
Em Lily, uma pacata cidadezinha do Arkansas conhecemos o protagonista narrador dessa história. Cullen Witter tem 17 anos, é adepto do sarcasmo, frequentemente tendo a si mesmo como alvo, não é muito sociável, não tem muitos amigos na escola, sofre com a profusão dos estereótipos que encontram terreno fértil nos corredores escolares, tem uma fixação por zumbis, com os quais vive devaneando até nas horas mais impróprias, trabalha em uma loja de conveniência que vive vazia a maior parte do tempo, nutre uma paixão platônica por uma das beldades da escola e não suporta a estagnação que parece ser o único estado conhecido por sua cidade.
Essencialmente, Cullen é um deprimido. Não que ele seja depressivo, mas no sentido de ter uma visão pessimista da vida e gostar disso. Suas poucas alegrias? Colecionar títulos para os futuros livros que pretende escrever, a amizade anacrônica com Lucas Cader, um dos mais adorados do ensino médio, e o irmão mais novo Gabriel, de que Cullen é um dos maiores admiradores. E isso transparece no texto, afinal é pela visão de Cullen que conhecemos Gabriel, e ela pinta um garoto de quinze anos bastante reflexivo de maduro para a idade, imune às preocupações da adolescência e responsável por injetar otimismo na vida do irmão e da família Witter. Então, quando Gabriel misteriosamente desaparece sem deixar vestígios, a família Witter fica abalada e Cullen se vê às voltas com as agruras de enfrentar um mundo sem Gabriel ao mesmo tempo que luta para não perder as esperanças. O ruim é que nessa mesma época um obcecado observador de pássaros coloca a pequena Lily em alvoroço com a informação de que um pica-pau considerado extinto há 60 anos foi avistado ali e isso tira toda a atenção do desaparecimento de Gabriel… Continuar lendo →