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Um Autor de Quinta #107

Coluna inspirada no Uma Estante de Quinta da Mi Muller do Bibliophile.

Jenny Han

Minha primeira experiência com a escrita de Jenny Han não me fez cair de amores por ela, a trilogia Olho por Olho escrita à quatro mãos com a Siobhan Vivian, apesar de ser cativante em alguns pontos, deixou muito a desejar. Foi sem maiores pretensões que comecei a ler sua obra solo Para todos os garotos que já amei e foi assim que me vi fisgada por seus personagens cativantes, por sua narrativa fluida e por uma trama que torna difícil largar o livro antes de chegar ao final.

A norte-americana Jenny Han nasceu no dia 03 de setembro de 1980 em Richmond na Virginia. Atualmente ela mora no Brooklyn em Nova York. Han cursou a Universidade da Carolina do Norte e posteriormente fez um mestrado em escrita criativa voltada para jovens leitores, na mesma época trabalhou em uma livraria e uma biblioteca voltadas para o público infantil. Trabalhar nesse universo dos romances infanto-juvenis, juvenis e YA sempre foi muito natural para ela. Shug (2006), seu primeiro livro, foi escrito enquanto ela ainda estava na faculdade e é voltado para o público infantil. Em 2009 começou a escrever para o público jovem adulto e desde então não parou mais. Sua trilogia mais recente, Para todos os garotos que já amei, se tornou um sucesso mundial e ganhou uma adaptação feita pela Netflix. E sim, teremos um segundo filme! Continuar lendo

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Branco Como a Neve (Salla Simukka)

Atenção, esta resenha trata sobre os acontecimentos do segundo livro da trilogia Branca de Neve. Por isso, pode conter spoilers, revelando parte do conteúdo do livro anterior. Para saber o que eu achei do primeiro livro, confira os links no final desta resenha.

Depois de se ver envolvida nos negócios da máfia e quase acabar perdendo a vida, Lumikki decide dar um tempo e escapar da Finlândia para aproveitar as férias. Com ela desembarcamos em Praga, mas longe de se ver livre do perigo ela acaba envolvida no misterioso passado de Zelenka, que alega ser sua irmã. Zelenka chega provocando as memórias de Lumikki e com uma vida repleta de restrições junto a pessoas cheias de reservas e com um ar de seita religiosa que não passa despercebido a Lumikki, que após ter um vislumbre da casa onde a pretensa irmã mora fica determinada a desvendar os segredos do lugar antes de ir embora.

“A história de Zelenka era coo uma pela de um quebra-cabeça, que cabia em um lugar que incomodava a vida de Lumikki há mais tempo do que podia se lembrar. Ela sempre soubera, sentira e pressentira que sua família escondia algo. Havia algo grande de que eles não falavam, mas que às vezes invadia os cômodos de tal maneira que se tornava difícil respirar. A tensão do pai. Os olhos tristes da mãe, até mesmo marejados. Discussões, que paravam quando Lumikki chegava.”

(Página 16)

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Darkmouth – Os Caçadores de Lendas (Shane Hegarty)

“A família de Finn era formada por Caçadores de Lendas há tanto tempo quanto havia história a respeito deles. E, enquanto as Lendas continuassem existindo, enquanto continuassem a atacar Darkmouth, sua família seria necessária. Enquanto ele fosse o filho único do único Caçador de Lendas, Finn seria necessário. E, como seu pai seria promovido para o Conselho dos Doze, Finn seria necessário para proteger Darkmouth sozinho.” (Página 32)

Finn tem apenas 12 anos, mas já carrega nos ombros um grande legado. No passado havia vários lugares conhecidos como Vilas Flageladas, onde a barreira entre o mundo dos humanos e o Mundo Infestado, habitado pelas Lendas, era muito tênue. Ao longo dos séculos, inúmeros Caçadores de Lendas ficaram responsáveis por capturar as Lendas que vez ou outra ousaram aparecer nesses lugares. Com o passar do tempo, a situação foi se acalmando e o trabalho dos caçadores não foi mais necessário em muitos lugares. Exceto em Darkmouth, na Irlanda. Ali, ao longo dos séculos a família de Finn ficou incumbida de mantê-los longe e a tarefa nunca terminou. Agora, Finn está destinado a se tornar o último Caçador de Lendas e tomar para si a tarefa de defender Darkmouth depois que o pai se aposentar. O problema é que Finn não leva muito jeito para a tarefa (e nem tem muita vontade de ficar encarregado por ela). O fato do pai constantemente ter de socorrê-lo durante os embates com as Lendas e limpar sua barra quando ele provoca algum incidente na cidade, não contribui para ele ansiar mais por seu legado. Ter pouco apoio dos moradores de Darkmouth, que se ressentem por ali ser o único lugar onde Lendas ainda aparecem e culpam a família de Finn, e sofrer bullying diariamente na escola, é a cereja do bolo. Continuar lendo

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Desintegrados (Neal Shusterman)

Atenção, esta resenha trata dos acontecimentos ocorridos no segundo livro da série Fragmentados, por isso, pode conter spoilers, revelando partes do conteúdo do livro anterior. Para saber o que eu achei do primeiro livro, confira os links no final desta resenha.

 

Nós leitores brasileiros, esperamos longos dois anos pela continuação da série Fragmentados do Neal Shusterman. Mas, isso nem se compara ao enorme tempo de espera que os leitores norte-americanos tiveram de aguardar. Longos cinco anos separam Fragmentados de Desintegrados. A trama bastante coesa e bem finalizada do primeiro volume (que até pode ser lido como sendo uma obra única) pode ter contribuído para deixar a tarefa de escrever uma continuação bastante dificultada. Tantos anos entre os livros também fizeram Shusterman perceber que seria necessário dar um tranco na memória de seus leitores e o prólogo (não oficialmente um prólogo) com o formato de um jogo de perguntas e respostas foi uma sacada inteligente para reavivar a memória de seus leitores.

Em Fragmentados, Shusterman nos apresentou uma Terra futura na qual adolescentes dos 13 aos 18 anos podem ser “abortados” retroativamente, desde que as partes de seus corpos possam “viver” em outras pessoas. Tendo os adolescentes Connor, Risa e Lev como vozes principais, ele nos escancarou as instituições e os grupos de resistência dessa sociedade fragmentadora, não nos poupando nem mesmo dos detalhes mais sórdidos do processo de fragmentação. Após fugas frenéticas e atos julgados como terroristas pelos órgãos governamentais; nos despedimos de Connor, Risa e Lev ainda inteiros. Connor sendo agora o responsável por um dos maiores campos de refugiados fragmentários (o Cemitério); Risa que decidiu permanecer paraplégica em vez de receber uma nova coluna (afinal, é preciso ser leal à causa defendida); e Lev, que primeiro se tornou um símbolo do extremismo rebelde, mas ao longo de sua jornada percebeu o valor da sua vida (inicialmente ele era um dízimo, uma espécie de “fragmentário voluntário”) e das segundas chances. Toda essa batalha culminou em uma lei que limita a fragmentação dos 13 aos 17 anos, mas a ideia de salvar mais jovens da Fragmentação acabou gerando escassez de “peças” que terminou por fomentar o mercado negro de venda de órgãos. Em meio à propaganda maciça das agências governamentais em prol da fragmentação e a caça frenética empreendida pelos piratas de órgãos, Connor precisa lutar para manter o Cemitério em funcionamento, Lev se torna uma espécie de “messias” entre os ex-dízimos resgatados; e Risa será confrontada pelo ápice da tecnologia fragmentária: Cam, um garoto feito inteiramente com as melhores partes de fragmentados. Continuar lendo

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Fogo contra Fogo (Jenny Han & Siobhan Vivian)

Atenção, esta resenha trata dos acontecimentos ocorridos no último livro da trilogia Olho por Olho, por isso, pode conter spoilers, revelando partes dos conteúdos dos livros anteriores. Para saber o que eu achei dos demais livros, confira os links no final desta resenha.

 

Com muitas páginas a menos do que Dente por Dente, e mesmo em meio ao luto que permeia toda a primeira parte da trama, Fogo contra Fogo entrega uma narrativa fluida e ágil que lembra muito à do primeiro livro. Nele Han e Vivian enfocaram mais os sentimentos e os relacionamentos de seus personagens. A culpa e o luto que caminham de mãos dadas. A paixão, o ciúme e a amizade, relações que surgem justamente entre quem já esperávamos, mas também entre quem nem cogitávamos. Tudo isso envolto em uma camada de romance sobrenatural que prenuncia tragédia desde o começo.

Dente por Dente terminou em tragédia. Os acontecimentos serviram para que Mary finalmente percebesse a verdade sobre si mesma (ainda que Kat e Lillia nem desconfiem) e para as coisas na Ilha Jar desandarem de vez. Rennie morreu e o luto abateu-se sobre a escola. Kat lida com a tristeza da perda daquela que durante muito tempo fora sua melhor amiga. Lillia lida com a culpa de seu breve relacionamento com Reeve. E Mary, após descobrir do que é capaz e percebendo que está presa à Ilha Jar, decide se tornar uma espécie de anjo vingador dos oprimidos da ilha, enquanto alça seus planos de vingança à novos patamares. Continuar lendo

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Sussurros do País das Maravilhas (A. G. Howard)

Atenção, esta resenha trata dos acontecimentos ocorridos no livro extra da trilogia Splintered, por isso, pode conter spoilers, revelando partes dos conteúdos dos livros anteriores. Para saber o que eu achei dos demais livros, confira os links no final desta resenha.

 

Não há dúvidas de que a trilogia repleta de seres insanos, dramas familiares e romance criada por Howard angariou muitos fãs. E, como boa fã daqueles que a inspiraram nessa jornada (Lewis Carroll e Tim Burton) e motivada por seu apego aos personagens que criou Howard não conseguiu dar um adeus definitivo ao País das Maravilhas em Qualquer Outro Lugar. Ainda havia histórias sussurrando em seu ouvido para serem libertadas. Revisitando detalhes do início, do meio e do fim dessa história, Howard nos fornece mais informações sobre alguns personagens importantes da trama e traz um conto que merecia ter entrado como epílogo no último volume da trilogia. Continuar lendo

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Qualquer Outro Lugar (A. G. Howard)

Atenção, esta resenha trata dos acontecimentos ocorridos no último livro da trilogia Splintered, por isso, pode conter spoilers, revelando partes dos conteúdos dos livros anteriores. Para saber o que eu achei dos demais livros, confira os links no final desta resenha.

 

É chegada a hora de dizer adeus ao mundo psicodélico de Carroll revisitado com muita propriedade por Howard. Se no primeiro livro vivenciamos a descoberta do País das Maravilhas, de toda a efervescência dos seres intraterrenos e dos sentimentos de Alyssa e Jeb, e no segundo pudemos conhecer Morfeu (ser intraterreno mais exasperante que ele não há) mais a fundo e perceber que há um novo caminho que Alyssa poderá seguir (e até torcemos por essa escolha em vários momentos); agora Howard nos entrega mais do histórico familiar de Alyssa e nos dá outras facetas de Jeb e Morfeu para explorar enquanto nos deixa ansiosos (e ao mesmo tempo temerosos) pelo final que se aproxima.

Atrás do Espelho terminou com um episódio dramático que confinou Alison (a mãe de Alyssa) ao País das Maravilhas e enviou Jeb e Morfeu para Qualquer Outro Lugar, o mundo no qual as criaturas exiladas do País das Maravilhas são mantidas presas. Alyssa ficou para trás, com a fama de louca que durante muito tempo manteve sua mãe em um hospital psiquiátrico, e, para poder ir atrás de sua mãe, Jeb e Morfeu ela finalmente terá de contar a verdade sobre sua herança materna ao pai e devolver a ele o passado que lhe fora roubado quando ele ainda criança acabou refém da Irmã Dois no País das Maravilhas. Só assim ela poderá resgatar a confiança do pai novamente e contar com a ajuda necessária para ir até a Qualquer Outro Lugar resgatar Jeb e Morfeu e dali partir para o País das Maravilhas que está condenado desde que a Toca do Coelho fora destruída. Continuar lendo

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Leia Mulheres: Aventura

 

As autoras indicadas hoje poderiam também estar presentes naquela lista de escritoras de fantasia, seja por terem criados novos mundos ou feito a fantasia encontrar a realidade. Mas, estas autoras também criaram histórias nas quais seus personagens são colocados em situações perigosas, são convidados a desbravar novos lugares, encontrarem sua coragem interior e lutarem para superarem os percalços, derrotarem um vilão, ou simplesmente superarem o medo. Os livros de aventura, como são conhecidos, são bem difundidos na literatura para crianças e jovens e dentre as autoras aqui citadas há aquelas já bem conhecidas por esse público e outras que são mais conhecidas por seus livros direcionados ao público adulto, mas que também tem ótimos livros de aventura direcionados ao público mais jovem. Continuar lendo

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Caraval (Stephanie Garber)

Caraval é um lugar mágico e é também um jogo. Mestre Lenda do Caraval, o responsável pela empreitada, antigamente levava seu mágico espetáculo por todo o Império e suas ilhas conquistadas. Mas, após misteriosos eventos que culminaram na morte de uma mulher que participava do jogo, Mestre Lenda restringiu os espetáculos à sua ilha particular e conseguir um convite para participar não é fácil.

As irmãs Scarlett e Donatella vivem na pequena ilha de Trisda, governada por seu cruel e poderoso pai, o Governador Dragna. Desde pequena Scarlett sonha conhecer o Mestre Lenda e começou a enviar cartas para ele aos dez anos de idade. Sete anos depois, a garota agora já de casamento marcado (arranjado pelo pai) envia uma última carta, de despedida. E é claro que dessa vez ela tem sua resposta e com direito a convites para que ela e Donatella participem do Caraval. Mas, ir ao Caraval pode colocar o casamento de Scarlett em risco, e, mesmo que ele tenha sido engendrado por seu pai, ela enxerga nele a chance de salvar a si e sua irmã faz garras sádicas do pai. Mas, Donatella é da opinião de que o risco é válido e de que elas podem escapar do pai por si mesmas e de quebra, conhecer o mágico e misterioso Caraval. Ao aportarem na ilha de Caraval, Donatella desaparece e Scarlett precisa encontrá-la o mais rápido possível. Mas, para isso ela terá de jogar o Caraval. Ela terá apenas cinco noites para encontrar sua irmã e vencer essa jornada. Continuar lendo

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Leia Mulheres: Fantasia

Olha mais uma coluna precisando ser resgatada das camadas de pó…

Vamos ver se agora eu consigo mantê-la atualizada. Desta vez vamos falar sobre mulheres e fantasia. Quando falamos em livros de fantasia é comum nos atermos aos nomes de autores masculinos, ou porque eles têm maior visibilidade e um histórico mais antigo de publicação ou porque, infelizmente, algumas pessoas associam fantasia de qualidade à autores masculinos como se as mulheres não pudessem produzir excelentes obras também (xô preconceito!). A lista de autoras que se enveredam pelo mundo das palavras e criam mundos e personagens fantásticos não é pequena, mas hoje trago apenas uma pequena contribuição. Cinco autoras que merecem ser conhecidas por quem gosta do gênero. Já aviso de antemão que a ausência da Ursula K Le Guin é proposital (afinal, se Tolkien é considerado o pai da fantasia, Le Guin bem pode ser a matriarca), mas é que eu guardei ela para a lista de sci-fi!

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