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A História de Shuggie Bain (Douglas Stuart)

A história se passa na Glasgow dos anos 1980 e 1990, quando a depressão econômica fechou fábricas, estaleiros, carvoarias, deixando à própria sorte a vasta classe trabalhadora da cidade. O romance com traços autobiográficos traz como tema principal a parentalização infantil, que ocorre quando o filho passa a se encarregar das funções parentais conforme entendidas no contexto sociocultural e histórico em que ele vive. É esse papel que Shuggie Bain, o protagonista desta história, teve de assumir ainda na tenra infância. Ao mesmo tempo que teve que lidar sozinho com as diferenças que ele via entre ele e as outras crianças de sua idade e todos os abusos que sofreu advindos disso.

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Pessoas Normais (Sally Rooney)

Peguei Pessoas Normais para ler por causa do hype envolvendo a adaptação da obra para a série televisiva: Normal People. Mas, Sally Rooney me surpreendeu de forma positiva pela forma como conseguiu criar personagens tangíveis e que ressoam tanto no eu do leitor. Quer seja Marianne com sua baixa estima que lhe faz achar que tudo o que lhe acontece de ruim ela merece, ou Connell que por falta de crença em seu potencial, não acredita que algo de bom possa lhe acontecer. Dois mundos, de classes sociais distintas, que se entrechocam no ensino médio e seguem se esbarrando na vida adulta. Uma história de amor conturbada, fragmentada pelas inseguranças e pelas espirais de autodestruição em que ambos se jogam.

Marianne é considerada a nerd esquisita da escola. Ela é a garota que passa os intervalos sozinha, lendo, não tem amigos e parece não fazer questão de cultivá-los, vestindo um ar blasé como uma armadura para manter as pessoas longe. Connell, por outro lado, é o garoto popular, astro do time de futebol, o cara que faz sucesso entre as garotas e vive rodeado de amigos. Talvez Marianne e Connell nunca tivessem travado conhecimento um do outro, se a mãe do garoto não trabalhasse como empregada na casa de Marianne. E é ali, no habitat de Marianne que ela e Connell começam a travar conversas e desenvolvem uma relação, enquanto na escola fingem não se conhecer. Um relacionamento pautado pela opinião dos outros. Connell e o medo que o seu relacionamento com a esquisita da escola prejudique a sua popularidade. Marianne e sua tendência a aceitar quaisquer migalhas que lhe ofereçam. É receita de desastre na certa. Continuar lendo

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