler. Seu trabalho que a colocou em proximidade com o Führer e, que apesar dos riscos, lhe garantiram uma vida confortável em tempos de guerra; o abrir dos olhos para todo sofrimento impingido pelo regime ao povo; a dor das perdas e a revolta que norteou suas ações derradeiras. Continuar lendo

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Mulheres Sem Nome (Martha Hall Kelly)

Mulheres sem nome surgiu da vontade de Martha Hall Kelly contar a história de Caroline Ferriday e seus feitos históricos. A história de uma filha da nata da sociedade nova-iorquina, ex-debutante, ex-atriz da Broadway e fortemente envolvida nas causas humanitárias, primeiramente com auxílios aos franceses e depois com as mulheres polonesas libertas do campo de Ravensbrück no pós-guerra além é claro de todo o trabalho político no qual acabou envolvida para garantir que as pessoas que cometeram atos terríveis durante a Segunda Guerra Mundial fossem punidas. Para contar essa história, ela concede a narrativa a três mulheres: Caroline e Herta, que realmente existiram, e Kasia, sua criação fictícia livremente baseada em algumas prisioneiras de Ravensbrück. Três mulheres, três narrativas, três caminhos díspares que os acontecimentos históricos fizeram coalescer. Hall Kelly retrata quase duas décadas (do pré ao pós-guerra) de histórias cotidianas, interesses amorosos, perdas e pequenas lutas diárias; e nos dá um baita exercício de empatia e uma ode às mulheres que estabeleceram uma rede de auxílio à outras mulheres nesses tempos tão sombrios. Continuar lendo

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Os Fuzileiros de Sharpe (Bernard Cornwell)

Atenção, esta resenha trata sobre os acontecimentos do sexto livro (ordem cronológica) da série As Aventuras de um Soldado nas Guerras Napoleônicas. Por isso, pode conter spoilers, revelando parte do conteúdo dos livros anteriores. Para saber o que eu e a Mari achamos de outros livros da série, confira os links no final desta resenha.

Depois da caçada a Lavisser, dois anos atrás na Dinamarca, e as dúvidas que fizeram Sharpe quase desistir do exército, ele acabou decidindo retornar ao seu posto de intendente, com a promessa de que não seria deixado para trás quando o regimento viajasse outra vez para a guerra. Agora, ele está na Espanha. Nesse período, a França é senhora de toda a Europa e Napoleão avançou com todas as forças de seu exército imperial sobre a Espanha e Portugal. Com perdas significativas nos dois países, o exército britânico está restrito a esparsos regimentos e muitos soldados almejam retornar para os seus países. Há seis meses Sharpe se junto ao 95° Regimento de Fuzileiros no cargo de intendente é claro, afinal, não é do interesse de ninguém conferir algum poder a um tenente ascendido das fileiras. Se tudo corresse conforme o planejado, caberia a Sharpe apenas gerir as provisões de seu batalhão enquanto ignoraria os esgares e o escárnio de seus companheiros, mas com Sharpe, nada ocorre como o esperado.

Na Espanha, a cavalaria francesa massacra o 95° Regimento, faz de reféns oficiais, fere mortalmente outros e, para infelicidade de todos os fuzileiros sobrevivente, resta apenas Sharpe com a patente requerida para comandá-los.

“(…) Os cinquenta fuzileiros eram inofensivos como os destroços de um naufrágio, e se os franceses soubessem que os fugitivos eram liderados por um intendente, iriam considerá-los ainda mais inócuos.

Mas o intendente lutara contra os franceses pela primeira vez há quinze anos, e continuara lutando desde então. Os fuzileiros perdidos podiam chamá-lo de tenente novato, e podiam até enfatizar a palavra “novato” com o escárnio dos soldados velhos, mas isso era porque não conheciam este homem. Tinham-no como um mero sargento ascendido das fileiras, mas estavam enganados. Ele era um soldado, e seu nome era Richard Sharpe.” (Página 35)

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O Forte – Bernard Cornwell

O Forte

Durante a Guerra da Independência dos EUA, tropas britânicas foram enviadas ao estado de Massachusetts com o objetivo de construir uma fortificação que seria a base da Marinha Real Britânica, para diminuir os ataques de corsários na região. O major McLean leva seus 700 homens a Majabigwaduce e começa a construir o Forte George. Pouco tempo depois, as forças rebeldes do estado se organizam e partem em uma campanha para expulsá-los.

Do lado britânico, além de Mc Lean, temos o —— Mowat e o tenente John Moore, que viria a revolucionar o exército britânico. Os rebeldes contam com Solomon Lovell, Peleg Wadsworth, Dudley Saltonstall e Paul Revere, este último famoso por sua cavalgada noturna avisando da chegada dos ingleses. E logo aprendemos que Lovell e Saltonstall não se dão bem, e que Paul Revere se ressente todos e não gosta de receber ordens.

Após explorar os detalhes de cada uma das campanhas, os dois exércitos estão frente a frente. O que eles vão fazer ficará para sempre registrado nas páginas da história. Este livro é bastante diferente dos outros livros do autor. Aqui, ele foca bastante nos detalhes dos bastidores dos dois lados da batalha, normalmente, sabemos mais ou menos a mesma coisa que o herói (Sharpe, Uhtred, Thomas ou Derfel). Se por um lado os vários nomes possam deixar o leitor confuso, por outro, a não ser que você já saiba quem ganhou, a história retém seu suspense. Continuar lendo

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A Presa de Sharpe (Bernard Cornwell)

Atenção, esta resenha trata sobre os acontecimentos do quinto livro (ordem cronológica) da série As Aventuras de um Soldado nas Guerras Napoleônicas. Por isso, pode conter spoilers, revelando parte do conteúdo dos livros anteriores. Para saber o que eu e a Mari achamos de outros livros da série, confira os links no final desta resenha.

APresadeSharpe

Depois da Batalha de Trafalgar, eu confesso que esperava reencontrar um Sharpe mais feliz. Com algum dinheiro no bolso, uma posição efetiva como soldado nos Fuzileiros e, quem sabe, o amor de Lady Grace. Mas, a leitura deste quinto volume mostrou que se Cornwell pode deixar a vida de seu protagonista árdua e melancólica, ele o irá fazê-lo sem meias medidas. É assim que reencontramos Sharpe em 1807 (dois anos depois de Trafalgar): vagando solitário e sem dinheiro pelas ruas de Londres, desenganado com o amor e cansado de tentar ser um bom soldado e não reconhecerem o seu valor. Será o fim de sua carreira como oficial? Se ele pudesse ter vendido sua patente talvez fosse, mas como até isso lhe foi negado, restou ao acaso o papel de reunir velhos companheiros de batalhas indianas e garantir a Sharpe uma missão. Acompanhar o nobre oficial John Lavisser à Dinamarca. Lavisse irá propor um suborno ao príncipe herdeiro dinamarquês e quem sabe trazer a Dinamarca para o lado inglês e impedir uma guerra. Cabe a Sharpe mantê-lo a salvo dos franceses. Mas, se tem uma coisa que aprendemos com os livros anteriores é que sempre há um traidor e, se ele não é Haskewill (ainda estou me perguntando aonde o bendito foi parar e quando irá dar as caras novamente), será alguém bem próximo a Sharpe. Lavisser é claro, não é muito difícil perceber isso. Sharpe foi escolhido como substituto ao antigo soldado designado para proteger Lavisser e que acabou assassinado, e não demora para o nobre oficial tentar livrar-se de Sharpe também, mas é claro que não dá certo e agora é Sharpe que parte em seu encalço (por toda a Dinamarca) para desmascará-lo e fazê-lo pagar pela traição. Continuar lendo

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Sharpe em Trafalgar (Bernard Cornwell)

Atenção, esta resenha trata sobre os acontecimentos do quarto livro (ordem cronológica) da série As Aventuras de um Soldado nas Guerras Napoleônicas. Por isso, pode conter spoilers, revelando parte do conteúdo dos livros anteriores. Para saber o que eu e a Mari achamos de outros livros da série, confira os links no final desta resenha.

Sharpe-em-Trafalgar

“(…) Sharpe fitou a silhueta negra da torre e mais uma vez desejou que não estivesse partindo. Gostara da Índia, que se revelara um paraíso para guerreiros, príncipes, mercenários e aventureiros. Ali Sharpe encontrara riqueza, lutara em suas colinas e fortalezas antigas, e fora promovido. Na Índia deixava amigos e amantes, e alguns inimigos em suas sepulturas. E estava trocando este lugar pelo quê? Pela Grã-Bretanha, onde ninguém o esperava, e em cujas colinas não cavalgavam aventureiros, e onde tiranos não espreitavam por trás de ameias vermelhas. ” (Página 44)

Depois de exemplares descrições de batalhas em terra, Cornwell pede licença neste para se embrenhar pelos mares e trazer uma batalha naval para o foco da narrativa. Após flechas, arcos, bestas, espadas, escudos, mosquetes e canhões, é chegada a vez dos navios e todo o seu poderio bélico de suas bordadas de artilharia. Depois da batalha da Fortaleza de Gawilghur, o alferes Richard Sharpe foi efetivamente transferido para o batalhão de fuzileiros, o que também significa que ele deixará a Índia, uma viagem bem longa por mar até a Grã-Bretanha. Então, Cornwell que não é bobo, deu um jeitinho de colocar Sharpe em rota por Trafalgar na época da famosa batalha naval, e a sorte de Sharpe que sempre o coloca no lugar certo mesmo nas horas mais impróprias, lhe garante um lugar à bordo de um importante vaso de guerra de setenta e quatro canhões. Junta-se a isso alguns personagens de opiniões bastante contundentes, um comandante que não se apega a títulos e prefere admirar a bravura de um bom soldado à patentes, alguns traidores e a presença ilustre do almirante Horatio Nelson e temos todos os elementos que tornaram Sharpe em Trafalgar um leitura bastante interessante.

O comboio anual de navios britânicos está prestes a partir de Bombaim em direção à Grã-Bretanha. Mas, antes de Sharpe embarcar no Calliope, ele precisa resolver alguns negócios pendentes, afinal, ninguém tenta passar a perna em Richard Sharpe e permanece incólume. E, para sorte de Sharpe, mais do que um acerto de contas, tal ato faz com ele caia nas graças do comandante da Marinha Joel Chase. Cornwell garante assim o estabelecimento de uma amizade que permitirá a reviravolta na situação precária na qual o alferes se encontrará pouco tempo depois. Isso porque o Calliope trouxe tanta sorte quanto azar à Sharpe. No Calliope ele caiu de amores por Lady Grace, a esposa de um figurão político insuportável, e foi “vendido”, pelo capitão do navio, juntamente com toda a tripulação e o tesouro que carregam, para piratas franceses da nau Revenant. E agora, tudo o que Sharpe quer é evitar que suas perdas materiais sejam grandes, proteger Lady Grace e se vingar. E uma ajuda do comandante Joel Chase vem bem a calhar. Chase resgata o Calliope das mãos dos franceses, traz Sharpe para bordo do Pucelle e parte em perseguição ao Revenant. Uma perseguição que acaba indo parar em uma batalha náutica! O Revenant se junta às esquadras francesa e espanhola e o Pucelle se junta à britânica sob o comando da nau capitânia de Nelson. Continuar lendo

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A Outra Rainha – Philippa Gregory

No ano de 1568, Maria “Rainha dos Escoceses” Stuart está na Inglaterra para procurar o apoio de sua prima, Elizabeth I, para reconquistar o trono da Escócia, usurpado por seu meio-irmão, James Stuart. Numa Inglaterra recém convertida ao protestantismo, a presença de uma potencial herdeira católica inspira a parcela da população que não quer abandonar sua fé. Ela também é considerada a rainha ideal pela Igreja Católica e pelos reis católicos da França e Espanha, e eles estão dispostos a apoiar os católicos ingleses a sublevar sua rainha.

Dividida entre querer ajudar sua prima e o medo de ser trocada por ela, Elizabeth pede a seus leais súditos George e Bess (Elizabeth) Talbot que hospedem Maria enquanto ela decide o que fazer com a rainha sem trono. Inicialmente, o casal se sente honrado de receber uma hóspede real. No entanto, os gastos de manter uma hóspede digna e a óbvia atração que George sente por Maria começam a dividir os dois. Continuar lendo

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Pássaro da Tempestade – Conn Iggulden

passaro da tempestade SAIDA curvas

Henrique VI não é o filho que um rei como Henrique V, o vencedor de Azincourt merece. É fraco, frágil e gasta mais tempo rezando do que protegendo seu país e seu povo. Quando uma nova guerra contra a França surge, ele quer que seus conselheiros negociem um armistício, ao invés de lutar. É assim que ele se casa com Margarida de Anjou, sobrinha de Carlos VII, e entrega aos franceses os territórios de Maine e Anjou.

Como era de esperar, os ingleses nesses territórios não aceitam muito bem a notícia de que devem abandonar suas terras, e mitos resolvem ficar e lutar. Na Inglaterra, os altos impostos deixam muitos súditos descontentes, e a vinda dos refigiados da França aumenta seus números. Com a resistência na França, o armistício negociado é descartado e os franceses tomam de volta todos os territórios ingleses, à excessão de Calais.

Descontente, o povo marcha para Londres enquanto os nobres condenam um bode expiatório à morte para tentar aplacá-los, mas o rei o protege – em vão – e o exila. Um rei fraco, uma rainha odiada por seu povo, lordes em busca de poder e uma população descontente: essas são as peças do jogo de xadrez que foi a Guerra das Rosas. Continuar lendo

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